Damian

Uma conversa com Damian

Na manhã seguinte, Maya foi embora depois do café da manhã, mas antes resolveu tentar conversar com Damian.

‐ Já estou indo, Damian.
‐ Até.
‐ Você vai ficar bem?
‐ Tt.
‐ Ei, se precisar de alguma coisa é só me chamar.
‐ Tá. - Não olhou para ela.
‐ Estou falando sério.
‐ Eu sei. - Olhou para o chão.
‐ Tchau, Dami. - O abraçou.
‐ Tchau, chica. - Devolveu o abraço e agradeceu mentalmente por nenhum de seus irmãos estarem ali.

Na tarde desse mesmo dia, a mudança de Selina começou, apesar da mulher ter levado só o essencial, ainda eram muitas malas e pequenos objetos guardados em caixas. Todos os filhos de Bruce ajudaram com a mudança, enquanto eles trabalhavam Alfred fez algo para comerem. Num dado momento, Selina ficou sozinha com Damian e resolveu que era hora de conversar com ele e estreitar os laços de madrasta e enteado.

‐ Damian, pode me mostrar a casa?
‐ Quer começar por dentro ou por fora?
‐ Tanto faz. - Deu de ombros.
‐ Vamos por dentro.

Eles começaram a andar pela casa com o garoto dando pequenas e rápidas explicações. Selina prestava atenção em tudo, até no jeito do menor agir. Quando estavam numa parte, que ela sabia ser longe de onde os outros estavam, resolveu conversar com Damian sobre o assunto da gravidez e do fato de morar ali.

‐ É uma casa grande e bonita.
‐ Tt.
‐ Escute garoto, quero ter uma conversa séria com você.
‐ Fale. - Parou de andar e olhou atentamente para a mulher.
‐ Sei que o fato de vir morar aqui é algo novo e ninguém lhe perguntou se gostava da ideia.
‐ Eu não me importo. Uma hora ou outra você viria morar aqui, era só questão de tempo.
‐ Realmente não se importa?
‐ Desde que você não roube nada e não quebre o coração do meu pai.
‐ Você se importa muito com ele, não é?
‐ Sim. - Admitiu.
‐ Fico feliz com isso, espero que possamos nos dar bem.
‐ Eu também. - Desviou o olhar e voltou a andar.

Selina sorriu sabendo que ele estava sendo sincero. Agora que tinha falado sobre esse assunto, precisava falar do outro.

‐ Damian, o que acha de ter um irmão ou irmã mais nova?
‐ Eu já tive irmãos mais novos, bem, mais ou menos. - Lembrou-se das suas cópias mal sucedidas de sua mãe que morreram. - Não tente entender, sério.
‐ Ok. - Ficou um pouco curiosa, quão louco era essa história? - Enfim, você entendeu o que eu quis dizer.
‐ Sim, entendi.
‐ E?
‐ Eu não sei o que pensar. Nunca tive nenhuma relação assim como a que vou ter com essa criança. O mais parecido que tenho é a que possuo com Grayson e os outros.
‐ Acho que vamos ter que aprender.
‐ "Vamos"?
‐ Eu nunca fui mãe, irei aprender a ser assim como você vai aprender a ser um irmão mais velho. Se precisar de ajuda estarei aqui. - Piscou para ele.

Antes que o menor respondesse, Titus apareceu latindo para seu dono, aparentemente queria companhia, ou veio avisar que Golias comeu a bat-vaca.

‐ Tenho que ir. - Saiu dali junto do cachorro.

Quando Damian conseguiu ficar sozinho em seu quarto, pensou na conversa que teve com Selina, sentia alguma coisa aquecer o seu peito ao lembrar do que ela lhe disse. Não sabia o motivo, mas sentia que podia ficar mais tranquilo, mas por que estava nervoso? Tentava evitar o máximo possível pensar nisso, queria ignorar todas as coisas que lhe perturbavam. Olhou para a porta do banheiro, para o seu gato deitado em sua cama e decidiu que iria desenhar. A maioria de seus desenhos mostravam sofrimento, a razão poderia ser os sentimentos conflitantes dentro de si, tentava o possível para ficar bem e escolher o caminho correto, já havia avançado bastante. Após desenhar e rabiscar tudo, decidiu que estava na hora de fazer algo mais produtivo. Desceu para a caverna e começou a treinar.
Dentro da mansão, Selina contou sobre sua conversa com Damian para Bruce. O homem decidiu que tentaria falar com o filho mais uma vez.

‐ Não se esqueça de Jason. Ele foi o primeiro a oferecer ajuda, depois de Alfred e eu.
‐ Tem razão. Vou mandar ele falar com Damian, acho que os dois podem se entender melhor.

Alguns minutos depois, Jason foi até a Batcaverna e encontrou Damian treinando.

‐ Ei demôniozinho tem um minuto?
‐ Tt, o que você quer? - Parou com seus movimentos para falar com ele.
‐ Quero bater um papo.
‐ Sobre?
‐ O bebê.
‐ Eu juro que se Grayson ou Drake vierem falar desse assunto também, eu corto a garganta deles.
‐ Para de mentir, sei que não vai fazer isso.
‐ Certeza?
‐ Estou falando sério. - Rolou os olhos. - Quero saber como se senti.
‐ Eu estou bem.
‐ Escute garoto, não sei o que se passa na sua cabeça, não sei o que pensa, mas se por acaso sentir qualquer incômodo fale comigo. Eu sei o que é se sentir substituído, ter alguém mais novo que você.
‐ Mais novo e melhor.
‐ Damian. - Tocou no ombro dele. - Se tiver algum problema, por menor que ele seja, fale comigo.
‐ Eu vou tomar um banho. - Saiu dali.
Jason suspirou, o menino era difícil.
‐ Snorf?
‐ É grandão, pena que você não fala. - Olhou para Golias e para os outros animais ali, todos já haviam se acostumado com os bichinhos de Damian. - Pena que nenhum de vocês fala.