T E N

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Ele saiu da parte do convés em um pulo assim que ele gritou que estava na hora. Só que eu não entendi o que estava na hora, sempre pensando que chegaria a hora da minha morte. Ele pensa nos casos assim tão rápido?

Ia para protestar comigo mesma sobre ser uma bendita idiota e até admitindo o que aquele capitão me chamou, mas esse momento foi interrompido pelo garoto da salada de fruta me soltando.

— O que está acontecendo? Você não pode me soltar, só o capitão.

— O capitão mandou, se fosse por mim você estava nas águas já a muito tempo. — Comprimi meus lábios, minha cabeça agora estava insinuando que ele não gostava de mim por causa de eu ter achado sua salada de fruta ruim. Eu queria perguntar-lhe isso, mas talvez num momento mais "a sós".

Me assustei quando ele me pegou no estilo saco de batatas e me levou para dentro. Tentei tirar meus cabelos da frente, mas era uma tentativa falha, sendo que o garoto andava em passos rápidos até não sei onde.

— Está aqui ela, capitão. É para deixá-la onde?

— Sem ser no convés, deixe-na por qualquer lado amarrada. Nós temos que partir, se queremos chegar em uma boa hora. Não quero mais delongas nesse percurso. É para lá que vamos.

— Mas capitão, eu não sei onde a vai querer ou não. — Tirei meu cabelo mais uma vez da frente, o segurando por segundos só para encarar a expressão facial do capitão.

— Deixe ela aqui e amarre-a à minha cama, já que não sabe fazer nada sozinho. Imbecil. — Tentei me manter na minha maior descontração, mas minha barriga já estava doendo de estar nos ombros do garoto.

Grunhi de dor para tentar que ninguém ouvisse, mas o raio do capitão teve que surgir do nada e afastar meus cabelos do rosto.

— O que você tem? Não ando gostando desses sons da sua boca.

— Minha barriga está doendo, não pense coisas sujas. O seu tripulante pode me colocar no chão? — Vi que ele não mostrou nenhum tipo de reação, mas meu pequeno pedido atual foi concedido, acontece que não esperava que fosse em uma bela queda no chão do barco.

— Aish, poderia ter mais cuidado! — Não ligou para o que eu disse e saiu do local me deixando novamente sozinha com o capitão. Respirei fundo o olhando já que ele tinha tossido forçado.

— Este é o meu suposto quarto, então não quero um piu, entendido? — Dei de ombros pois não sabia qual era o melhor, o convés, ou o quarto dele. — E você vai estar amarrada à minha suposta mesinha de cabeceira.

— Por que tudo é um suposto? — Pergunto, pois a curiosidade veio mais forte quando ele terminou suas frases.

— Pois nada é comparado às coisas que eu já tive e vivi quando era mais jovem.

— Você viveu numa casa de pessoas? Nossa, isso é um sonho realizado. — Ele riu, talvez pela minha bobagem.

— Você fala disso como se fosse o paraíso, enquanto eu só me arrependo. — Não sabia mais o que responder depois de o ouvir falando que se arrepende de ter vivido numa casa de pessoas normais. Se eu pudesse nesse momento deixar minha vida pirata e viver uma vida nova, eu iria agarrar com todas minhas forças por nesse momento não ser nada, apenas uma isca. — Bom, eu vou te amarrar logo, você não é de confiança. — Pegou um tipo de corda mais fina que a do convés e amarrou no meu pé primeiro, logo depois, amarrando na suposta mesinha de cabeceira dele. — Amanhã, se eu estiver bem disposto, eu explico porque está aqui e não presa no convés. — Assenti com a cabeça olhando seu rosto e em segundos nossos olhares estiveram presos um no outro, o que me deu uma sensação estranha, então virei meu rosto, mas aquele maldito gancho novamente estava contra meu pescoço, erguendo meu rosto.

— Não desvie o olhar quando eu estou olhando para você, entendeu?

— É estranho olhar nos seus olhos.

— É para sentir exatamente o medo que quero transmitir com meu olhar.

— Se fosse medo, valia mais apena. — Pensei e encostei minha cabeça para trás quando ele se afastou de mim, sentindo um breve alívio. Tudo é estranho com a presença dele.

Suspirei vendo-o sentar numa cadeira frente a uma mesa simples, mas cheia de mapas e pergaminhos. Isso me deu sono pois eu não sabia para o que olhar por não ter nada de interessante para fazer nesse momento. Sentia o poder de controlação dele em cima de mim sem menos saber o porquê, nem no semblante dele conseguia focar o olhar, algo me dizia que ele sentia essas vibrações e a qualquer momento ele falaria "pare de me encarar".


HONGJOONG P.O.V

Saí do meu suposto quarto, antes de dar uma olhada para a garota e notei que ela estava dormindo.

Senti aquela coisa de querer deitar ela, só para dormir um pouco melhor, mas meu egoísmo sempre sobe quando lembro do trouxa que fui e que nunca mais voltarei a ser.

— Capitão, por que a colocou no seu quarto? — Um dos tripulantes, que de todo confiava mais, me questiona uma coisa meio óbvia.

— Pensei no quanto seria melhor pois ninguém vai se atrever a entrar aqui, muito menos chegar a meu quarto.

— Já vi a rota que irá para a ilha. Tem certeza que está indo certo?

— Sim,estou indo, e se pensa que vou largar a garota lá, está errado. Ela é preciosa, se formos pensar nesse sentido. — Tentei andar para a frente, mas ele me segura pelos ombros se abaixando para ficar mais ou menos na minha altura. Odeio me sentir baixo.

— Só vou dizer uma coisinha, considere como quiser. Você devia ter mais cuidado. Claramente o capitão Zico não deve ser tão burro assim.

— Aí que você se engana. Se eles tivessem algum plano, ela contaria. Eles só nos queriam roubar e como viram que ela não conseguiu, deixaram ela. Típico de alguns piratas.

— Tem certeza que podemos confiar nela?

— Não mandei ninguém confiar. Ela está sobre minha vigia. Continuem fazendo o que faziam antes. — Tirei suas mãos dos meus ombros e finalmente tive a passagem livre para andar para a frente.

Subi até ao convés logo indo rapidamente para a parte de cima para conduzir o barco pois, mesmo que tivesse alguém fazendo por mim algumas vezes, eu que gostava de conduzir as rotas.

— E vamos partir! — Gritei e sorri invejoso pensando em tudo o que queria fazer. Não é atoa que sou um Gancho.

Eu serei o melhor Gancho.


━━━ BETAGEM POR:

__Lanna_

Treasure | kim hongjoongOnde histórias criam vida. Descubra agora