Capítulo 7 Entardecer

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Roxie e Ikún

Roxie passou o resto do dia confusa, vagando pelo bosque indo ao encontro de todos os animais que conseguia encontrar, assegurando-se de que tudo estava bem. Ser a guardiã era tudo que ela conhecia.

O fim do dia vai se aproximando e as palavras de Alec'Sei não faziam mais sentido do que antes.

— Mest... Alec'Sei parecia preocupado comigo, tenho certeza que ele quer meu bem. — Encara um esquilo que come uma noz no galho à sua frente — Certo? Certo!

Ela observa o sol se pondo no horizonte.

— Maaass se eu só espiar de longe, nada de mal vai acontecer! Tenho certeza disso! — o esquilo fica encarando a fada, ainda com a noz na boca — Não me olhe assim, eu vou ser discreta.

E ela vai à procura do feérico misterioso.

(¯'*•.¸ƸӜƷ¸.•*'¯)

Ikún desperta em um bosque mais silencioso que o de costume, o silêncio da noite não o incomodava, pelo contrário, sempre o acalmou. Ele gostava do inverno, pois as estrelas surgiam enquanto ainda tinha alguns minutos de sol e ele podia saciar sua saudade da luz.

Ele sabia que poucos eram os dias até que ele fosse chamado ao fronte de batalha para que Maya, Roxie e ele ajudassem os centauros... Roxie... a mera menção desse nome lhe trazia conforto e o familiar cheiro de flores do bosque, mas ele não entendia o porquê.

— Então você continuou aqui, fico feliz de ver um rosto familiar. — Ikún diz ao grande lobo cinzento deitado próximo da árvore onde Ikún estava escorado.

Âmbar se levanta e aproxima de Ikún, tocando sua mão com seu focinho molhado.

— Você parece melhor, mais forte, mas agora com os animais do bosque indo embora vai ser mais difícil se alimentar, você deveria ter ido junto da Rainha.

O lobo apenas lambe a mão de Ikún.

— Você realmente é um amigo legal.

A atenção dos dois é roubada por uma fada de cabelos coloridos que cai de cima de uma árvore quando um galho se quebra.

— Aiii! Quem disse que amoras não engordam me enganou! — Exclama Roxie.

— Você está bem? — Ikún pergunta se aproximando dela, já estendendo a mão para ajudá-la — Por que não usou suas asas?

— Parece uma boa ideia, que não me veio à mente no calor do momento, mas pera aí... — ela nota que está falando com a pessoa misteriosa que Alec'Sei disse para ela ficar longe — Quem é você?! O que faz se esgueirando pelas sombras??

— Você literalmente era a pessoa se esgueirando nas sombras aqui — ele sorri e a ajuda a se levantar —, meu nome é Ikún, e o seu?

— Ikún, então? — a fada de cabelos verdes no mesmo momento se afasta dele — Estranho que não me conheça, sou a guardiã desse bosque, Roxie!

"Roxie? Ela? Porque ela me lembra de uma tarde ensolarada, cheiro de flores e... felicidade?"

— Ficou impressionado, não é mesmo? — diz Roxie estufando o peito, mas rapidamente dá um passo para trás quando ele volta a lhe encarar — Não chegue perto, Mest... Alec'Sei me avisou sobre suas artimanhas e...

"Ele tem olhos tão lindos... Roxie! Se recomponha, garota!"

— E eu não vou cair nelas! — completa a fada.

— Eu não sei o que Alec'Sei disse, mas tenho certeza que ele exagerou.

— Mestre Alec'Sei para você! E ele nunca mentiria para mim, Ikún! — diz seu nome quase como se fosse um insulto.

— Seus cabelos estão mudando de cor? — observa Ikún ao ver o cabelo de Roxie ir do verde ao vermelho — Quer saber, eu também sou um guardião desse bosque, Maya e Alec'Sei me conhecem e podem tirar qualquer dúvida assim que os encontrarmos no fronte de batalha.

— Meus cabelos mudam, lide com isso! E que história é essa de fronte de batalha?

— Vamos ajudar Maya no fronte de batalha, precisamos atrasar as tropas humanas para que os centauros possam recuar suas famílias em segurança. — Explica Ikún, confuso pelo fato dela não saber de algo assim, seria tão distraída a esse ponto? — Você é realmente a guardiã Roxie? Realmente pode ajudar Maya em batalha?

— Já está decidido que você é a pessoa suspeita aqui! É claro que eu sou Roxie e tenho todos os poderes de guardiã — diz, seguido de um bocejo — Gostaria de uma demonstração? — diz com ar desafiador.

Ikún troca um olhar com Âmbar e volta a encarar a fada de cabelos vermelhos radiantes. A luz dela misturada com o céu alaranjado do pôr do sol lhe traz uma sensação de nostalgia e paz.

— Seus olhos... eles também mudam de cor.

— Vai implicar com meus olhos agora, também?

— Não, eles são lindos. — Ikún apenas solta as palavras sem pensar.

"Porque essa frase simples mexe tanto comigo?"

— Artimanha!!! Era disso que Mestre Alec'Sei estava falando! Não vai me fazer baixar a guarda.

Ikún não segura o riso, o que faz Roxie ficar furiosamente fofa.

— Você é sempre assim? — Ikún pergunta, recuperando o fôlego — como eu disse, Alec'Sei deve ter exagerado.

— Sou sempre honesta, se é isso que está perguntando.

— Bem, eu também, seus olhos são realmente lindos e você realmente é divertida de uma maneira fascinante. Por que eu sinto que já nos conhecemos? Sempre que Maya lhe cita, seu cheiro me vem à mente.

— Meu... cheiro?! Eu sabia, tu é apenas um pervertido! Xô! Xô! — Diz Roxie tentando controlar a vergonha da situação.

— Você que estava me espiando escondida, se eu não me engano.

— Detalhe. — diz cruzando os braços — Mas realmente, tem algo familiar em você, nesses seus olhos negros profundos... e sem graça!

"Roxie, porque está sendo infantil assim? O que está acontecendo? Roxie, porque hostilizar e provocar Ikún daquela maneira, claro que ele estava sendo rude e inapropriado, mas nem de longe seus olhos são sem graça, ou suas asas negras com detalhes púrpuras que criam contraste com sua pele clara e músculos bem defini.... aaaaaaaaaaa, calma Roxie!" — Pensava a pequena e confusa fada.

Ikún e Âmbar apenas observavam a crise existencial da fada, que parecia perdida em seus pensamentos.

— Roxie? Você está bem?

— Eu? Sim, estou. — o sono do fim do dia quase a fazia dormir ali mesmo — Você pode ter vencido por hoje, mas amanhã continuamos.

Roxie desaparece com o último raio de sol e sua essência volta ao fundo do bosque.

— Eu... venci? — Pergunta a Âmbar, que a essa altura já farejava o que caçar essa noite — OK, certo, você precisa caçar para se alimentar, hoje vou te acompanhar, eu realmente preciso me distrair.

Ikún e Âmbar vão para o fundo do bosque, na direção para onde a energia de Roxie havia retornado, não era o lugar onde o lobo costumava caçar, mas a curiosidade de Ikún tinha se tornado maior que qualquer coisa nesse momento.

— Esta árvore — diz tocando um grande carvalho — a energia dela repousa aqui, agora as bolotas que Maya estava levando ao fronte de batalha fazem mais sentido.

O estômago do lobo pôde ser ouvido pelo feérico, que balança a cabeça positivamente.

— Entendi, eu só precisava saber disso antes, vamos, essa não é nossa última caçada!

Crônicas de Albaran: Amor de Fadas e Sombras (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora