T H R E E

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Talvez um dos mais experientes acharia muito fácil essa missão, mas claramente levariam alguém. Eu não, estou por minha conta.

Caminhava agora sobre a areia, aproveitando sua textura pela última vez, pois, obviamente, não sairia viva daquele barco. Eles são o ATEEZ!

Mesmo sendo só uns anos mais velhos que eu, conheço todas suas conquistas. Hongjoong Gancho é o filho mais novo do Capitão Gancho, totalmente igual ao pai e ao irmão, o que o faz ser um bom líder. Os outros são como recrutas, pois não oiço falar deles, mas sim no geral.

Mas evidentemente todos os louros vão para o capitão, todos sabemos como é isso. Algumas coisas que eu e os marujos roubamos não foram nossos louros, mas sim de meu pai por ser o capitão do barco. É injusto, mas é a cruel verdade e teremos de aceitar se queremos ter um pouco mais de vida.

E, também, quem vem para nosso barco já sabe o que acontece. Eu que tive que aprender e talvez por isso que ache injusto.

Ao ver um garoto sair de barco, rapidamente me virei, fingindo que estava fazendo outra coisa, mas sempre com um olho nele. Se tal rapaz souber que eu estou indo em direção ao barco deles, ele irá contar ao capitão. E aí eu morro mais cedo do que o planejado.

E se eu abandonar a missão, morro nas mãos do meu pai.

Quando o moço voltou, virei-me, tentando compreender o que ele foi fazer. Será que eles estão pensando em ir embora? Pelo amor de Deus, nem pensem em fazer isso. Minha vida está mais em risco com meu pai do que com vocês se fizerem isso.

Andei com um passo rápido até o barco e quando cheguei a meio caminho, a embarcação parecia cada vez maior, o que estava me assustando.

.

— Como eles têm um barco assim tão grande? — sussurrei para mim quando cheguei próxima ao dito cujo. Olhei para trás, vendo o quanto tinha andado e realmente não estava sentindo cansaço, mas sim uma pequena vitória por já ter chegado onde cheguei. — Bom... Vamos lá. — Com todo o cuidado, eu coloquei os pés na água, sentindo um pequeno medo enquanto caminhava suavemente até a escada que estava a uns metros de mim. Você tem de conseguir entrar, você tem de conseguir entrar.

Cheguei na escada e abanei-a para saber se alguém estava segurando. Caso isso, eu mergulharia e apenas falaria que estava nadando por aí para não ser descoberta.

A água chegava até metade de minhas coxas, o que estava me deixando um pouco desconfortável, pois ainda que goste de nadar, eu odeio estar no mar com espadas na cintura. Sinto-me mais pesada e também não quero que ganhem ferrugem.

Tomei coragem e subi o primeiro pé pela escada, tentando ao máximo não cair, haja vista que ela não era muito estável.

— Tem um barco enorme, mas a escada é esta coisa. — O vento fez com que a escada se movesse, então eu me segurei bem e esperei-o, de alguma forma, ficar mais brando e assim conseguir subir sem nenhum problema mais. — Um e dois, um e dois — falei, controlando meus pés ao andar sobre toda aquela instabilidade, pois, sinceramente, eu já estava ficando sem paciência com aquilo sempre se mexendo.

Ao conseguir chegar no cimo, olhei todo o local a fim de ver se tinha alguém no convés. Assim que percebi o caminho livre, eu entrei, mas sentia meu coração totalmente descompassado.

Eu estava na boca do lobo.

O local era enorme, tinha algumas roupas estendidas em arames presos da lateral até o poste que, no momento, por causa do nervosismo, eu já nem sabia como se chamava.

"Pelo amor de Deus, pare com esse nervosismo", pensei. Andei devagar pelo convés, analisando tudo e procurando por algo que desse para roubar, mas nada. Eles possuíam baús vazios no convés, apenas com comida. Comida que eu nunca vi na minha vida.

Ouvi passos de baixo do convés e me perguntei seriamente se eles acordavam na hora que meu pai relatou, pois há pouco eu vi um garoto saindo. Escondi-me dentro do maior barril que notei quando senti que ele estava subindo até onde eu me localizava e tapei com a tampa, espreitando pelo buraquinho que tinha. Não dava para ver grande coisa, mas eu tentava olhar para saber quando poderia sair.

— Detesto quando não consigo dormir. Hongjoong me mata se souber disso — o garoto falava sozinho e eu só me aguentava naquele estado, pois quem iria amar estar escondida dentro de um barril? — Melhor comer algo antes que ele negue o toque na comida. — Senti-o perto e meu coração parecia querer sair pela boca. Eu estava totalmente próxima do baú com comida. Devia ter me escondido noutro sítio.

Senti vontade de espirrar por causa de um cheiro estranho e o impedi. Meus olhos chegaram a lacrimejar pelo simples facto de eu estar impedindo essa reação. Mas teria que ser ou nunca mais na vida respiraria, mas sim minha cabeça ficaria fora do meu corpo.

Eu não sei porque queria espirrar, se era por algo repentino ou por algo do que ele estava comendo, todavia, o que mais queria era ter essa sensação sem estar em risco de morte se o fizer.

— Yeosang, o que está fazendo comendo? — Ouvi outra voz e senti meu coração errar as batidas, a sensação de espirrar não estava mais, mas meus olhos lacrimejavam e com isso me dava vontade de fungar. Por que eu tinha de ter essas coisas no organismo?

— Eu não estava conseguindo dormir... Me desculpe, capitão.

— Largue essa comida e volte para seu lugar, ainda é cedo e tenho de decidir se ficaremos aqui ou não. Depois, ao cair do dia, irão limpar o convés e tirar esses barris para fora, pois já estão se acumulando. Entendido?

— Sim, capitão, eu avisarei os outros. — Eu não queria estar ouvindo a conversa, mas pelos vistos, já sei que o capitão está aqui e eu não vou sair daqui tão cedo. 


━━━ BETAGEM POR: 

soobinvaqueiro no MarsGrapphics

Treasure | kim hongjoongOnde histórias criam vida. Descubra agora