1: Godofredo e a Busca Implacável Por um Lar

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Com sua estimativa de sobrevivência datada de cerca de um ano, Godofredo não poderia imaginar que, em um período tão curto de tempo, conseguiria influenciar a vida de duas pessoas de uma forma tão estupidamente inusitada

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Com sua estimativa de sobrevivência datada de cerca de um ano, Godofredo não poderia imaginar que, em um período tão curto de tempo, conseguiria influenciar a vida de duas pessoas de uma forma tão estupidamente inusitada.

O rato teve uma infância difícil. Era o décimo terceiro filhote da sua ninhada e, depois de ser levado para longe de papai e mamãe ratos pela correnteza forte do esgoto municipal, ainda quando era do tamanho de um dedo mindinho, teve que aprender a se virar sozinho pelos cantos imundos da cidade. Lutou contra gatos de todos os tamanhos quando finalmente achou o caminho para a superfície, desviou de centenas de pés e viu coisas vergonhosas demais nos seus passeios pelas casas, passando por baixo de portas aleatórias.

Na verdade, ele nem sempre foi Godofredo. Uma humana muito esquisita que o nomeou assim, em meio a uma das aventuras mais arriscadas da vida do pobre ratinho.

Ele ficou muito orgulhoso de si mesmo por ter conseguido subir os infinitos lances de escada daquela madrugada meio estranha, na companhia do humano que soltava uma fumaça de cheiro estranho pela boca. Godofredo, que ainda não tinha tal nome, sentia-se meio tonto. Sua cabecinha girava e as orelhas pareciam estar derretendo. Ele aproveitava qualquer superfície reflexiva que aparecia para confirmar se elas ainda estavam ali, inclusive.

Meio cambaleante dentro da jaqueta de couro, o homem enfiou a chave no buraquinho de uma porta do oitavo andar e a abriu, praticamente tropeçando para dentro. Godofredo aproveitou a situação e disparou por baixo das pernas do sujeito, entrando junto com ele no apartamento.

O rato estava assustado. Pensou se ali poderiam ter gatos, cachorros ou qualquer animal com uma boca de tamanho bom para engoli-lo, mas não tinha. Então, durante vários dias, o roedor habitou no quarto do humano. Ele era fedorento e fazia coisas estranhas com a mão no meio da noite, tocando naquela parte do corpo que ninguém costuma ver balançando nas ruas.

Godofredo achava que os daquela espécie eram um bando de esquisitos. Por que escondiam tantas partes de si mesmos, afinal de contas? Por que não as tocavam no meio da rua, e não só escondido, como se fosse um crime? Oras, absurdo!

Ao menos, o humano sempre deixava restos de comida espalhados pelo quarto, de modo que Godofredo nunca passava fome. Pelo contrário, comia cada vez mais e, a cada dia que se passava, uma bola de Ping-Pong e o coitado se tornavam cada vez mais parecidos. Ele até achou que fosse morrer uma vez, por ter caído de barriga para cima no chão e não conseguir arrumar forças para ficar de pé nas quatro patinhas miúdas. Mas, felizmente, depois de fazer promessas silenciosas de dietas que nunca cumpriria, salvou-se.

Tinham outros humanos na casa. A mais fascinante, para ele, era uma que possuía a cabeça cheia do que lhe lembravam conchas de caracol. O roedor não gostava muito dos caracóis, porque deixavam aquela gosma no chão que, às vezes, fazia-o escorregar nas próprias patas, além de achar estranho esse negócio de carregar a casa nas costas. Deveria ser bem pesada, principalmente se tivesse televisão, geladeira e banheiro, como a dos humanos.

Foi aquela fêmea que lhe deu o nome de Godofredo. Ele a achava muito inusitada, mas confiava nela, especialmente depois de ver que cuidava de um dos seus primos peludos, o tal coelho que insistia em chamar de Bolota. Godofredo não fazia ideia do que significava, mas esperava que não fosse o nome que eles davam para pratos de comer, tipo macarrão, porque se teriam coragem de devorar seu parente maior, imagina o que não fariam com ele, tão pequenino!

Ele adorava ficar zanzando por todos os cômodos do apartamento quando seus moradores estavam dormindo. Gostava de espichar as orelhinhas para ouvir o ruído que as cortinas faziam com o vento, bem como de sacudir os bigodes quando sentia algum cheiro novo. Os humanos tinham uma infinidade de aromas diferentes escondidos em cada coisa que compunha seu mundo, e o rato adorava desbravar cada um deles. Até que, certa noite, a mais velha que ali residia o viu e enxotou o pobre roedor. Colocou-o no olho da rua, como se não fosse nada!

Então, Godofredo ficou com seu minúsculo coração partido, rodando, novamente, pelas ruas da cidade à procura de um lar. E foi assim que a sua jornada começou.

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E aí, curtiram conhecer nosso ratinho? Hahahaha.


Sábado cês vão conhecer a Ismália e o Afonso <3

Beijos de nuvem pruceis!

Ismália, Afonso e o Rato Devorador de CoxinhasOnde histórias criam vida. Descubra agora