Parei com a mão sobre a camiseta que Harry me deu. Eu a coloquei no cabide quando cheguei em casa, mas não tive coragem de arrumá-la no armário; que está uma bagunça, inclusive. Acho que a última vez que o arrumei foi quando minha mãe veio me visitar. Ela ficou por uma semana e, juntas, limpamos toda a casa. Mas parece que eu simplesmente não funciono sozinha. Tenho dado o meu melhor no trabalho e às vezes sinto que não tenho tempo para a minha vida; a minha vida pessoal.
Suspirei pesadamente ainda com os olhos grudados na roupa. Parecia uma miragem. É algo muito fora do normal ser presentada por um estranho com uma coisa tão cara. Ele deve ser extremamente rico; ou se não ele é louco. Sim, acredito no fato de que ele é louco; afinal de contas: qual outro motivo o levaria a me tratar tão bem? Charle certamente não foi. Ele só esbarrou em mim, ou melhor dizer, me derrubou. Mas eu não fiquei brava nem nada. Talvez ficasse se fosse uma pessoa amarga, de mal com a vida; no entanto, o contato que tive com Charle foi bom para a minha alma. Só não consigo entender se isso foi ou não o começo para alguma coisa.
Me dispersei desses pensamentos quando o meu celular vibrou do meu lado. Virei meu olhar depressa para o aparelho que balançava na mesa e forcei a vista para ler quem era. Achei se tratar de uma ligação, mas era, na verdade, mensagens. Mensagens seguidas e seguidas, sem nenhuma interrupção entre elas. Estranhei, mas mesmo assim estiquei o braço para pegá-lo.
Harry Styles:
Me desculpa por só responder agora...
Fiquei ocupado a tarde toda...
Sinto muito, mesmo!
Mas, em relação ao bar, é claro que eu vou!
Jamais furaria com você...
Estou ansioso para te ver hoje...Ao terminar de ler, eu inalei o máximo possível de ar que consegui.
Acho que por um descuido eu acabei me esquecendo de que ele ia também. E isso aconteceu em duas horas. Eu me esqueço muito fácil das coisas. Rápido demais. Sempre foi assim e não é nada legal. Quando criança eu me perdia no caminho de volta para casa ou deixava meus brinquedos no quintal por esquecer de levá-los para dentro. Meu pai dizia que poderia ser algo de especial em mim, mas que teria uma conversa com a minha mãe sobre isso. Eu sempre me perguntei por quê. A verdade é que certas coisas nunca ganham uma resposta; elas simplesmente caem no esquecimento.
Soltei o celular e, escorada na porta do armário, escorreguei até o chão. Abracei minha pernas enquanto soluçava alto. Eu usava uma calça jeans rasgada e por isso pude fazer contato da ponta do meu dedo com o meu joelho. Parei com ele sobre uma cicatriz. Eu ganhei ela com oito anos, em uma almoço de família. Mamãe, papai, Alex e eu havíamos ido à nossa casa de campo. Era a nossa última semana de férias e meu pai teve a ideia de usá-la para passarmos mais tempo juntos. Foi um final de semana inesquecível. Um dos últimos antes de ele ir se afastando pouco a pouco. E essa é uma das várias lembranças que eu quero levar comigo até o dia em que eu morrer.
Mas como posso se mal consigo me lembrar das coisas que acontecem há horas atrás?
— Merda! — Sophie disparou, entrando no quarto e deixando a mochila que segurava no chão ao lado da porta.
Ela jogou o cabelo para trás e se abaixou do meu lado. Com as mãos pousadas em cima das minhas, olhou no fundo dos meus olhos e com a feição assustada, pediu:
— Respira fundo e pense em gatinhos. — Ela soava como uma criança. Sua voz era doce.
Seu rosto, no entanto, estava extremamente vermelho e os olhos marejados.
— Estava correndo, não é? — pergunto, quando finalmente consigo me recuperar.
Ela disfarça e após virar a cabeça, levanta com um pouco de dificuldade.
— E você estava tendo uma crise, não é?
— Não respondeu minha pergunta. E eu perguntei primeiro.
Ela parou de costas para mim, com as mãos na cintura. Me levantei de vagar. Eu não estava lá muito bem para exercer esforços. Mas pretendia melhorar. Afinal, hoje era meu primeiro encontro depois de anos. Bom, ao menos era o que eu pensava.
— Eu trouxe sua jaqueta lavada e seca. — Ela pode não ser boa com as emoções, mas sabe mudar de assunto como ninguém. — Se já tomou banho, escolha as outras peças que a acompanharam e se vista. Mas se ainda não tomou — ela virou para mim depois de se curvar e pegar a mochila. —, vá logo porque já estamos atrasadas!
Suspirei antes de fazer uma careta e correr para o banheiro.
(...)
— E então? — perguntei, de frente para o espelho e de costas para ela.
Eu havia vestido uma calça jeans escura e colocado a blusa que Harry me deu. Por fim, coloquei a jaqueta que comprei. Ela é de duas cores; vermelha de um lado e preta do outro. Algo nela me chamou a atenção, por isso comprei. É diferente de todas que tenho e certamente combinou comigo.
— Você está, absurdamente, linda! — ela fez um pausa dramática e levou a mão à testa.
Sorri.
— Que bom! Eu estava meio insegura, mas...
— Mas nada! Você está perfeita, maravilhosa, incrível mesmo! Seja esse Harry quem ele for, se ainda não se apaixonou por você, desta noite não passa!
Ri sem graça e me voltei para o espelho. Meu cabelo estava preso em um rabo de cavalo. Usei o babyliss para fazer umas ondas no mesmo e dar um volume a ele. E para os meus pés eu escolhi meu coturno preto com um salto baixo. Na maquiagem eu não exagerei; não acho que fico muito bem com elas. Gosto de mim mais natural e acho isso plausível. Mas mesmo assim passei corretivo, rímel, blush e depois de ter certeza que já estávamos saindo de casa, passei um batom vermelho não tão forte.
— Pronta para abalar o coração daquele homem?
— Não! Pronta para me divertir com os meus amigos, beber e, quem sabe, fazer uma nova amizade. — Conclui, soltando as mãos no ar.
Ela concordou com um sorriso e pegou o celular para chamar o Uber.
— Ele vai, né?! — perguntou com os olhos na tela.
— Sim... É, ele vai! — disse como se fosse óbvio. — Falou que é pra eu esperá-lo na entrada do bar. — Comentei, sentindo uma pontada no peito.
— Então... Vamos começar a noite, baby!
*Oie, meu amores! Como vocês estão? Espero que bem!
Passando aqui só pra avisar que os dois assuntos abordados neste capítulo que não ficaram explícitos serão esclarecidos mais à frente. Tentarei fazer isso da melhor forma possível e cuidar para que não fique nenhuma ponta solta.
Beijos de luz 😘🥰💖.*
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Sweet Creature | H.S
FanfictionVocê acredita que um cachorro é capaz de formar uma linda história de amor? Nesta fanfic isso é possível, sim. Mas infelizmente ele não tem o poder de fazer essa relação durar. Só depende de Harry e Margot para que isso seja possível. Mas não se es...