3.3 - Amelia

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Agora que saímos da festa, sinto que posso finalmente deixar meus sentimentos falarem por mim e desabar, mas, não quero fazer isso perto de Link, ele se preocuparia atoa pois sei que é algo passageiro. Estou mal e preciso aceitar essa dor, preciso colocar tudo pra fora, mas vai ficar tudo bem. Já passei por coisas bem piores e sobrevivi.

"O que foi?" Link me questiona assim que entramos em seu apartamento, colocando sua mão em meu queixo para poder me olhar com mais clareza.

"Nada, só estou cansada e... cansada."

"Por que não toma um banho para tirar esse peso de hoje? Enquanto isso eu faço um chá para você tomar antes de deitar."

"Você não existe, Atticus Lincoln." Ele se curva e me dá um beijo rápido. "Obrigada." Digo antes de seguir para o banheiro.

Abro meu vestido e o deixo cair sozinho pelo chão gelado do cômodo, tirando todo o restante de roupa em seguida. Me observo no espelho, por um tempo e, me pergunto por que. Por que estraguei minha vida de tantas maneiras diferentes. A única coisa que ainda não destruí, foi minha carreira. Mas de que adianta ser uma boa cirurgiã, se sou sempre um problema para todos a minha volta? Me olho com desgosto, lembrando de Owen me tocando e imagino o que poderia ter acontecido se Alex não tivesse aparecido ou se estivéssemos em outro lugar, onde fosse só eu e ele. Talvez se eu nunca tivesse me drogado, eu nunca teria o conhecido, e minha vida teria sido totalmente diferente... Ele disse que iria para a Alemanha, mas e se mentiu? E se ele estiver lá fora, esperando por mim, pelo Link ou por Alex? As lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto e deixo que elas me consumam.

Ergo a cabeça novamente e respiro fundo, encarando essa pessoa quebrada e desequilibrada a minha frente. "Vai ficar tudo bem. Você não precisa disso pra seguir em frente. Você aguenta a dor, ela vai passar." Repito essas palavras a mim mesma enquanto entro no chuveiro.

Amanhã é meu dia de folga e tudo que eu precisava era me distrair com meus pacientes. É isso que me faz bem, a medicina e, agora, Link. Preciso achar um lugar para morar, já que não tenho mais um quarto na casa de Meredith, então ocuparei meu tempo com isso. O apartamento de Link foi minha casa nessas últimas semanas, e sei que ele vai implorar para que eu fique, mas não posso continuar abusando dele e, por mais que pareçamos bem agora, acho que eu o devo uma explicação e um pedido de desculpa. Desligo o chuveiro e enrolo uma toalha na cabeça, me secando com outra. Olho para o balcão e sorrio ao ver uma pilha de roupas de Link ali. Ele disse que começaria a deixar suas roupas para que eu usasse sempre que saísse do banho, já que elas combinavam mais em mim do que nele. Pensei que Link estivesse brincando, mas ele falou sério. Pego um moletom simples da pilha e visto com short de pijama meu que sempre fica aqui. O que mais amo em usar suas roupas é o cheiro dele exalando em mim.

Ao sair do banheiro, Link está sentado na cama com uma xícara na mão. Ele dá duas batidinhas ao seu lado para que eu me sente e assim faço.

"Cuidado, está bem quente." Ele me passa a xícara.

"Obrigada, eu juro que amanhã vou procurar por um lugar pra mim."

"De repente você não gosta mais de ficar comigo?"

"Dramático." Sorrio e ele ri enquanto dou um gole no chá. "Não posso ficar aqui para sempre."

"Por que não?"

"Link, até hoje cedo nós nem estávamos nos falando."

"Eu sei, mas agora está tudo bem." Ele coloca sua mão sobre meu corpo e o acaricia. "Você quer conversar sobre isso?"

"Não sei."

"O que eu tive com a Jo, não foi nada! Foi a tantos anos que nem nos lembramos mais disso. Nós dois assumimos que foi um erro no dia seguinte."

"Link, não precisa se explicar! Eu não me importo com o que rolou entre vocês, sei que são melhores amigos agora." Ele sorri, aliviado. "Mas, espero que você saiba que eu e..."

"Sim, eu sei. Eu confio em você e também não ligo para isso. Me desculpa por ter sido um idiota aquele dia."

"Você não foi idiota, mas então, vamos esquecer isso." Coloco a xícara no criado mudo ao meu lado.

Link se deita, me puxando junto. Ele passa a mão pelo meu cabelo úmido, o prendendo atrás de minha orelha e me puxa para um beijo. Nossas línguas brincam em um ritmo totalmente calmo enquanto aproveitamos o momento. Ele me trás tanta paz e confiança, principalmente quando estamos assim, em um momento puro de amor. Preciso tirar isso de dentro de mim e acho que é o momento certo.

"Link?" Digo entre seus lábios.

"Hm?"

"Acho que... Eu te amo." Ele para e ri. Não me contendo, rio junto. "Eu não acho, tenho certeza. Só... As vezes é assustador dizer isso em voz alta."

Ele ignora tudo que digo e me beija novamente por alguns segundos até dizer.

"E eu amo você, faz um tempinho já." Sorrio, aliviada e feliz por esse momento.

Link me abraça por trás, depositando um beijo em minha nuca e em poucos minutos, pego no sono.  

Nothin' like youOnde histórias criam vida. Descubra agora