63° Difícil despedida

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Continuação...

Xxx : o senhor tem certeza? - ele hesita por longos minutos. Eu queria gritar, me mexer, mas era impossível
Hugo : sim, mas... - suspira. Talvez estivesse chorando. Eu também queria chorar : Não agora. No final da noite. Eu quero que os amigos dela tenham a chance de se despedir - praticamente implora e o silêncio reina mais uma vez desistiram de mim 😞

...

Segundos, minutos ou até horas se passam até que meus amigos começam a falar e falar enquanto choravam. Chegavam a soluçar. Eu não conseguia nem chorar. Parecia que tinha um museu em cima de mim. Bianca se declarou mais uma vez aos prantos me implorando pra acordar: "não cara... Não!!!" Passou boa parte chorando e chorando. As vezes o silêncio e a dor consumia o tempo. Pensei que ela ia desmaiar, se é que não desmaiou, mas todos tinham um curto tempo para se despedir de mim. O que foi um tanto cruel., minha prima ema se emocionou, a mah..., Sinto muito mah meu pai, minha mãe, Natan, Richard, Juliana, Bárbara, Gabriel e o Nicolas. Não ouvi minhas avós. Talvez elas se recusassem a me ver nesse estado, me verem morrer e era melhor assim

Emanuelle : se eu pudesse fazer algo para impedir eu juro que impediria prima. Você é uma garota cheia de qualidades... Só que somente seus pais podem se decidir e apesar do sofrimento, eles estão firmes de que querem acabar com tudo o que você está passando. Eu te admiro prima. Te admiro de mais. Você é a garota mais forte que já conheci. - beija minha mão : Descanse em paz - se despede tristemente e o silêncio outra vez. Um som de porta se abrindo e outro de alguém se sentando. Estava chorando
Marta : minha menina... - sua voz estava abalada demais. Talvez fosse irreconhecível se eu não a conhecesse : o que aconteceu? Porque...? - sua voz falha. Ela chora, mas toma folêgo rapidamente : Será que isso é pelo pecado que cometi? Você sabe que é como uma filha pra mim. Sempre foi. Sempre vai ser. Eu não entendi porque desistiram de você. - sinto ela tocar na minha mão : Eu não desistiria nunca. É difícil acreditar nisso quando eu senti nojo da sua prima e a desprezei. - ela solta minha mão : Meu Deus... Eu desprezei minha própria filha e agora minha outra menina está prestes a morrer. - diz inconformada : Acorda filha. Acorda Manuella. Você é mais forte que isso. - hesita sem forças : Por favor... - e chora, funga e novamente o silêncio surge. Alguém abre a porta e se senta
Hugo : desculpa filha. Desculpa. Desculpa - e chora. Eu queria chorar, mas não conseguia : se você estiver escutando eu quero que saiba que eu sou muito orgulhoso por ter você como minha filha. - ele toca na minha testa levemente como se estivesse com medo de me machucar. Ele estava tremendo e suas mãos estavam levemente suadas. Nervosismo. Eu ia morrer sem oxigênio e já havia de certa forma aceitado isso. Era isso o que eu queria. É isso o que quero. Estou ocupando o lugar de alguma pessoa doente que ainda necessita viver : Guerreira, determinada, dependente e sonhadora. - suspira : Eu não te culpo por querer ter o mundo do seu jeito. Todos nós temos o livre arbítrio e fique sabendo que eu e sua mãe entendemos isso com o passar do tempo. Te admiramos. Você é uma heroína filha, mas a sua luta acabou minha pequena. Você precisa descansar apesar disso significar que um pedaço de mim vai ser enterrado - ele dá espaço para o choro : minha menina. Minha filhinha... - suspira : Sua irmã está enorme. Já está andando, falando e estudando - sorri : eu amo as duas igualmente filha. Eu só quero que você não sofra mais e que me perdoe. Eu não ia desistir de você. Nunca, mas sua mãe me fez entender que você estaria sofrendo e o melhor seria isso - diz inconformado e chora muito outra vez : te amo Manuella. Eu te amo minha filha - sinto ele me beijar na cabeça. Um beijo demorado senti algo molhado cair em mim. Era suas lágrimas e mais uma vez chorei por dentro. E novamente o silêncio. Eu não conseguia chorar, mas a tristeza era enorme aqui dentro. Senti como se um pedaço tivesse ido com ele. Novamente ouço porta abrir e alguém se sentar. A pessoa suspira
Solange : sinto muito Manuella. Sinto... - e sua voz falha : Eu e seu pai admiramos você. - sinto ela pegar em minha mão : Sei que meu jeito é mimado e exagerado com você e as pessoas, mas você tem que entender que fui educada assim. - resmunga até na hora de dizer adeus. Eu queria sorrir, mas não podia. Sua voz estava muito triste : Enfim... Isso não justifica. Isso... Nada do que eu ensaiei estou dizendo aqui. - bufa e sinto que ela fica ereta : Filha a questão é que eu te amo e que eu não quero te ver sofrendo pra sempre em uma cama de hospital. Você merece descanso filha. Assim como seu avô... - ela suspira. Tenho quase certeza que estava chorando calada : seu avô Anttonio faleceu a três meses. Antes disso ele deu um filhote de basset pra você. A Marta que está cuidando. Dele e do seu porquinho. - eu realmente queria chorar. Meu avô morreu?! 😭 : Estão na sua casa. Eu libero ela duas vezes ao dia pra ir lá cuidar dos seus bichinhos e eu peço para veterinários examiná-los. - fica por um breve momento calada : Filha... - suspira cansada e desanimada : Me perdoa filha. Eu te amo meu amor - beija minha cabeça lentamente soluçando de tanto chorar e outra vez o silêncio. Mais uma vez me sinto destruída. Outra pessoa entra e se senta. Todos se despedindo de mim
Natan : iai... - suspira : cara... Porque você e não um marginal? Quero dizer... Quem fez isso a você já está pagando, mas... manu porque deixar a gente? Já estão preparando tudo. Eu não quero perder você. Digo... Perder minha amiga. Minha amiga gata pra cassete - ri e chora ao mesmo tempo. Logo funga. Ele segurava minha mão. Sua tentativa de tentar se manter firme foi falha. Será que o Lev estava aqui também? : você se mete em cada uma em... Cada uma querendo salvar alguém e no final sobrou pra você. - hesita : Lembro quando te conheci naquela balada. Lembro de você toda radiante, toda alegre e agora está aqui... - diz inconformado : Sua história está tendo um fim amiga. Descanse em paz garota dos meus sonhos - beija minha testa e sinto algo molhado escorrer pelo meu rosto também. Depois o silêncio. Outro alguém entra e eu já estava com o coração doendo de tanta tristeza. Eu precisava voltar, mas tinha algo muito forte me impedindo. Esse alguém diferente dos outros não tocou em mim e ficou em silêncio por um bom tempo. Eu precisava voltar. Com essas pausas em silêncio me fez refletir que eu precisava recuperar o tempo perdido amando quem me ama. Tive a certeza depois que falei com meus pais. Só não queria aceitar. Mas como vou voltar? A coisa que me impede é um bilhão de vezes mais forte que eu
Richard : você... - sinto ele tocar no lençol. Talvez evitando olhar para mim : Você sempre vai ser o amor da minha vida apesar de tudo. - suspira : Descanse em paz Manuella - e o silêncio outra vez. A porta se abre e alguém se senta
Juliana : a ultima vez que te vi brigamos feio. Eu nunca imaginei em te ver assim. Agora eu entendi tudo. Eu te peço perdão manu. Espero que possa me perdoar. O Caíque morreu porque estava na hora dele e agora seus pais decidiram que essa vai ser sua hora e apesar de todos serem contra, eu fui a favor. O Nicolas brigou com seu pai sabe? Mas... Ele não entende. A Bianca também. - hesita : Você tem que descansar. Ficar em paz depois de tudo o que passou. Fica com Deus amiga - ela beija minha cabeça e o silêncio outra vez. Fiquei aliviada por saber que ela me entendia. Outra pessoa entra. Afinal ela me chamou de amiga? Que tipo de amiga fui pra ela? 😔
Bárbara : eu não deveria ter deixado você ir... - diz como alguém que não conseguia me olhar, mas talvez eu imaginasse isso pelo que eu lembrava de ter ouvido. Eu não a culpo. Jamais. Nunca a culpei : Eu nunca vou me perdoar por isso. Por um bom tempo eu me recusei a me olhar no espelho. Me recusei a olhar no rosto de cada um de importância pra você, mas eu não podia deixar de vir me despedir. Eu lembro quando você cruzou minha vida. Eu queria tanto te ajudar e no final você está aqui aguardando a morte. Meu amor eu sinto falta de quem eu era antes. De verdade mesmo. Eu mal sei como consegui ajudar o Gabriel. Ele definitivamente largou das drogas e agora estamos morando juntos, mas... Eu esperaria minha bela adormecida acordar pela eternidade. Eu não entendo porque seus pais decidiram isso, mas enfim... São seus pais e eu tento entendê-los. Cara... Eu te amo demais e espero que você me perdoe porque eu não consigo fazer isso. Te amo amiga. Fica com Deus - e beija minha mão lentamente ao choro. Soluçando e soluçando. O silêncio outra vez. Outro entra e se senta. Respira fundo
Gabriel : é mina... Gabriel - eu queria sorrir ao lembrar de suas gírias : Acho que essa é a nossa despedida. A última vez que te vejo. Eu queria agradecer sabe? Tu foi tão amiga, parceira, irmã comigo e eu sempre coloquei a culpa que era minha em tu. Eu não culpo tu não ligado? Eu que sou um tremendo covarde mesmo por não assumir minhas escolhas. Eu consegui te salvar uma vez. Queria poder ter a chance de te salvar de novo, - faz uma pausa. Talvez estivesse chorando : mas teus pais tem razão. Você merece descanso depois de tudo. Fica bem manu. Descanse em paz ligado? Não puxe minha perna durante a noite porque vou saber que foi tu - ele ri e começa a chorar : eu te amo irmãzinha - admite acariciando minha mão e outra vez o silêncio. Outra vez alguém entra e se senta
Nicolas : não, não, não, não, não!!! - ele nunca ia aceitar minha morte. Eu queria fazer carinho nele, mas não conseguia : Manu não me deixa por favor... Acorda princesa. Por favor. - implora : Cara... Você precisa acordar. Prova pra eles que estão errados. Por favor. Eu ainda preciso de você. Eu não estou pronto pra te perder assim. E eu não quero te perder. Eu tenho tantos planos pra gente. Sei que você também tem. Só foi interrompido por causa disso, mas linda... Me escuta. Ninguém deveria se condenar tanto peque... - mas é interrompido por alguma coisa enquanto eu lutava para acordar, entretanto toda batalha era inútil. Eu não conseguia de jeito nenhum
Xxx : o senhor poderia sair? Chegou a hora de desligar... - mas o nick o interrompe
Nicolas : espera, mas eu nem me despedi direito - diz desesperado
Xxx : temos horário senhor - diz friamente
Nicolas : por favor... Manuella! - pede para mim desesperado, mas por mais que eu tentasse eu não conseguia. O que restava era todos superar a minha morte e me arrepender pela eternidade pelo tempo perdido

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O meu Silêncio - Sonho de criança(6) ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora