Capítulo 4

128 20 10
                                    

— O que aconteceu com aquele cara que eu conheci ontem? — perguntei, tentando não fazer contato com os olhos.

Ele riu baixo e, sem tirar as mãos do volante, olhou para mim. Engraçado como eu sentia o meu corpo queimar à medida em que seus olhos passavam pelo meu rosto. E parte disso tudo era por conta de eu estar no carro de um cara que eu acabara de conhecer.

— Eu ainda sou ele — sua voz rouca me causava arrepios. — Mas, quando pego intimidade, se prepara... Costumo ficar mais solto.

Balancei a cabeça. Eu não acreditava nele. Tinha algo por de trás de tudo isso. Ninguém pega intimidade com uma pessoa que mal conhece. Só sinto em não saber o que lhe passa, porque, querendo ou não, eu sou parte disso.

— Você acha que é íntimo de mim? — cruzei meus braços e suspirei olhando para a frente.

Pelo canto do olho, pude ver ele dar de ombros.

— Talvez... Eu não sei. — Seu olhar voltou a pesar sobre mim. — O que você acha?

— Acho que eu não conheço este caminho pelo qual estamos indo à loja e... ah, bosta! — bati a minha mão fechada na minha coxa ao morder a língua. — Você está me sequestrando, não é? Tipo, aquele encontro ontem, foi tudo planejado! Você estava me observando e sem exercer esforços me fez cair em sua armadilha. E agora eu estou sendo sequestrada. — Respirei fundo diversas vezes até começar a ficar tonta por causa disso. — Eu não... Ai, minha nossa...

— Você é doida? — ele cortou meu pré-desmaio com uma risada.

— Por que acha isso?

— Porque eu não estou te sequestrando, sua maluca! Só quero te levar para comprar a camiseta.

Levei a mão ao peito e soltei o ar que prendi enquanto o escutava falar.

— Que situação! — ri sem graça. — Me sinto boba agora.

Olhei para o espelho e notei que o meu rosto estava extremamente vermelho; podia o sentir queimar. Eu estava morrendo de vergonha e a minha feição entregava isso.

Mas foi quando eu voltei a apreciar a vista que me passou um pensamento pela cabeça.

— Mas... Isso é o que um sequestrador diria. — Virei minha cabeça de vagar, tentando não fazer movimentos bruscos.

Outra vez, ele voltou a rir.

— Se eu fosse te sequestrar, não cometeria o erro de te trazer na Gucci antes de sumir com o seu corpo — inclinei minha cabeça enquanto ele estacionava o carro. — As câmeras iriam me flagrar.

Com a mente distribuindo pensamentos que tentavam me levar a alguma explicação, levantei minhas sombrancelhas e senti a indignação de ver aonde estávamos.

— Eu abro a porta para você — Harry piscou antes de sair do carro e depois correu até a porta do meu lado.

Ele a abriu com cuidado e sem saber muito o que eu estava fazendo, tirei o cinto de segurança e coloquei um pé por vez para fora do carro.

Meus olhos se arregalaram de imediato ao ver que estávamos realmente em frente à loja da Gucci. A única vez que vim aqui, foi com uma amiga da época da faculdade. Ela era de família rica, mas rica mesmo. Íamos nos formar em seis meses e ela queria um vestido exclusivo. Bom, eu comprei o meu em outra loja, mas mesmo assim a acompanhei até aqui. E, sinceramente, não me senti bem neste lugar.

— O que estamos fazendo aqui? — perguntei, me virando para Harry, meio desnorteada.

— Vamos comprar sua camiseta, ué. — Ele falou com a maior tranquilidade do mundo, como se isso fosse algo normal para mim.

Sweet Creature | H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora