Uma Dança

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Gizelly POV

Gizelly mal ouviu o conto de Joaquim sobre como fazer seu próprio chocolate quente com Bia. Ela estava muito focada em seu batimento cardíaco martelando. Foi só um beijo. E não foi o nosso primeiro. Está tudo bem. Foi apenas para que Joaquim pudesse ver. Foi só... um beijo.

Beijar Marcela foi a coisa certa a fazer. Quem sabia o que ela teria dito ou feito? A Sra. Mc Gowan tinha que acreditar que Marcela estava mudando. Se ela tivesse perdido o controle, todo o plano delas estaria em risco.

"Olá, Bruno." Marcela parou na frente de um homem com cabelos grisalhos e soltou a mão de Gizelly, que estava queimando pelo simples toque. "Como vai você?"

"Marcela! Eu nunca estive melhor." Bruno deu a loira um abraço de urso. "Faz um tempo que não nos vemos." Ele a soltou e sorriu para Gizelly. "E quem nós temos aqui?"

Gizelly deu-lhe a mão. "Gizelly Bicalho, senhor. Eu sou parceira de Marcela."

"Não me chame de 'senhor', ou eu acho que meu pai está atrás de mim." Sua mão enorme estava coberta de calos, mostrando a Gizelly que ele não era um estranho para o trabalho físico duro. "E, pelo que entendi, somos quase familiares, então você pode me chamar de Bruno."

Ela piscou. Já era difícil acreditar que Bianca fizesse parte da mesma família que a avó de Marcela, mas Bruno? "Eu gostaria disso, Bruno. Por favor, me chame de Gizelly."

Ele assentiu e soltou a mão dela. Sorrindo para Joaquim, ele perguntou: "E quem é você?"

"Eu sou Joaquim."

"Esse é meu filho."

"Eu deveria ter adivinhado. Vocês realmente se parecem." Bruno despenteou o cabelo de Joaquim e depois se virou para Marcela. "Vocês querem falar com a minha Mônica, hein?" Ele se moveu para o lado, e a poucos metros atrás dele a mulher se fez aparente.

Mônica tinha cabelos iluminados na altura dos ombros. Ela não usava nenhuma maquiagem, o que tornava possível ver suas inúmeras sardas mesmo à luz fraca. Se não fosse pelas poucas rugas ao redor dos olhos, ela poderia facilmente ter sido confundida com a irmã mais velha de Bianca.

"Mônica." Marcela abriu os braços. "Feliz Aniversário!"

Com um abafado "ufa", a mãe de Bianca foi envolvida em um abraço apertado.

"Obrigada, bichinha. E obrigado por ajudar com a reforma."

Bichinha? Então foi aí que Marcela obteve seu apelido para Joaquim. Mas de que tipo de reforma ela estava falando?

"Foi um prazer." A loira deu um passo para trás, mas manteve um braço ao redor de Mônica. "Bia me disse que o carro parece ótimo."

"Ótimo? O carro é um sonho. E sem a sua contribuição financeira, poderia ter levado Bruno muitos meses ou mesmo anos para consertá-lo. Eu nunca teria pensado que jamais dirigiria um Corvette 57 sozinha." Sobre o ombro de Marcela, a mãe de Bia sorriu para ela. "E você é a mulher que conseguiu conquistar o coração de Marcela." Ela cutucou a loira. "O que você está esperando? Nos apresente."

"Gizelly, Joaquim, esta é a mãe da Bia, Mônica."

Gizelly queria dar a mão a mulher, mas a mãe de Bianca se adiantou e passou os braços em torno dela.

"Eu conheço Donna, então tenho certeza que ela não te deu boas-vindas à família. Deixe-me ser a primeiro a fazer isso." Ainda se segurando em Gizelly, ela se inclinou para trás para encontrar seu olhar. "Ou Bianca já fez isso?"

"Eu, hum... não, ela não fez. Obrigada, senhora."

"Deus me livre, é Mônica." Mais calmamente, ela acrescentou: "Senhora é a mulher sempre mal-humorada ali." Ela apontou para a avó de Marcela em pé no bar, drenando um copo de uísque se a cor de sua bebida fosse qualquer indicação.

Gizelly sorriu para Mônica. Era difícil falar com a mãe de Bianca, mas ela gostou dela de qualquer maneira.

Mônica se agachou na frente de Joaquim. "Olá."

Joaquim olhou para Gizelly como se não tivesse certeza de como responder. Quando ela acenou para ele, ele empurrou a mão em sua direção. "Oi eu sou Joaquim. Você é minha tia falsa também, como tia Bia?"

Mônica acabara de pegar a mão dele. Agora, seu queixo caiu. "Tia falsa?"

Gizelly deu um passo atrás de Joaquim e colocou as mãos nos ombros dele. "Jo-"

Mônica acenou para ela. "Eu tenho que admitir que ninguém nunca me chamou assim", disse ela pensativa. "Então, você está chamando a Bia de tia?" Ela soltou a mão dele.

Joaquim assentiu e se aproximou. "Sim, mas ela não é realmente minha tia", disse ele em uma voz conspiratória.

"Ah, agora eu entendo." Ela esfregou o queixo. "Bem, nesse caso, você pode me chamar de tia e Bruno de tio, se quiser." Imitando sua voz conspiratória anterior, ela acrescentou: "Mas talvez possamos deixar de fora a parte 'falsa'."

"Legal! Eu ganhei um tio também." Ele vislumbrou Bruno, que estava perto, conversando com uma mulher idosa. No grito de Joaquim, ele olhou e sorriu antes de voltar à sua conversa.

Mônica ficou de pé. "Ótimo. Então agora que as apresentações foram atendidas, temos que fazer Bia dançar com alguém."

Mônica não sabia que Bianca estava interessada em uma mulher que trabalhava para o pai dela? Quando Marcela disse a ela, ela fez parecer que todo mundo sabia. Bem, todo mundo menos a moça em questão. Onde estava a paixão de Bia? Ela não deveria estar aqui?

"Hum, sim, boa ideia", disse Marcela. "Eu vou direto ao assunto. Talvez ela queira dançar comigo."

Mônica colocou as mãos nos quadris. "Muito engraçado, bichinha. Você sabe exatamente o que eu quis dizer. Além disso, você não deveria dançar com Gizelly?"

Ela puxou Joaquim para mais perto. "Está tudo bem. Tenho que ficar de olho nele."

"Eu posso fazer isso", Bianca se arrastou, tropeçando em direção a eles.

"Não, obrigada", disse Gizelly. Ela gostava de Bia, mas de jeito nenhum permitiria que uma pessoa obviamente bêbada, cuidasse de seu filho.

"Bianca, você está bêbada?" Mônica perguntou em um tom mais preocupado do que desaprovador.

"Eu só bebi um pouco demais com um... estômago vazio, mãe."

"Todos nós deveríamos nos sentar", ofereceu Gizelly. "Se você quiser, eu posso trazer algo para você comer ou tomar um café."

Bianca acenou para ela e quase a acertou no processo. "Oh, desculpe. Não, tudo bem. Dance com Marcela." Ela quase caiu quando se inclinou para a frente para sussurrar algo no ouvido da loira.

Marcela assentiu com o que Bia disse a ela.

"Divirtam-se, vocês duas." Mônica despenteou a cabeça de Joaquim. "Vou ficar de olho no anjinho."

Gizelly sacudiu a cabeça. "Isso é legal da sua parte, mas eu prefiro-"

"Obrigada, Mônica", disse Marcela. "Nós realmente apreciamos isso."

Gizelly olhou para ela. "Queremos dançar?"

"Nós queremos."

Por que Marcela de repente estava tão interessada em dançar? Tem que haver um motivo. Hesitante, ela soltou Joaquim. "Tudo certo. Joaquim, está tudo bem pra você?"

"Que tal nos arranjarmos um milkshake?" Mônica perguntou.

"Sim!" Joaquim jogou um punho no ar.

"Nós estaremos lá se você precisar de nós." Gizelly apontou para o canto onde a mesa de bilhar geralmente ficava.

Marcela pegou a mão dela e puxou-a para a pista de dança. Seus dedos quentes envolvendo Gizelly, meio que a distraíam, mas ela tentou ignorá-lo.

"Apenas um milkshake", ela disse por cima do ombro para Mônica. "Ele já tomou um chocolate quente."

Gizelly voltou-se para Marcela. "Por que estamos dançando?"

A loira a puxou para mais perto e envolveu um braço ao redor de sua cintura. Mesmo através do material de seu vestido, a mão quente de Marcela causou arrepios.

"Temos que verificar a namoradinha da Bia. Bi me disse que ela apenas a viu flertando com um homem."

"Então a moça dela não curte mulheres?"

"Vamos descobrir." Marcela sorriu e algo no estômago de Gizelly caiu.

Ela limpou a garganta. "Por que temos que dançar para isso? Eu não sei dançar."

"Ela está de pé ao lado da pista de dança, e eu queria tomar meu tempo para observá-la."

"Por que não vamos e...?"

"É uma música lenta. Apenas continue tão linda como você está agora, e eu farei o resto."

Ela tentou ignorar a sensação calorosa que o elogio casual de Marcela havia causado.

(...)

Marcela puxou Gizelly ainda mais para perto e seus corpos se tocaram ao longo de seus comprimentos.

O toque suave, mas firme, fez as pernas de Gizelly parecerem macarrão cozido demais. Ignorando sua reação física, ela colocou a mão no ombro da loira.

Marcela estendeu a mão sobre a cintura dela como se quisesse tocar o máximo possível de Gizelly, ou como se quisesse assegurar que a conduzia efetivamente pela pista de dança, dada a inexperiência da morena. "Está tudo bem para você, eu te abraçar assim?"

Seus olhares se encontraram.

Estar tão perto de Marcela fez sua cabeça girar, mas ela assentiu mesmo assim. Sua reação tinha que ser porque Joaquim provavelmente estava assistindo. Ou o quê mais?

Os olhos de Marcela penetraram nela como se ela pudesse ver em sua alma. A boca de Gizelly ficou seca. Mesmo que ela quisesse, ela teria sido incapaz de romper o contato. Era como se a loira a tivesse hipnotizado.

Apenas separada por alguns pedaços finos de tecido, Gizelly podia sentir o coração de Marcela batendo tão descontroladamente quanto o dela. Lentamente, elas começaram a balançar no ritmo da música. Era mais um movimento de balançar abraçadas do que dançar.

Os seios de Marcela estavam subindo e descendo em rápida sucessão. Não parecia ameaçador ou desconfortável. Mas causou um calor profundo em Gizelly, que afugentou todos os pensamentos.

Seus olhos se fecharam quando ela inclinou a cabeça no ombro de Marcela. Elas continuaram balançando em um ritmo lento, perdendo-se na música suave. Foi incrivelmente pacífico. Mas havia também algo mais que ela não conseguia identificar.

Quando Marcela apertou sua cintura, Gizelly olhou para ela. A loira sorriu timidamente para ela.

Aqueles lábios.

Quando Marcela se inclinou, Gizelly prendeu a respiração.

Mas em vez de beijá-la, ela sussurrou no ouvido de Gizelly: "Eu posso vê-la agora."

"Hã?"

Por um segundo, ela achou que podia ver nos olhos de Marcela a mesma confusão que sentia antes da loira dizer com voz rouca: "A paixão de Bianca. Ela está em algum lugar atrás de você."

Sua respiração fazia cócegas no ouvido de Gizelly e era como uma ducha fria ao mesmo tempo.

"Oh"

Marcela riu, mas soou forçado. "Eu não estou surpresa que Bia está afim dessa mulher."

Ela virou Marcela até que ela pudesse ver a mulher em questão. Ela tinha um corpo atlético e cabelo castanho feito em um rabo de cavalo. E ela estava conversando com um jovem de cabelos claros, gesticulando freneticamente.

"Uau!", sussurrou ela.

"Oh sim." Marcela as virou de volta. "Desculpe por obstruir sua visão. Mas nós não queremos que você se apaixone por ela também."

"Muito engraçado. Você acha que ela é..."

"Merda! Me beija." Sem esperar por uma resposta, a boca de Marcela cobriu a dela.

Os olhos de Gizelly se fecharam e todos os pensamentos fugiram de sua mente. Se possível, seus joelhos ficaram ainda mais moles, e ela segurou Marcela com toda a força. Seu corpo inteiro estava em chamas, e se ela não soubesse melhor, ela quase teria pensado que estava excitada.

Quando a loira se afastou, Gizelly, igualmente sem fôlego, perguntou: "O que foi isso?"

A loira mordeu o lábio. "A futura amada de Bianca estava nos olhando."

Ela estava brincando? "Você quase me beijou sem sentido porque ela estava olhando para nós?" Marcela estava apenas procurando por uma razão para beijá-la, ou ela tinha perdido a cabeça?

"Eu não queria que ela pensasse que eu estava flertando com ela ou algo assim."

Ignorando suas pernas trêmulas, ela recuou. "Só porque você estava olhando?"

A loira inspecionou seus sapatos e encolheu os ombros. Isso foi ridículo. Assim que voltassem para casa, teriam uma conversa séria sobre beijar. Não que fosse realmente uma dificuldade beijá-la, mas Marcela não podia abusar de seu acordo sempre que quisesse.

Quanto à situação ridícula com a paixão de Bianca, ela colocaria um fim nisso. Agora. Ela pegou a mão de Marcela e arrastou-a para fora da pista de dança e em direção a mulher e ao cara.

Ambos sorriam para Marcela e Gizelly quando se aproximaram. "Oi", disseram eles.

"Olá." Gizelly soltou a mão de Marcela. "Eu sou Gizelly Bicalho. Bia me disse que você trabalha para o Bruno. Isso é verdade?"

Para sua surpresa, foi o homem que respondeu. "Nós trabalhamos. Eu sou Saulo, e essa beleza encantadora é Mariana."

Mariana revirou os olhos para ele.

Depois de se cumprimentarem, Gizelly apontou para o lado dela. "Esta é minha parceira, Marcela Mc Gowan. Ela é prima de Bia."

Quando Marcela não se mexeu, Gizelly a cutucou.

Tardiamente, a loira apertou a mão de ambos. "Oi. Prazer em conhecê-los."

"Saulo e eu estávamos apenas dizendo que casal fofo vocês são."

Marcela olhou para Mariana como se tentasse ler seus pensamentos.

Ela mordeu o lábio, tentando não rir alto. A loira era tudo menos sutil.

"Obrigada!", disse ela. "E vocês? Vocês também são um casal?"

Saulo suspirou. "Eu gostaria. Mas Mariana joga pelo seu time."

Por mais que Gizelly pudesse dizer na penumbra, as bochechas de Mariana coraram.

Silêncio.

Do nada, Marcela disse: "Bem, então. Foi legal conversar com vocês. Tenho certeza de que teremos a chance de continuar isso mais tarde."

Saulo e Mariana a olharam.

Não é de admirar que eles estivessem confusos. Marcela foi francamente rude.

"Prazer em conhecê-las.", disse Mariana.

"Sim", Marcela puxou Gizelly para longe. "Digo o mesmo." Depois de alguns passos, a loira sussurrou no ouvido dela. "Você é um gênio."

Um beijo em sua bochecha seguiu.

Elas realmente tinham que conversar sobre todo esse beijo.

Amor Por Contrato | GicelaOnde histórias criam vida. Descubra agora