34° Derrubando o antigo xadrez

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João narrando_
Horário de visita outra vez, mas não espero pela minha mãe. Ultimamente ela vem me visitando menos do que no começo. Eu não julgo não. Enquanto estava sentado, observo minhas mãos entrelaçadas inquieto até que alguém se senta a minha frente atraindo assim meu olhar. Me espanto. Era o Joaquim

Joaquim : calma aí cara. Vim na paz - diz esticando as palmas abertas, mas continuo a ficar desconfiado
João : o que você quer? com alguma faca escondida ai? - aposto perguntar. Não sei como ele apareceu pra Kettlin
Joaquim : limpo - diz revistando ele mesmo
João : e o que você quer? - o fito e ele suspira profundamente
Joaquim : apenas conversar. - e se senta. Continuo a ficar atento com ele : Posso saber porque fez aquilo? - pergunta se inclinando para a frente com as mãos entrelaçadas
João : fiz o que era certo - digo ainda atento. Eu não ia permitir que ele me matasse. Não mesmo. Aí permito e o bandido continua solto. Eu não sou assim
Joaquim : quem liga para o que é certo João?! - pergunta revoltado com irônia e resolvo tocar em sua ferida
João : eu e aposto que sua tia também - ele me fuzila com o olhar, porém dou de ombros : todo mundo sabe que eu só queria trabalhar na biqueira. Não sei porque o Filipe me procurou sendo que ele tem tantos outros capangas e tantos outros trabalhadores de biqueiras dele
Joaquim : digamos que você foi o sorteado... Azar ou sorte? - sorri
João : belo puta de azar - cuspo as palavras enojado com a cabeça baixa
Joaquim : fazer o quê né? Sabia que por sua causa minha tia não se importa mais comigo, meu dinheiro que conquistei matando a Kettlin foi bloqueado e agora tenho que me esconder feito ratos de esgoto? - aposta perguntar, mas ignoro. O tempo todo eu olhava para o seu corpo a procura de algum formato de arma
João : o carioca queria a cabeça do Gabriel e não a minha. Eu não ia dormir a noite se tivesse deixado aquilo acontecer - admito
Joaquim : você é fraco - julga e ergo a sobrancelha falou o fortão 😒
João : vai me dizer que você é forte?
Joaquim : bem mais que você. Quem é que está visitando quem agora? - solta um sorrisinho e estranho sua visita
João : como conseguiu entrar aqui? - pergunto curioso e ele dá de ombros
Joaquim : identidade falsa - o encaro : e... Ninguém me conheceu
João : tem sorte. Imagino que a essa altura do campeonato sua cara esteja estampada em todas as capas de jornais não? - sugiro ironicamente e ele sorri
Joaquim : famoso, mas por tua causa não posso aproveitar essa fama - diz por fim e respiro fundo
João : onde o Filipe tá? - pergunto curioso apesar de saber que ele não ia me falar, afinal traí eles
Joaquim : e eu por acaso sou louco de contar pra você? - pergunta irritado e dou de ombros. Resolvo deixá-lo nervoso para ver se ele ia tentar me matar. Essa era minha chance
João : não... Na verdade você é um pau mandado. Tudo que o chefe mandar o cachorrinho obedece. Fiquei sabendo que os policiais mataram o pitbull dele - aposto rir : ele está te tratando como se fosse o galactus pra suprir a saudade dele - o encaro 
Joaquim : cala boca arrombado do caralho! - diz furiosamente depois de bater a mão na mesa
João : vai me obrigar a calar? - provoco e o vejo pegar algo de sua cintura. Ele coloca uma faca na mesa. Eu sabia que o cara tava escondendo algo do tipo
Joaquim : acha que não? - me fuzila
João : eu sabia que tava escondendo algo. Sabia que não veio aqui atoa. - suspiro e me inclino para trás tentando parecer relaxado quando na verdade meu coração batia acelerado : Vai enfrente me mata. Só acho que sua titia não vai ficar feliz por isso - continuo a provocar. Ele se revolta de uma forma tão grande que me puxa fazendo com que eu ficasse de costas para ele conforme ele segurava minhas mãos e deixava a faca firme na minha garganta não... Você não vai vencer não. Se eu te deixar me matar você vai matar a Aline e minha mãe. Prefiro ser um assassino do que ver elas mortas por minha causa
Joaquim : como é? - pergunta pressionando a faca contra minha garganta e com dificuldade o respondo 
João : quer se transformar no assassino do seu pai? Se quiser continua - minha voz sai cansada
Joaquim : cala boca seu filho de uma puta! - diz me chaqualhando de forma violenta ainda me segurando da mesma forma. Faço um movimento rápido ficando de frente para ele enquanto torcia suas mãos conseguindo ter o controle da faca assim e enfiando abaixo de seu peito. Tudo muito rápido. Ele arregala os olhos em choque e dor, logo acaba rindo : fala pra minha tia que eu amo ela. - ele olha para a faca enfiada nele próprio e logo me olha : Você não é tão covarde como pensei - sua voz falha. Em choque e preocupação retiro a faca de seu corpo e largo ela no chão junto ao Joaquim
João : eu não posso deixar vocês vencerem - digo por fim e vou até a porta, batendo nela. Meu horário de visitas tinha acabado pra mim. A porta se abre e os policiais alarmados vão até o Joaquim que estava caido no chão e dois deles se agarram em meus braços. Minha pena com certeza ia aumentar e se antes eu podia pagar uma fiança absurda que saíria daqui, hoje eu sei que não tinha fiança alguma que pagasse isso, afinal eu matei uma pessoa 

O meu Silêncio - Sonho de criança(6) ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora