Batimentos

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Os três primeiros meses da gravidez de Selina foram tranquilos, se é que você pode considerar todas as aventuras daquela família como algo normal. No começo a mulher sofria de enjôos constantes, não podia sentir cheiro de algumas comidas que já colocava tudo pra fora, além disso sentia desejos estranhos. Todos da família tentaram ajudar, teve algumas pessoas que já queriam saber o sexo do bebê e fazer uma festa, mas ainda era cedo. Nesses três meses, Bruce tentava descobrir como Damian realmente se sentia, queria muito invadir o quarto dele e procurar alguma pista, mas respeitava o espaço pessoal do filho e queria confiar nele. Mesmo assim, isso não o impedia de perguntar para Alfred se ele encontrava algo suspeito no quarto ou de ligar para Maya ou perguntar para Jason se Damian já havia falado alguma coisa com ele.

‐ Nossa, nunca achei que fosse ficar tão preocupado. — Comentou Todd.
‐ Eu só não quero que ele saia destruindo tudo.
‐ Eu entendo, sério mesmo. Mas acho que além de manter um olho em Damian, tem que confiar mais nele.
‐ Eu sei, mas acha mesmo que ele vai falar alguma coisa?
‐ Sinceramente, não faço ideia. Talvez não seja tão ruim pressioná-lo um pouco. — Acabou se contradizendo e preocupando ainda mais o pai.
‐ Ei Bruce. — Tim apareceu onde eles estavam. — Selina já está pronta para a consulta.
‐ Obrigado, Tim. Já estou indo. — Antes de sair lançou um olhar sério para Jason.

Todas as consultas médicas que fazia com Selina sempre acabava reunindo a família, todos queriam saber como estava o bebê, até Damian comparecia mesmo tentando não demonstrar preocupação. A volta da primeira consulta foi um pouco tumultuada, Dick e Tim faziam perguntas e mais perguntas, não davam tempo para ouvirem as respostas.

‐ Querem calar a boca?! — Exclamou Jason. — Deixem que eles falem!
‐ Desculpa. — Pediram os dois ao mesmo tempo.
‐ Não tem problema, vocês só estão muito curiosos. — A Kyle sorriu, mas agradeceu mentalmente ao segundo filho pela interrupção.
‐ Antes de tudo, o bebê está bem, está saudável. — O pai viu a expressão dos filhos e do mordomo ficarem mais leves. — O médico disse que Selina também está bem, os enjôos são comuns durante a gestação.
‐ E que não duram para sempre. — Interrompeu a mulher, feliz com essa notícia.
‐ E que Selina precisa de uma boa alimentação.
‐ Não se preocupe senhor, cuidarei disso. — Garantiu Alfred.

O casal explicou tudo o que o médico lhes disse, fazendo com que os outros ficassem mais relaxados. Todos pareciam alegres, até Damian que ainda mantinha uma expressão séria e um pouco sarcástica dependendo dos comentários feitos. Depois disso eles resolveram que era hora de falar sobre o quarto do bebê. Escolheram um quarto perto do quarto do casal e decidiram que teriam que redecorar.

‐ Não acham que deveriam esperar mais um pouco? — Interrompeu Tim vendo a animação de Dick. — Não acham melhor decorar quando soubermos o sexo do bebê?
‐ Podemos começar a pensar nas coisas agora, já ir procurando uma ou outra coisa aqui e ali. — Respondeu Bruce.
‐ Isso aí, deixa de ser estraga prazeres. — Jason empurrou o ombro do irmão.

Drake resmungou, mas não voltou a interromper o assunto, ele não fazia por mal, só não queria que a imprensa descobrisse tudo tão rápido. Depois desse dia, a família começou a procurar por móveis para o quarto, buscavam em revistas e sites de internet, mas ainda não compravam nada. Damian foi o único que não fez nada disso, Tim quase se juntou a ele se não tivesse visto um berço muito bonito numa loja. Damian só foi ver essas coisas porque Dick lhe perguntou o que achava de um fraldário e o pequeno teve que dar sua opinião.
Algumas semanas depois, Selina e Bruce vieram com a notícia de que em sua próxima consulta eles poderiam ouvir o coração do bebê bater. Animado, Richard queria ir nessa consulta, mas o pai lhe interrompeu dizendo que já tinha planejado levar alguém. Após trocar um olhar com o mordomo, o dono da casa olhou para o filho mais novo e disse:

‐ Gostaria de ir conosco, Damian?
‐ Eu? — Estranhou.
‐ Sim, você. O que acha?
‐ Não sei se é uma boa ideia.
‐ Vamos, na volta prometo que compramos sorvete. — A Kyle piscou para ele.
‐ Você não vai me comprar. — Franziu as sobrancelhas.
‐ Deixa de ser chato e vai logo. — Reclamou Todd.
‐ Tt. Tá, eu vou.

No dia seguinte, os três se prepararam para ir, Alfred os levou e os esperou dentro do carro. Na hora da consulta, Damian sentiu um pouco de desconforto, ao perceber isso Bruce tocou no ombro do filho e sorriu. Não demorou para eles ouvirem os batimentos do bebê, Selina foi preparada e sentiu o parceiro apertar-lhe a mão. O médico pediu para relaxarem e com calma mexeu nos aparelhos. Não demorou muito para um barulho ser ouvido, era o coração do bebê batendo. A mãe segurou as lágrimas de felicidade, o pai sorriu ternamente e o irmão arregalou os olhos. Damian não conseguia acreditar no que ouvia, aquilo era mágico, mesmo sabendo que não tinha nada a ver com magia. O garoto deu um pequeno sorriso, uma sensação quente dominou seu corpo, não sabia exatamente o que era, mas gostou. Depois que a consulta terminou, eles entraram no carro e foram atrás de sorvete, Pennyworth perguntou como foi e recebeu uma resposta animada de Selina.

‐ Foi emocionante! — Sorriu. — Foi mágico, trouxe uma sensação tão boa.
‐ É verdade, foi incrível. E você Damian? O que achou?
‐ Foi legal. — Olhou para a janela do carro e viu a paisagem de Gotham.

Os adultos ficaram quietos, sabiam que ele havia amado e não admitiria isso em voz alta. Quando chegaram na mansão, viram os outros filhos de Bruce esperando na sala, todos queriam saber como foi a consulta. Selina começou a contar enquanto tomavam sorvete. Grayson perguntou como Damian se sentiu, quando o menor não respondeu de imediato todos perceberam que ele parecia distraído.

‐ Damian? — Chamou Tim esperando que ele soltasse um "Tt" ou lhe mandasse calar a boca.
‐ Vou para o meu quarto. — Saiu dali.
‐ Vou falar com ele.
‐ Não, Dick. Eu vou.

O filho mais velho ficou surpreso, mesmo sabendo que ele tinha prometido ajudar.

Damian Onde histórias criam vida. Descubra agora