Você está bem?

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Nota: só passei para avisar que os capítulos serão postados toda quinta-feira.

......

O resto do dia foi tranquilo, com eles conversando sobre a gravidez de Selina. Damian apareceu um pouco antes da refeição e ganhou a atenção dos presentes, todos queriam ver como ele agia, se demonstrava alguma diferença em sua atitude, queriam descobrir como ele estava se sentindo em relação sobre ter um irmão ou irmã mais nova. O menino agiu de forma normal deixando todos com uma pulga atrás da orelha. Bruce sentiu vontade de conversar com ele, já havia sido aconselhado a fazer isso por Alfred e estava a espera de um momento sozinho com o filho.
A noite chegou e Gotham foi tomada pela proteção de Batman e seus aliados. Após uma longa noite combatendo criminosos, todos voltaram para a Batcaverna e foi nesse momento que o morcego conseguiu falar com Robin. Eles haviam tirado seus trajes e o pai aproveitou para acompanhar o filho mais novo até o quarto dele.

‐ Eu me comportei bem hoje, não vejo motivos para ser repreendido.
‐ Quem disse que vai ser repreendido? Estou aqui para saber se você está bem.
‐ Por que não estaria?
‐ Eu vou ter um outro filho, não quero que se sinta substituído.
‐ Não estou me sentindo substituído.
‐ Mesmo?
‐ Tt, você também.
‐ Como assim?
‐ Contei a Maya que terei uma ou um irmão mais novo, ela ficou preocupada comigo e usou essa mesma pergunta.
‐ Você contou a ela?
‐ Ela também é minha família, tem que saber, mas não se preocupe, deixei alguns detalhes de fora.
‐ Entendi, mas você está bem? O que sente com tudo isso?
‐ Eu estou bem. – Franziu as sobrancelhas.
‐ Certo, mas conte comigo para o que for, estarei aqui para conversar e lhe ajudar no que precisar.
‐ Tudo bem, boa noite. – Entrou em seu quarto e fechou a porta.

Meio desanimado, Bruce foi para o seu próprio quarto. Selina que estava sentada na cama viu o companheiro entrar e fez um sinal para ele sentar ao seu lado.

‐ Como foi?
‐ Não muito bem. Eu não sei o que ele está pensando, ele não se abre. Sei que ele deve ter sua própria opinião, mas não quer falar.
‐ Não fique triste, logo ele vai se abrir, pode não ser com você, mas será com alguém que lhe ajude e apoie.
‐ Obrigado. – Sorriu.

No quarto de Damian, o garoto tentava dormir, mas foi acordado por um pesadelo. Em seu sonho, estava sozinho num local todo branco, mas uma escuridão surgia e se aproximava, ele tentava se mexer mas não conseguia. Quando a escuridão lhe tocou, sangue surgiu por todo lado e uma risada diabólica ecoou, o riso parecia ser uma mistura da risada de sua mãe, de seu avô e sua própria.
Acordou suando, a respiração desenfreada. Olhou ao redor e percebeu onde estava, suspirando, levantou e caminhou até o banheiro. Abriu um compartimento secreto em cima do vaso sanitário e tirou de lá uma caixinha com remédios. Havia escolhido aquele lugar porque se alguém entrasse sem sua permissão era só jogar os remédios na privada e dar descarga. Procurou na caixa um remédio para insônia. Já fazia um bom tempo que ele se automedicava sem ninguém saber, era um segredo que pretendia levar para o túmulo, a menos que por acidente alguém descobrisse. Guardou tudo e tentou dormir.
Não eram só os sonhos que lhe perturbavam e tudo aquilo não era de hoje. Apesar de usar os remédios há algum tempo, seu sofrimento era muito mais antigo e tudo piorou quando foi morar com seu pai. Vivendo com sua mãe não tinha tempo de pensar em outras coisas que não fosse o treinamento árduo, naquela época vivia alienado. Agora, com tudo o que se passava, quase desejava não sentir remorso pelos seus atos assim como era antes (era raro se importar com as coisas que fazia). Quando veio morar com Bruce, percebeu as atrocidades que fazia e desejou melhorar, não mudaria tanto o seu jeito de ser, mas evitaria o máximo possível virar um mini assassino. Balançou a cabeça tentando afastar esses pensamentos, precisava dormir.
No dia seguinte, parecia que todo mundo sabia que Bruce Wayne teria outro filho, mas era só os mais próximos que sabiam, porém Damian achava que eram muitas pessoas. Como era domingo, fizeram um almoço na mansão para contar a novidade aos amigos íntimos. Damian não estava aguentando o ar de felicidade que impregnava o ambiente, achava tudo muito doce e meloso. Mas tinha que confessar a si mesmo, ficou feliz pelo pai e por Selina, eles mereciam aquela animação.

‐ Eu não acredito! Vai ter alguém menor que você, Damian!
‐ Cale a boca Kent!
‐ Não precisa ficar nervoso, credo!
‐ Tt.
‐ E aí? O que acha de ter um irmão?
‐ Pode ser uma menina, e eu já tenho irmãos.
‐ Você me entendeu. – Rodou os olhos. – Não vai me responder?
‐ Tt.
‐ Não liga pra ele, Jon.
‐ Maya! – Exclamou indo abraça-la.
‐ Quem lhe chamou?
‐ O seu pai. Achei que não chegaria a tempo, mas consegui.

Quando a festa acabou, Maya dormiu na mansão assim como os outros filhos de Bruce que não moram mais ali. Ducard aproveitou para falar com o amigo, o seguiu até o quarto e entrou sem ser convidada.

‐ O que você quer?
‐ Conversar. Como está se sentindo?
‐ Estou bem.
‐ Não sente algum tipo de angústia ou qualquer coisa parecida?
‐ Se vai me infernizar com essas perguntas, é melhor sair do meu quarto.
‐ Tudo bem. – Bufou. – Vejo você amanhã.

Fechou a porta. Por que ela tinha que insistir nesse assunto? Quase esqueceu o sentimento que o vinha dominando nesses últimos dias, por que ela tinha que lhe lembrar disso? Foi para o banheiro e pegou um calmante.

Damian Onde histórias criam vida. Descubra agora