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Continuação...

Isadora : sinto muito Juliana. O segundo namorado que acontece isso, mas você está bem? Os bandidos te machucaram? - pergunta me analisando. Nego com a cabeça após dar um passo atrás enquanto segurava o cotovelo e olhava para o chão sem ele
Juliana : eu pareço estar bem? Primeiro o Matheus e agora o Caíque. Porque...? - minha revolta era tamanha
Isadora : vem cá - e me abraça : você precisa de um banho - diz por fim
Juliana : eu preciso falar com a mãe do Caíque isso sim - digo me afastando dela e limpando meu rosto com o dorso da mão
Isadora : está muito tarde agora. - diz segurando meus dois braços : Toma um banho, descansa e dorme um pouco. - curva o lábio em um sorriso rápido : Quem te trouxe até aqui? - aposta perguntar
Juliana : a polícia. - a respondo com o pensamento ainda no Caique. A imagem dele caído no chão com sangue saindo de sua boca não saia da minha cabeça : Não vou conseguir dormir, não vou... - e mais lágrimas saem dos meus olhos
Isadora : você não vai entrar em depressão de novo Juliana. Eu não vou deixar! - ordena e olho para ela
Juliana : pra você é fácil falar, a senhora odiava meus namorados - julgo com revolta o Matheus tudo bem. Até eu odeio ele hoje, mas o Caique... O Caique não merecia isso! 😭
Isadora : e que culpa eu tenho se você nunca soube escolher seus namorados? - reclama e a encaro. Minha mãe era uma mãezona, menos quando se tratava disso
Juliana : isso é sério? O Caíque estava formado na profissão dos sonhos dele e estávamos realizando nosso sonho mãe! Um sonho interrompido por causa do maldito Matheus! - e caio no choro mais uma vez
Isadora : fala baixo juh. Vai acordar os vizinhos - diz alarmada ao olhar para fora da casa e me revolto ainda mais. Eu nem sei do que eu estava precisando. Quem eu queria não iria mais voltar para mim
Juliana : que se danem os vizinhos! Essa casa era dos meus avós! Eles morreram esse ano mãe! A senhora não se importa? - e julgo outra vez. Ela respira fundo. Pelo que conheço dela, ela sabia que eu estava me comportando assim porque quem eu amo morreu
Isadora : é claro que me importo. Vem, - e pega no meu braço : entra. Ficar aqui fora no frio não vai resolver nada
Juliana : eu odeio aquele moleque - digo muito trêmula enquanto me permitia entrar na casa

...

Um dia depois...

Mais um velório, mais um rosto de alguém que amei cujo não tem mais vida, mais um... O Matheus tudo bem, mas agora o Caíque? Não sei se vou suportar... Vejo tudo preto. Eu havia desmaiado ao lado do caixão do meu marido cujo as pessoas o observavam. Ao acordar minha mãe me pergunta se estou bem e vejo que não era um pesadelo, o Caíque estava realmente em um caixão rodeado pela família que me julgavam, me perguntavam o tempo todo o que havia acontecido e que eu era culpada... Nem todos disseram isso é claro, mas a maioria... É muito duro para mim viver isso...

Rose : não! Não! Meu filho não! Juliana porque você não me contou nada?!!! - pergunta descontrolada entrando no velório do filho. Eu de fato não encontrei forças para contar a ela. Eu que paguei tudo. O caixão, a funerária... Tudo
Juliana : eu não consegui...- digo olhando para aquele jovem que agora descansava dentro de uma caixa de madeira escura
Rose : não... Meu filho não...!!! Você me paga Juliana! - tenta avançar para cima de mim, mas um moço e uma prima do Caíque a contem. Eu ia deixar 😭
Isadora : como assim a Juliana paga? A Juliana não tem nada a ver com a morte do seu filho dona Rose. Sinto muito pelo seu filho, mas a senhora não pode acusar minha filha assim - diz inconformada ao meu lado. Ela de pé e eu sentada
Rose : como assim não posso?! Meu filho está morto e só subi agora! Sua filha é tão covarde que nem conseguiu me avisar! - diz a frente do caixão do filho sem chão, sem motivos para viver. Logo ela que era uma mulher cheia de simpatia
Isadora : não fala assim da minha filha! - me defende com unhas e dentes. Modo de falar
Rose : meu filho está morto Isadora! Morto!!! Não é sua filha que está naquele caixão! - diz apontando para o caixão enquanto o moço e a prima dele a segurava. Suspiro olhando para ele
Juliana : tem razão. Não sou eu quem estou e eu me odeio por isso. - olho para a dona Rose angustiada : Se eu pudesse dar minha vida pela dele eu daria!
Isadora : você não é nem louca Juliana! - me repreende e olho para ela
Juliana : foi por minha causa que ele morreu

O meu Silêncio - Sonho de criança(6) ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora