Amor Por Contrato | Gicela

Cuidado Com O Que Deseja

Marcela POV

"Algo não está certo", Marcela sussurrou no ouvido de Gizelly, quando se sentaram à mesa de jantar. Desde que sua avó chegou no apartamento, algo parecia estar desligado. Nem as palavras agressivas nem as palavras emocionais pareciam se encaixar.

"Eu sei o que você quer dizer", Gizelly sussurrou de volta. "Ela parece quase... melancólica."

Arrepios agradáveis se formaram em seus braços quando a morena respirou em seu ouvido. Ela tinha ficado tão boa em ignorar o efeito que Gizelly tinha nela. Pelo menos é o que ela dizia a si mesma muitas vezes ao dia. Então ela se deu conta das palavras de Gizelly. Melancólica? Essa descrição nunca teria passado pela cabeça dela.

"Parem de sussurrar como duas adolescentes", disse sua avó. "Que tipo de modelo vocês são para o menino?" Ela revirou os olhos. "É hora de agradecer a comida."

Joaquim olhou de Gizelly para Thelma, que se sentou ao lado dele.

A avó de Marcela olhou para Thelma. "Você está comendo com a gente na mesa?"

"Ela faz parte da família", disse Gizelly.

"Marcela, essa mulher não é ninguém. Vai deixar ela ficar?"

"É exatamente o que pretendo fazer, vó. Nós sempre comemos juntos e eu não planejo mudar isso hoje."

Thelma ficou de pé. "Talvez fosse melhor se eu..."

"Não." Marcela também estava de pé. "Por favor, sente-se novamente. Vó, a senhora é nossa convidada. Nós estamos..." Ela respirou fundo e tentou soar pelo menos meio honesta quando continuou. "... Contentes por ter você conosco esta noite. Mas isso não muda o fato de que Thelma é tão bem vinda nesta mesa quanto você ou eu."

Sua avó apertou os lábios e estendeu as mãos para agradecer.

Thelma ainda estava de pé, obviamente sem saber o que fazer.

"Por favor, sente-se", disse Gizelly, e para Joaquim: "Vamos dar as mãos agora para agradecer pelo nosso jantar."

Joaquim franziu a testa. "Mas Carmem preparou o jantar. Não devemos agradecer a ela?"

Marcela começou a rir. Ela tentou esconder com uma tosse. "Você está certo, mas se não fosse por Deus, não teríamos o dinheiro para pagar por..."

"O que isso tem a ver com Deus? Mamãe e você trabalham para..."

"Chega", rosnou sua avó. "Boa Deus, essa criança não sabe sobre as coisas mais básicas." Ela se inclinou para ele. "Antes de comer, temos que dizer graças para agradecer a Deus. É assim que é."

A expressão de Joaquim mostrou sua confusão.

Marcela teria apostado mil reais que ele faria mais perguntas, mas ao invés disso ele pegou as mãos dela e Thelma e esperou para ver o que aconteceria em seguida.

Com um aceno educado, Marcela sinalizou sua avó que ela poderia dizer graça antes de tomar a mão quente de Gizelly na dela.

"Deus nosso Pai, Senhor e Salvador, nós te agradecemos por esta refeição que você trouxe para a nossa mesa e que Marcela consiga não envergonhar o nome de sua família nas próximas semanas."

A morena apertou a mão de Marcela como se estivesse tentando dizer a ela que ela deveria ignorar essa parte.

Sua avó nunca dizia agradecia sem uma provocação em sua direção. Isso nunca mudaria e quase não doía mais. Ela apertou de volta para deixar Gizelly saber que ela não tinha nada para se preocupar.