T W E N T Y

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Quando ele se separou não tirou sua mão do meu pescoço, o que já estava me machucando, só que minha cabeça não processava nada. Eu não sabia o porquê dele ter-me beijado anteriormente, ele disse que era por impulso, e agora?

- Eu não sei porque tenho esses impulsos. - Ele largou meu pescoço num movimento rápido, eu continuava no mesmo lugar, inacreditável que ele me beijou de novo.

- H-Hongjoong. - Chamei ele quando arranjei forças para tal, só que saiu num gaguejo.

- O que foi? - Eu mal notei que ele estava virado de costas, mas não se ousou olhar para mim. - Estou com vergonha.

- Vergonha?

- Sim. Não me pergunte porquê, nem eu mesmo sei.

- Eu fiz bem? - Ele acabou se engasgando, só que eu não conseguia ver suas feições, o que estava me "preocupando" pois eu não sabia como ele estava de verdade. Foi mais um erro?

- S-Sim. - Ele gaguejou, eu nunca na minha vida vi um capitão gaguejar.

- Fico feliz por isso. - Sorri fraco e como ele não estava olhando, passei de leve os dedos por meus lábios, pelo menos eu já sei a sensação, mais que bem, de beijar alguém.

- Na próxima vez me empurre, eu não devia fazer isso. - Ele se virou e eu acabei me assustando quando alguém bateu na porta dele.

- Capitão, encontramos terra, deveremos descansar? - Hongjoong  foi até sua mesa vasculhando seus mapas e só depois disso abriu a porta para o tripulante.

- Peça para San atracar, amanhã partiremos para outro lugar.

- Está seguro atracar-mos?

- Sim, chegamos estamos perto da Europa. Só que não onde quero totalmente.

- Aquilo que nós vimos é um porto, tem certeza que devemos?

- Estou dizendo que sim seu imbecil! Eu conheço todos os locais deste mundo. - Fechou a porta na cara do tripulante e me encarou.

- Lembre-se do que concordá-mos.

- Você vai me colocar na prancha depois de eu ver minha mãe.

- Quando que eu falei isso? - Ele coçou a nuca e eu cruzei meus braços.

- Quando eu disse coisas que não devia ter dito.

- As coisas que você disse são verdade, porém não ligo. O que eu falei foi da boca para fora, você não vai morrer. Se eu quisesse isso não te salvava. Você vai virar tripulante, mas continuará sendo minha cadelinha.

- Lá vem ele com "minha cadelinha". - Revirei os olhos lembrando do nossos acordo só segundos depois, o que ele fez sorrir.

- Então você lembra do nosso acordo. O ser tripulante é para esconder sua fatiota de cadelinha. - Entortei um pouco meus lábios para o lado esquerdo, pensando no que ele queria tanto dizer com "esconder sua fatiota de cadelinha", até que uma frase saiu e não era esperada de sair.

- Quer dizer que você vai me beijar mais vezes? - Ele bateu com a mão na testa.

- Porque nos beijariamos de novo? Tenho de cara de seu namoradinho?

- Quando duas pessoas se beijam elas são automaticamente namorados?

- Não. Assim que eu não te beijava mesmo. - Ele deu uma pausa suspirando. - É só um ato afetuoso como não, você pode sair beijando quem quiser, mas quando sente algo por alguém, esse beijo se torna importante para você.

- E quando é o primeiro beijo dessa pessoa?

- Tem gente que não esquece o primeiro beijo, mesmo que seja com a pessoa que ela não goste mais no futuro.

- Você sabe bastante. - Comprimi meus lábios respirando fundo. - Eu sei ler e escrever por sorte.

- Você sabe ler e escrever? Você parece analfabeta.

- Aprendi com minha avó quando ela era viva. - Ele assentiu com a cabeça.

- O meu idioma ou da sua mãe?

- Os dois. Ou se não não estava falando com você.

- Eu não tenho culpa de você o que tem de beleza parece ter de burra.

- Eu não sou burra seu idiota, você podia ter sido roubado por mim se eu não fosse alérgica a farinha!

- Eu já vi o San espirrar por pó, agora farinha é demais. - Ele riu, mas riu bastante. - O Karma surgiu, queria me roubar e se deu mal.

- Não me dei mal por total. Estou rodeada de garotos novos, talvez uma conquista? Como você diz que sou tão burra, não é mesmo?

- Você sabe muito bem que eu poderia ter te morto quando estava amarrada no convés.

- Mas não matou. - Sorri largo me aproximando dele. - Eu já falei que você teve oportunidade e não fez.

- Nunca ouviu falar das razões de porque não fez.

- Me fala uma.

- Eu gosto de seu rostinho. - Revirei os olhos.

- Eu odeio que vocês só se importem com a beleza.

- Não falei de beleza. Eu falei que gosto do seu rosto. Sim, é bonito, até demais, mas nem tudo se resume a beleza. Eu gosto de ver você com medo. Dá prazer.

- Prazer para mim é degolar alguém com a espada, porém você me tirou e ainda a tem na cintura.

- Você não precisa dela bebê. Ela é minha. - Seu indicador foi até minha testa, me separando uns breves milímetros. - Só voltará a ter sua espada quando bem me apetecer.

- E se eu a tirar? - Falo rindo indo com minha mão até sua cintura, no exato local que minha espada se encontrava, mas ele rapidamente viu meu movimento e me empurrou.

Eu acabei caindo no chão, mas só por causa dele ter um corpo totalmente diferente do meu. Eu sou muito mais fraca que ele, além de ser belos centímetros mais baixa.

- Tenta pegar vai. Acaba é pegando outra coisa, o chão. - Ele se riu tirando minha espada, agora a analisando. - Agora que vi, ela tem seu nome.

- Não fala meu nome! Eu não tenho autorização para isso, por favor Hongjoong! - Me ajoelhei na frente dele, e ele, com um sorriso vitorioso, puxou meu cabelo para que eu encarasse agora a espada, bem no sítio onde estava gravado meu nome em hangul.

- Leia seu nome. - Eu fechei meus olhos, para não o ler, mas ele puxou mais meu cabelo. - Abre os olhos ou vai ser pior. - Abri meus olhos e eu vi meu nome gravado, mas não conseguia o falar, eu não podia. - Eu não vou esperar muito cadelinha. Fala para seu dono seu nome vai. - Eu olhei ele, ele sorria do mesmo jeito, aquela era minha fraqueza, meu nome de nascença.

A prova que eu mesmo eu tendo sobrenome coreano, sabia bem que não era de lá, sabia minha nacionalidade por estar gravado.

Hongjoong você vai se arrepender de ter-me feito isso.

Treasure | kim hongjoongOnde histórias criam vida. Descubra agora