Capítulo 16: Onde tudo começa.

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Dias atuais.
(mais precisamente, dois dias após a estranha visita de Xiao Zhan, depois de Wang Yibo dizer: "eu aceito sua proposta". O que resultou em terríveis noites de sono nos dias que se seguiram, com direito a enxaqueca e tudo. Mal conseguiu dormir, acordando vez por outra para refletir sobre o que havia acontecido. Passou cerca de quarenta e cinco horas horas, vinte e dois minutos minutos e cinquenta e sete segundos acordado; não que estivesse contando.)

A maldita campainha não parava de tocar. O som irritante martelava dolorosamente os tímpanos de Yibo.

Era domingo. E domingo costumava a ser um dia especial. No domingo a Sra.Wang tinha reuniões com o grupo de orações. No domingo Shi ia para a academia ou saia com as amigas. No domingo o Sr.Wang viajava para fazer a reposição de estoque. No domingo Yibo tinha a casa toda para ele, e era o único dia que poderia dormir até tarde.

Por que alguém estragaria o seu precioso domingo?

Justo quando estava quase chegando no estágio de "orgasmo do sono", que basicamente consistia em estar tão absorto pelo sonho que nem mesmo o Armagedom ou a visita do próprio Satã em pessoa (seja lá que criatura o Cão-tinhoso, Príncipe das trevas, Sete cruzes, Besta fubana fosse) poderia acorda-lo.

Aquela figura lamentável se sentou sobre o colchão limpando as sujeiras do canto dos olhos. Eles pareciam grudentos, colados. Reunindo forças, ele rastejou para fora da cama, e assim que os pés quentes tocaram o chão frio, estremeceu com o choque térmico. Cambaleou sonolento pelo corredor; parou de frente a porta; ergueu os braços e espreguiçou-se resmungando algo como "Nheenw"

Então abriu a porta.

"Bom dia, Yibo!"

E rapidamente a fechou.

"O que ele está fazendo aqui?!" Perguntou para a sala vazia enquanto desesperadamente se escorava na maçaneta, como se ela pudesse se abrir a qualquer momento.

Talvez ele tivesse delirando pelo cansaço, mas tinha quase certeza que viu Xiao Zhan plantado do lado de fora. Aquilo era estranho e muito repentino, pois ele se lembrava claramente que haviam combinado de começar o treinamento na segunda-feira às seis da manhã, e ainda faltavam quinze horas, trinta minutos e dezessete segundos (novamente, não que estivesse contando) para o encontro. Ele não queria pensar no pior, mas, e se Xiao Zhan estivesse ali para dizer que se arrependeu?

Provavelmente ter fechado a porta na cara dele não tenha sido a melhor opção. De repente, o garoto bateu na própria testa.

Eu acabei de fechar a porta na cara dele?

Hesitante, tornou a abri-la, mas só um pouquinho, e esticou o pescoço pela brecha. O homem alto continuava lá, vestido de preto da cabeça aos pés. A camisa de alfaiataria estava parcialmente escondida dentro da calça escura, nos pés usava botas de cano alto — uma imitação mais moderna e sofisticada das botas militares —, e um casaco com acabamento excepcionalmente bonito descia até os joelhos. Em meio a toda aquela monocromia, o cachecol vermelho em torno do pescoço dava um contraste e tanto.

"Oi"

"Oi" Respondeu Xiao Zhan, sorrindo. "Eu trouxe bolo"

E como se fosse a coisa mais natural do mundo, ele levantou uma caixinha rosa chique composta por delicados ornamentos dourados e o slogam de uma das confeitarias mais caras de Pequim.

"Meeeeesmo?" Indagou Yibo, com a voz esganiçada

No mesmo instante, o ar relaxado de Zhan mudou, sendo drasticamente substituído por uma expressão séria. Ele deu um passo para frente tampando os sutis raios de sol à suas costas, tornando-se uma silhueta intimidante à medida que sua longa sombra eclipsava o rosto de Yibo. Os olhos afiados de Zhan examinaram-no lentamente, do topo da cabeça despenteada às pontas dos pés descalços.

FROST [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora