4.6 - Amelia

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Hoje a noite embarco para New York para a tão esperada cirurgia. Fiz o possível e o impossível para impedir meus sentimentos de tomarem conta de mim durante esses últimos dias, pois era indescritível a ansiedade que eu estava. Foi difícil pois passamos a maior parte do tempo treinando para a cirurgia, falando sobre, planejando... E já é daqui dois dias. Chegaremos lá, com o fuso horário, no fim da noite. Alex nos dispensou do trabalho por hoje, vantagens em tê-lo como chefe e, por sorte, também é o dia de folga de Link. Desde que acordei ele está fazendo de tudo para me manter distraída. Começou com um gigantesco e caprichado café da manhã para nós. É lindo como ele se preocupa com os mínimos detalhes. Vou sentir falta dele nesses dias que ficarei fora. Faz meses que estamos praticamente morando juntos e a cada dia que passa, só fica mais incrível. Por mais que eu o quisesse lá comigo para me trazer confiança, ser a minha luz azul humana, eu preciso encarar tudo isso sozinha pra me lembrar de quem eu sou.

Tínhamos inventado de tentar fazer fettuccine alfredo para o almoço, o que quase se tornou um desastre. Link é perfeito na cozinha, o próprio chefe, mas eu não tenho tantas habilidades assim. Achei que ao menos sabia cozinhar uma massa, mas estava bem enganada. Tivemos que repetir o processo depois que virou uma pasta só e Link zombou disso pela maior parte do tempo. Ele me ensinou a como fazer o molho, concordei com tudo fingindo estar aprendendo alguma coisa para não o deixar frustrado. Talvez eu consiga repetir a receita um dia, tentarei em breve. Desperdiçamos duas horas na preparação de um simples macarrão que era para ter levado trinta minutos, mas valeu a pena, o resultado foi delicioso e, no final, foram duas horas cozinhando com Link.

Como tínhamos algumas horas até eu ter que estar no Aeroporto, decidimos ir caminhar no parque que fica ao lado do apartamento de Link e curtir o pôr do sol. Depois da Califórnia, isso havia se tornado um de nossos passatempos preferidos. Infelizmente, somos médicos e quase nunca temos a sorte de estar os dois disponíveis nesse horário, mas, quando temos, sempre aproveitamos na companhia um do outro. No relógio já passa das seis da tarde enquanto estamos deitados na grama.

"Estava pensando em como seria perfeito se você estivesse lá conosco. Seria como na Califórnia." Digo, deitada em sua perna.

"Deixo você aproveitar esses momentos com a Jo." Ele acaricia meu cabelo. "Só não se apaixonem."

"Hum, uma tarefa difícil." Nós rimos. "Você vai precisar de sorte para aguentar o Alex."

"E você, a Jo."

"Está falando isso só para não se sentir tão mal? Por que eu saio ganhando nessa."

"É... Não queria ter que admitir." Ele brinca e me puxa para deitar em seu braço.

"Você ainda nem foi, mas já estou com saudade."

"Vai passar rápido." Digo. "Quando menos esperar, estarei de volta e você vai desejar que eu demorasse um pouco mais."

"Acho mais provável que seja ao contrário."

O sol já sumiu quase por inteiro quando ergo a cabeça para poder enxergar seus olhos, que estão centrados nos meus. Com uma das mãos em minha nuca, nós nos beijamos, sem pressa para parar.

A maior parte do caminho até o aeroporto fomos em silêncio, apenas aproveitando o som da playlist que Link havia feito para nós. Era um silêncio confortável apesar de todo meu nervosismo voltando a tona. Jo havia me mandado mensagem a poucos minutos falando que já havia chegado com Alex e Steph. Combinamos de nos encontrar em frente ao portão B para que pudéssemos ir todos juntos até a pista. Dessa vez, viajaremos no avião particular do hospital, então, não precisaríamos passar por todo o processo de check-in. Link estaciona em frente a placa que informa ser somente para embarque/desembarque e eles entram no carro rapidamente.

"Oi!" Todos dizem, se acomodando no banco de trás.

"Oi. Como estão?"

"Ansiosa, nunca andei em um jatinho." Steph diz.

"É a minha primeira vez também." Jo complementa.

"Nora nem nasceu e está melhor que eu." Link brinca.

"O que eu não faço por essas duas?" Alex se gaba.

"Vocês dois vão passar os próximos dias dormindo juntos, sofrendo, enquanto comem potes de sorvetes com saudades de nós?" Jo questiona e começo a rir.

"Como adivinhou?" Alex diz.

"É que era óbvio." Link continua a brincadeira.

Alex ensina o caminho até a pista e em menos de cinco minutos estamos a frente do jato que nos levará até o outro lado do país. Alex tem a gentileza de tirar nossas malas de dentro do carro e começa a se despedir de Jo. Olho para Link que me puxa para um abraço apertado e demorado. Afasto meu rosto de seu corpo depois de um tempo, e o beijo.

"Shepherd, Wilson, parem com isso e vamos logo." Tom grita da porta da aeronave. "São só alguns dias, vocês não vão morrer."

"Você é muito mal amado, hein?" Jo reclama e faz um sinal com a mão para irmos.

"Tenho que ir." Falo, ainda nos braços de Link.

"Eu sei." Ele sorri fraco. "Boa viagem. Me avisa quando chegar."

"Tudo bem." Me afasto de seu abraço e ele pega em minha mão.

"Eu te amo."

lhe dou um último selinho. "Eu também, muito!"

Dou um rápido abraço em Alex e subo as escadas da aeronave. Me sento na poltrona a frente de Steph e ao lado de Jo. O comissário nos oferece bebidas e negamos, aceitando apenas um água. Assim que nos entrega, ele pede gentilmente para afivelemos o cinto pois já vamos decolar.

Assim que a aeronave se estabelece no ar e estamos livres para circular, Jo se junta a mim e Steph, sentando-se no largo banco que há entre nós e nós continuamos conversando por um tempo enquanto seguimos viagem.

Nothin' like youOnde histórias criam vida. Descubra agora