Capítulo 19

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Ei, tava aqui esperando MasterChef começar e resolvi soltar mais um capítulo...

🌻

— Sério, Sofi? — Olhei incerta para meu reflexo no espelho grande que mostrava meu corpo inteiro. — Eu não estou nem um pouco a fim de me parecer com uma... uma...

— Garota gostosa? — ela emendou e continuou arrumando meu rabo de cavalo. Não sei o que ela estava fazendo, mas afirmava que era para deixar o penteado um pouco mais arrojado.

— Tipo isso.

— Bem, querida irmã... você é uma garota gostosa. O único problema é que sempre foi muito tapada para enxergar esse potencial todo que Deus lhe deu. — ela puxou mais algumas mechas. — Fomos agraciadas com os bons genes de mamãe... Por que não usá-los?

— Por que isso parece frívolo pra caralho? — minha pergunta era retórica. Claro que ela entendeu e deu um puxão mais forte em meus cabelos. — Ai!

— Olha... eu fiz questão de fazer você se vestir de uma maneira casual, porém despojada e no estilo "sou gostosa e não faço ideia"... — a louca disse. — E você realmente faz jus ao jargão.

Olhei meu reflexo e o que via me assustava tanto quanto me deixava envaidecida. Aquela era realmente eu? Eu tinha plena noção de que me escondia por baixo de roupas insossas no intuito de não ser notada de maneira alguma.

Eu preferia ser uma pessoa que passasse totalmente despercebida em um ambiente escolar. Ou qualquer outro. O engraçado é que me esconder por baixo de tecidos e roupas não significava única e exclusivamente que os mesmos fossem feios ou disformes. A atitude da pessoa que vestia determinada roupa é que denotava todo o conjunto.

Então, uma pessoa extremamente confiante e que gostasse de se relacionar com pessoas, poderia estar usando um jeans qualquer e uma blusa sem muitos detalhes, mas ainda assim parecer completamente estonteante. As roupas simples não a faziam simples. A atitude dela em relação a si mesma é que comandava o show.

Dessa forma, lá estava eu, me olhando, vestida em meus casuais jeans surrados, porém um pouco mais apertados que o normal. É claro que aqueles jeans pertenciam a Sofi, ou então foram meus em um século passado. Talvez. Uma simples blusa preta, meio caída em um ombro, completava o visual. Eu usava os mesmos tênis que amava. Converses pretos e surrados. Mas o que me tornava tão diferente do que eu estava acostumada a ver todos os dias?

Sofi colocara um colar prateado bacana que sobressaía sobre a blusa preta sem estampas, e um par de brincos simples, porém eficazes. Como meus cabelos estavam presos, os brincos acabaram realmente fazendo uma aparição interessante. Girei a cabeça e me encantei com a forma como Sofi havia amarrado minha juba. O castanho que eu enxergava sem graça e sem atrativo algum agora brilhava e parecia hipermacio e sedoso. Em vez de um rabo de cavalo simples e com os fios indomáveis, eles agora ostentavam umas ondas lindas que deram todo um charme ao penteado.

Como não era uma festa, Sofi permitiu que meu rosto ficasse isento de produtos químicos, embora ela tenha me obrigado a passar um batom um pouco mais vivo. E, obviamente, não poderia deixar de borrifar atrás das orelhas o perfume que eu mantinha encostado na penteadeira. Embora eu quase nunca o usasse, também não deixava que ela passasse a mão. Minha alegação era que cada uma de nós deveria ter seu próprio cheiro. Por exemplo, se eu usasse aquele determinado perfume para um caso hipotético de fazer minha namorada recordar-se sempre de mim, à medida que eu emprestasse "minha essência" para ela, minha namorada sentiria meu cheiro em outra garota. Esse pensamento era desconcertante e irritante ao mesmo tempo.

CamilaOnde histórias criam vida. Descubra agora