0.8 - Link

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Ela está tão linda, mais do que eu me lembrava, mas parece chateada, assustada. Queria saber o por que, queria poder ajuda-la, mas não posso me envolver e nem me permitir criar sentimentos, o que, certamente, aconteceria. 

"O que foi? Ai droga, não é Link?" Ela começa a rir e percebo que estive calado até agora, apenas observando-a.

"O que? Não." Acompanho ela, rindo, e continuo. "Só fiquei surpreso por você lembrar."

"Bom, se eu não me lembrasse do nome de um cara gato assim, podiam me internar."

"Fico lisonjeado em ouvir isso, pois é mútuo." Amelia me encara, e sorri, enquanto peço uma bebida para mim.

"Tá, me responde uma coisa." Ela diz enquanto vira o restante do copo. "Não é você que está saindo com a Meredith né?"

"Até onde eu me lembre, não." Brinco.

"Então eu posso flertar com você sem sentir culpa." Ela pede outra bebida e meu celular vibra. Olho rapidamente e vejo que são do Alex.


Você tem 3 novas mensagens.

Alex Karev: Está com a Amelia?

Alex Karev: Se sim, não deixa ela beber. Se ela reclamar, pode avisar que fui eu que pedi.

Alex Karev: Qualquer coisa, trás ela pra cá. 


Releio a mensagem algumas vezes e volto a olhar para ela. Amelia está de olhos fechados, dançando conforme a música, ainda sentada, com o copo de whisky na mão. Tento imaginar o por que Alex me mandaria aquelas mensagens, ou por que ela não deve beber.

"Não me lembrava disso ter um gosto tão horrível." Ela aponta para o copo. "Quem consegue beber essas coisas? Espera, eu bebia." Ela ri e antes que eu possa responder, ela segura minha mão. "Vamos dançar?" 

Amelia me puxa para a pequena pista do pub onde apenas algumas pessoas estão. Sem se importar com a música em um tom animado, ela se apoia em meu pescoço e dançamos em um ritmo totalmente aleatório enquanto nos olhamos. 

"Você costuma vir aqui?"

"Jo me arrasta sempre que pode, então sim." Ela sorri. "E você?"

"Essa foi minha primeira vez em anos."

"Por que?" Questiono, tentando entender tudo que está acontecendo.

"Hmm, sei lá." Ela desvia o olhar por um segundo, e volta a falar. "Eu gosto de operar. Operar cérebros. Eles são legais, melhores que bebidas. Eu queria operar o meu." Não contenho minha risada e ela ri também, percebendo o que acabou de falar. "Você é médico?"

"Não exatamente."

"Ai que chato. Você tem cara de médico, aqueles que as mães dão em cima."  Assim que as palavras saem de sua boca, lembro do pior dia da minha vida, mas tento disfarçar sorrindo para ela. 

Amelia se aproxima de mim, deixando nossas bocas a poucos centímetros de distancia. Tento imaginar se ela está querendo isso tanto quanto eu, se está esperando que eu faça algo, mas decido não ir adiante. Ela parece vulnerável demais, talvez seja só o efeito do álcool no seu corpo. 

"Você é loiro, meio branquelo, igual a ele." Amelia diz, se afastando de mim.

"O que?"

"Você." Ela fica séria. "Está tão parecido com ele agora, mas você é tão bonito, tão sexy." Ela começa a acariciar meu cabelo.

"Quem é ele?"

"O Owen." Ela se distancia completamente e fica paralisada por um momento.

"Amelia?" Ela observa tudo à nossa volta, sem dizer nada. "Você está bem?" Questiono, colocando a mão em seu ombro.

"Preciso sair daqui." Ela volta até a bancada, parecendo confusa, e veste uma jaqueta preta que estava no banco. "Droga, acho que eu vim até aqui andando."

"Onde você mora?" Questiono e peço uma água para o barman.

"Na casa da Meredith."

"Tudo bem, onde fica a casa dela?"

"Sei lá." Amelia se apoia em mim e continua. "E se ele estiver lá, me esperando? Ele vai me bater, vai me bater de novo."

"Quem? O Owen?" O barman me entrega uma garrafa de água e saímos do lugar.

"Sim. Ele voltou e acho que quer se vingar de mim, mas eu não fiz nada."

"Tudo bem, posso te levar pra casa se quiser. Caso esse cara esteja lá, não vou deixar que ele encoste em você."

"Não, eu não posso ir para casa."

"Tudo bem, ele não vai te machucar."

"Não, Link." Ela me olha assim que chegamos a entrada do bar. "Não posso ir pra casa por que estou bêbada." Ela começa a rir e se senta no chão.

"Toma isso aqui, vai ajudar um pouco." Passo a pequena garrafa a ela, que aceita sem questionar.

"Maggie ficaria tão chateada comigo. Eu também estou chateada, mas o que eu posso fazer?" Ela dá alguns goles na água antes de voltar a falar. "Ai que droga, eu não deveria ter bebido, eu não deveria estar aqui, droga. Por que eu simplesmente não fiquei em casa depois que vi ele? Você é tão idiota, Amelia." Ela tenta se levantar, mas se desequilibra.

"Tudo bem, eu não sei o por que você não deveria estar bêbada mas acho que concordo." Ajudo-a a ficar em pé novamente. "Tem algum outro lugar seguro que eu possa te levar?"

Ela está mexendo no celular e parece frustrada. "Eu não estou achando." Reclama.

"O que?"

"O número do meu irmão." Ela respira fundo e volta a rolar a tela do aparelho. "Eu vou ligar para ele. Ele é o único que iria me ajudar agora."

"Quer que eu te ajude?" Questiono. Ela assente com a cabeça, mas logo depois desiste de me passar o celular.

"Espera." Ela olha para mim, séria. "Eu esqueci que ele morreu." Não sei se ela está falando sério, ou é apenas a bebida, já que ela começa a gargalhar em seguida. "Vamos pra sua casa. Você tem casa?" Amelia pergunta.

"Tenho." Não consigo conter o sorriso com sua pergunta, mesmo estando confuso com sua situação.

"Problema resolvido! Sua casa deve ser segura."

"Tem certeza que não quer ir para a sua?"

"Quer saber? Você não tem que fazer isso, a gente mal se conheçe então esquece, eu me viro." Ela sai andando pelo estacionamento.

"Tudo bem, vem." Digo, enquanto pego em sua mão. "Vamos para minha casa." Ela revira os olhos, mas me acompanha até o carro.

Assim que começo a dirigir, ela volta a falar. "Espera, espera. Você é amigo da Wilson."

"Agora é Karev, mas sou."

"Droga, você não mora com ela não, né? Ela não pode me ver assim também, muito menos o marido dela." Fico calado por alguns segundos, pois não sei como responder que estou levando-a exatamente para lá. "Link??"

"Por que eles também não podem te ver?"

"Não quero falar sobre isso."

"Tudo bem." Entro na próxima rua e sigo para meu apartamento. 

Nothin' like youOnde histórias criam vida. Descubra agora