Capítulo Único

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 Conto criado a partir de um desafio do grupo de Whatsapp "Mundo das histórias"

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Conto criado a partir de um desafio do grupo de Whatsapp "Mundo das histórias". Consistia em criar uma releitura de um filme de terror clássico. Eu escolhi Psicose de 1960. Espero que gostem :D

***

Marion Crane dirigia sozinha em meio a tempestade. Pensava nos atos criminosos que acabara de realizar e não obstante chovia lá fora e em seus olhos. Ela sentia-se perdida e não se reconhecia mais. Estava com certeza precisando de dinheiro, mas roubar um banco? Ela nunca pensara que seria capaz de tal coisa. Lágrimas saíam dos seus olhos e ela esperava que a tempestade dentro dela acalmasse tanto quanto a do lado de fora do seu carro.

Não sabia onde iria, mas dirigia mesmo assim. "Talvez eu vou parar no meio de uma floresta com animais selvagens" pensou e revirou os olhos com o próprio pensamento. Isso não podia acontecer de forma alguma. Dirigiu e viu um estabelecimento no horizonte. Ainda estava longe mas ela acelerou o carro afim de chegar mais rápido ao seu destino. Quando assim o fez, enxergou de longe uma placa que dizia "Bates Motel, seja bem vindo".

Ela estava com medo pois tinha tido uma má impressão do local. Talvez fosse porque o seu rádio só falava do pintor assassino Byron Mason que havia matado a própria vizinha de maneira cruel e que agora ele estava a solta, sem ninguém saber do seu paradeiro. Ou talvez fosse porque tinha 40 mil na sua bolsa e ela não sabia onde seria um melhor lugar para guardá-lo. Seja lá o que fosse, aquele lugar a causava arrepios.

Estacionou seu carro na garagem e percebeu que era a única hóspede de lá. Algo dentro dela estava avisando que era melhor fugir o quanto antes mas ela não o fez. Talvez fosse o futuro dando uma chance para ela correr mas ela não sabia disso. Ela desceu do carro e foi até a recepção do motel. Chegou lá e viu um homem alto, com cabelos compridos até os ombros, com piercings na sobrancelha e nos lábios. Ele era todo tatuado e seu corpo escultural deixou Marion sem fôlego de primeira.

- Olá - Disse ela olhando nos olhos do homem - Me chamo Marion e procuro um quarto para passar a noite. - Disse olhando em volta.

Ele não disse nada, apenas entregou uma chave com o símbolo 1 escrito de preto com número grande. Ele lançou um olhar sombrio e ela permaneceu na recepção, querendo desafiá-lo. Tentava demonstrar segurança mas por fora era perceptível seu medo, mas ela não sabia disso.

- Como se chama moço? - Perguntou com a voz baixa.

- Norman Bates - Respondeu com a voz rouca.

Marion pensou em dizer que achara o nome dele muito bonito mas ficou em silêncio. Não queria dizer mais nada tão pouco um elogio. Virou as costas e observou pela última vez o local. Haviam cabeças de animais empalhados no teto. Eram de todos os tipos, ursos, bodes, coiotes e hienas. Haviam diversas espécies de pássaros e ela sentiu um arrepio novamente passar pelo seu corpo. Taxidermia nunca fora algo que ela conseguira aceitar.

Seguiu para o seu quarto e deitou na sua cama. Apenas mais tarde tomaria um banho, agora queria descansar. Fechou seus olhos e respirou fundo. Não queria pensar na possibilidade de algo dar errado e descobrirem quem havia assaltado aquele banco. "Eu só quero casar!" pensou dando um longo suspiro. Tinha que se perdoar de uma vez por todas senão não conseguiria dormir com o peso em sua consciência. Continuou de olhos fechados e nem notou que acabou adormecendo.

***

Acordou assustada. Um barulho muito forte estava vindo da recepção do motel, parecia que tinham quebrado alguma coisa. E o barulho continuava e agora eram perceptível gritos vindos de lá. Levantou de sua cama assustada e caminhou até a recepção do motel. Foi silenciosamente e se colocou na frente da porta e se escondeu nas sombras, tentando não ser vista.

- Você tem que deixar de tentar controlar tudo o que eu faço! - Gritava uma mulher já de idade. Ela parecia fora de si e gritava muito - Eu sou sua mãe! E sou muito mais que isso, sou uma mulher livre, sou Norma Bates!

- Mãe - Disse Norman Bates respirando devagar - Eu já te disse que é difícil para mim aceitar que você está saindo com um homem...

- Mas eu sou uma mulher! - Gritou apontando o dedo indicador em seguida - E você deveria fazer o mesmo. Socializar é humano e você está deixando de ser. Meu filho você não precisava ter esfaqueado meu namorado. Eu tive que enterrar meu namorado no quintal da minha casa por você! - Norma Bates colocou suas duas mãos nos olhos - Olha tudo o que eu estou fazendo por você filho!

Marion ficou horrorizada com a conversa. Soltou um grito de surpresa. Rapidamente colocou suas mãos na boca mas era tarde demais. Norman Bates a olhou com um olhar louco, perturbado. Foi atrás dela e a mesma pôs-se a correr. Ela não pensava em mais nada, apenas queria saber de fugir, de ir embora de toda aquela loucura. Ela sentiu braços a envolvendo e Bates a segurou. Marion só sabia gritar e tentar escapar, mas parecia impossível.

- Por favor, não me mate, eu lhe imploro!

- Você sabe demais - Disse ele em seu ouvido.

Ela sentiu a mão de Norman Bates ir de encontro à ela e foi golpeada diversas vezes até que finalmente apagou.

***

Crane foi mantida no porão da casa da família Bates por longos meses e ela já estava se acostumando com aquela vida que levava. Chorava quase todos os dias e gritava pedindo socorro para quem quer que estivesse passando seus dias no motel perto da casa. Algo estava acontecendo dentro dela e ela não sabia o que era. Toda vez que Norman Bates chegava para alimentá-la seu coração acelerava e faltava ar. Só depois de alguns dias ela percebeu que estava se apaixonando pelo seu carcereiro. Mas como não se apaixonar? Ele chegava com aqueles músculos naquela pele toda desenhada. Ela estava perdidamente apaixonada por ele e não sabia como falar.

Até que tudo não valeu mais à pena. Norman Bates chegou em uma noite fria e a esfaqueou com ódio e Marion enquanto morria, mesmo não sabendo que estava morrendo de fato, sorriu para ele. Ele era o homem da sua vida e agora, da sua morte também. Esperava no fundo que eles ficassem juntos e se amassem no inferno. Morreu desejando tê-lo e pensou que talvez, apenas talvez, ele fosse eternizar o corpo dela como dos animais em sua parede.

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⏰ Última atualização: Jul 28, 2020 ⏰

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