4.9 - Amelia

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Não tenho palavras para descrever o quão aliviada estou depois de ter concluído essa cirurgia. Deixar New York sabendo que salvamos a vida daquela família, é simplesmente satisfatório. Scarlett estava respondendo bem ao pós operatório e não havia apresentado nenhum risco nos últimos dois dias. Estávamos voltando para Seattle, confiantes de que tínhamos cumprido nosso dever. Tom se ofereceu a nos pagar um jantar ontem, em comemoração. Fomos a um restaurante cinco estrelas indicado pelo mesmo e, posso afirmar que o lugar vale cada centavo. Não faz muito meu tipo, por preferir lugares mais simples, mas era espetacular, lindo e elegante e a comida não fica para trás. Foi um jantar incrível e divertido. Jo e eu combinamos que comemoraríamos quando voltássemos, com Alex e Link. Faz apenas quatro dias que não o vejo, mas sinto tanto sua falta. Ele esteve com a agenda lotada e consequentemente, mal conseguimos nos falar depois da nossa rápida ligação pós cirurgia que, com o cansaço, acabei dormindo e o deixei falando sozinho. Estou ansiosa para vê-lo, abraçá-lo, sentir seu toque novamente.

A aeronave acabava de pousar no solo e Jo parecia impaciente para sair.

"O que foi?" Pergunto a mesma.

"A bebê está chutando demais." Ela reclama, expressando sua dor.

"Achei que já estivesse se acostumando."

"Estava, mas hoje está demais!" Ela coloca a mão na barriga. "Talvez Nora não goste da pressurização."

Rio em resposta. "Se não estiver se sentindo bem, posso ir com você pra casa."

"Não, estou bem! O Link não vem te buscar?"

"Não sei, ele estava bem atarefado esses dias." Digo enquanto pego minhas malas e ajudo Jo a tirar as suas do bin.

"O Alex também, acho que vamos acabar indo sozinhas."

"Acho que não." Digo assim que olho pela porta.

Link está parado, com um sorriso enorme no rosto, encostado em seu carro e uma plaquinha na mão. Percebo que, fugindo do clichê, está escrito algo relacionado ao nosso desempenho na cirurgia, mas não consigo prestar atenção nisso, pois tudo que quero no momento, é abraçá-lo. Assim que me vê, ele abre seus braços e vou em sua direção. Ele nos gira, quase me tirando do chão, em um abraço apertado. Eu viveria aqui pra sempre. Nos afastamos apenas para nos olhar por um mísero segundo antes de nossas bocas se encontrarem.

"Parabéns, de novo!" Ele diz. "Estou orgulhoso de você."

"Obrigada." Sorrio, ainda em seus braços. "Senti sua falta."

"Eu também, você não tem noção." Ele ri. "E aí, mamãe!"

Nos afastamos completamente para que ele possa cumprimentar Jo. Link avisa que Alex não pode vir por estar em uma cirurgia de emergência e pega nossas malas, colocando-as no carro. Ofereço carona para Steph, mas ela recusa, dizendo que já tem alguém esperando por ela. Imediatamente, percebo que ela se arrepende do que disse. Sabia que estava me escondendo algo.

Com o carro em movimento, eu e Jo nos atropelamos nas palavras para contar sobre a cirurgia para Link. Enquanto tento contar ao meu ponto de vista, ela começa a falar do dela, me enaltecendo e dizendo o quão corajosa fui. Link entra no embalo e eu só queria fugir desse carro.

"Tudo bem gente, já chega." Digo, coberta de vergonha. "Obrigada mesmo pelo apoio, mas não precisam exagerar."

"Não estamos exagerando." Jo exclama. "Aquilo foi incrível."

"Eu queria ter visto ao vivo." Link lamenta e eu pego em sua mão que está pousada sobre sua perna. "Mas não discordo da Jo. Foi incrível."

"Você perdeu um espetáculo." Ela continua.

Link começa a nos contar sobre seu dia e eu agradeço por termos mudado de assunto. Ameaço o bater quando ele diz que acabou de sair de um plantão de quase 18 horas e, ainda assim, foi nos esperar no aeroporto, mas sei que nada mudaria isso nele. Me ofereço para dirigir e ele nega, alegando não estar cansado, o que é uma péssima mentira. Passamos em um drive thru para comprar hambúrgueres antes de seguir para seu apartamento, onde esperaríamos por Alex para poder comemorar os quatro juntos a noite.

Link aconselha Jo a ir se deitar no quarto de hóspedes após a mesma reclamar de dor na costas. Sua barriga só crescia a cada dia e eu nem consigo imaginar como deve ser difícil a este ponto da gravidez. Convenço Link a nos deitarmos também e descansarmos até Alex chegar, já que levaria algumas horas ainda. Ele reclama de primeira, mas logo se rende.

"Você está incrivelmente lindo com essa cara acabada." Digo encarando-o deitado a minha frente.

"Não brinque com minha cara de derrota." Ele zomba, me fazendo rir. "Você sempre está linda, em qualquer ocasião. Feliz, triste, cansada, animada, ao acordar, depois do..."

"Pode parar!." Ele sorri.

"Estive pensando esses dias..."

"No que?"

"Faz meses que estamos praticamente morando juntos."

"Chegou o momento que você me expulsa?"

"O que? Está doida?" Ele me olha assustado. "Não quero que você vá embora nunca mais."

"Ufa." Digo, realmente aliviada. "Quer dizer, se você quiser que eu vá embora, eu ia entender, já que esse era meu plano a quatro meses atrás mas você acabou me convenc..."

"Amelia!"

"O que foi?"

"Eu ia sugerir que você ficasse definitivamente aqui. Não sei por que ainda insiste em manter algumas coisas na casa da Maggie. Se só faltava essa conversa para você se mudar, estamos tendo-a agora." Ele pega em uma de minhas mãos. "Vamos morar... ou, continuar morando juntos, mas pra valer dessa vez. Traz suas coisas pra cá, podemos redecorar tudo para você se sentir mais em casa, sentir que aqui também é seu, não me importo. Na verdade, eu amaria! Vai ser incrível ter esse lugar com a sua cara também e..." O interrompo, nos envolvendo em um beijo. Consigo sentir seu sorriso entre meus lábios e não resisto a fazer o mesmo.

"Tudo bem." Ele sorri. "Vai ser legal brincar de arquiteta com você."

Discutimos sobre algumas coisas para hoje a noite e, brincando com minha mão sobre seus cabelos, ele adormece.

Nothin' like youOnde histórias criam vida. Descubra agora