Capítulo 31: A grande festa.

1.4K 203 545
                                    


"Você não esta tramando uma rota de fuga, ou esta?" Disse Xiao Zhan, ao captar a mistura de deslumbramento e desespero no suspiro de Yibo.

Da janela do carro, Yibo contemplava a fachada imperial da mansão cercada de árvores kaizukas lindamente banhadas por luzes douradas. Dali já era possível avistar um jardim paisagístico decorado com topiaria, esculturas inestimáveis e fonte de água; uma exibição erudita de riqueza e poder. Era impressionante, de um jeito aterrador.

Após uma pausa — uma longa e meditativa pausa —, o garoto concluiu, seguramente:

"Eu já tenho um plano reserva para o caso de tudo dar errado."

"É mesmo?"

"Sim, e tem haver com desmaio" contou Yibo, os olhos estreitos como se tramasse algo internamente. "Você ficaria surpreso com a minha habilidade de atuação"

"Eu não duvido" concordou Zhan.

O evento foi dividido em duas partes: a primeira (menos interessante) o leilão, onde foram leiloadas obras de arte e outros objetos colecionáveis extremamente caros. O baile seria a segunda, seguido pela apresentação do grupo de ballet de Vaganova Academy.

Zhan e Yibo não participaram do leilão. Xiao Zhan optou por mandar um representante (pobre Zach) para adquirir as peças que queria, evitando comparecer a parte mais entediante. Sendo assim, eles foram diretamente para o local onde ocorreria o baile. Demorou um tempo para que eles chegassem ao distrito de Shunyi, considerado uma das regiões mais ricas de Pequim.

De fora do portão da residência acontecia uma verdadeira carnificina: seguranças lutavam para impedir dezenas de paparazzi sedentos de avançar, jornalistas gritavam implorando por uma entrevista, sem contar a confusão de flashes de câmeras que poderiam cega-los se não fosse pelos vidros escuros do carro.

Uma espécie de hostess os interceptaram antes de passarem pelo portão principal. Zhan entregou a ela o convite, mas não satisfeita, a hostess perguntou pelos nomes de ambos ao qual ele respondeu com um simples "Xiao Zhan e convidado". Ela checou na agenda eletrônica, sorriu amplamente e, em seguida, liberou a passagem.

Passaram por um magnifico túnel de glicínias brancas que cobria a estrada de automóveis que levava até o prédio e, menos de um minuto depois, estavam parados de frente a escadaria da entrada.

"Espero que nada de ruim aconteça hoje" pediu Yibo baixinho.

"Espero que qualquer coisa ruim que aconteça hoje seja, pelo menos, cômico." Xiao Zhan sorriu e então saiu do carro.

Antes de Yibo sequer pensar em segurar na maçaneta da porta, um homem de smoking a abriu por ele. Yibo desceu e agradeceu de modo automático. Pedindo licença antecipadamente, um manobrista ocupou o lugar de Zhan e partiu com o carro para estaciona-lo.

A melodia "Sangue Vienense" de Johann Straus II foi inundando seus ouvidos conforme subiam a escada. Foram conduzidos de um corredor alinhado por colunas de porcelanas pintadas com guohuas a um grande salão com chão de mármore. Assim que chegaram ao local da festa, Yibo ficou boquiaberto.

A visão era mesmo de tirar o fôlego. As paredes claras e imaculadas repletas de delicadas peônias e folhas de pratas que se entrelaçavam e subiam até a um teto esculpido com o que parecia ser uma releitura em branco do Templo do Céu. No final do salão havia um palco, e no canto músicos tocavam instrumentos clássicos, mudando de uma musica para outra sucessivamente.

O encontro cultural estava nítido até mesmo nas vestimentas dos convidados. Enquanto de um lado havia homens de fraque e mulheres trajando grifes europeias, no outro havia grupos distintos vestidos com sáris tradicionais pintados à mão, quimonos e kebayas de costura intrincada.

FROST [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora