Capítulo 8

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Quando passamos por certas coisas na vida, começamos a amadurecer aos poucos. Novos pensamentos e percepções ganham espaço na nossa cabeça e a partir de então o mundo se torna diferente ao nosso ver. Depois de certos relacionamentos eu perdi a vontade de engatar em um novo; mas algo dentro de mim dizia que com a pessoa certa eu podia repensar minha decisão. E eu achava que ele poderia ser essa pessoa, por mais que eu não quisesse admitir. Mas vi na tela do meu celular antes de dormir que há outras garotas que pensam a mesma coisa.

No outro dia acordei com uma dor de cabeça latejante. O quarto estava completamente escuro; isso porque fechei as cortinas e a porta do quarto antes de deitar. Mas se não fosse pela luz que entrava pela janela do banheiro e passava pela porta entreaberta do mesmo, eu teria tropeçado ao levantar. E não que eu quisesse levantar, por mim teria passado o dia todo na cama. Mas fiquei de ir à casa do Alex hoje levar uma fôrmas que a Grace pediu para fazer biscoitos.

Andei até o banheiro enquanto bocejava e me alongava. Quase sempre durmo de mal jeito e acordo cheia de dor no corpo. E hoje não foi diferente. Eu estava com o pescoço quase que imóvel. Até comprei um travesseiro próprio para arrumar a postura; mas sempre esqueço de usá-lo para dormir. Quando a noite chega, eu estou tão cansada que simplesmente me jogo na cama e apago. Talvez eu devesse mudar esse hábito, assim conseguiria me livrar dessas dores.

Depois de lavar o rosto e fazer xixi, escutei meu celular tocar em cima da cama. Voltei para o quarto secando o rosto com uma toalha que a minha mãe me deu assim que me mudei e depois a coloquei em cima da cadeira.

Era Sophie quem estava me ligando.

— Bom dia, flor do dia! — Sophie cantarolou do outro lado da linha quando eu atendi a ligação.

— Bom dia, Sophie. — Esfreguei meu olho com uma mão enquanto segurava o celular com a outra.

Pensava se era uma boa ideia tomar um banho ou só trocar de roupa. O dia estava frio e um banho quente pela manhã não seria de todo mal.

— Posso passar aí hoje? — perguntou, deixando a voz mais distante.

— Claro. Eu só vou ir à casa do Alex daqui a pouco e quando chegar te mando uma mensagem. — Andei nas pontas dos pés até o box e liguei o chuveiro para ir preparando a banheira. Meus sais estavam em cima do armário e quase escorreguei ao me esticar para pegá-los.

— Tudo bem? — ela perguntou após uns minutos em silêncio. Havia até me esquecido de que ainda estávamos em ligação.

— Tudo... Só estou pagando pelo preço de ser baixinha — brinquei, com um sorriso quase imperceptível no rosto.

— Ah, sim. — A escutei suspirar e eu já imaginava que ela estava desesperada para falar sobre ontem. Eu sabia que ela estava se contendo por empatia, mas que não via a hora de poder soltar tudo e me perguntar por que eu agi de tal maneira e por que eu não dei uma chance ao Harry... — Ainda está aí?

— Sim, estou...

— Ok. Acho que precisamos conversar, mas pessoalmente. Então deixarei para falar quando eu chegar aí. Não quero que isso seja discutido por telefone.

Dessa vez foi eu quem suspirou. Por sorte ela não podia ver meu rosto; ele entregava tudo. Eu estava entediada de tudo aquilo e sequer conseguia pensar nisso agora. Mas claro que Sophie arrumaria um pretexto para conversamos sobre.

— Te vejo mais tarde, florzinha — fiz um barulho de beijo com a boca e desliguei a ligação.

Quando eu ia entrar na banheira, notei uma mensagem de Chris pela barra de notificação.

Não pense que eu me esqueci da nossa conversa... Você vai comigo e ponto final!

Acho que pelo jeito com que revirei meus olhos, eles poderiam nunca mais ter voltado aos seus devidos lugares.

(...)

— Para tudo! — Grace parou no meio da cozinha e ao olhar para mim suas mãos abaixaram para a sua cintura. — Quer dizer que o cara com quem você estava saindo era o Harry Styles?

— Fala baixo! — supliquei, esticando o pescoço para olhar pro corredor e ver se a porta do quarto deles ainda estava fechada. — Não quero que o Alex escute.

Ela levantou as mãos em sinal de redenção e encolheu os ombros. Balancei a cabeça e voltei a fitar a minha xícara de café sobre o balcão.

— Não estávamos saindo... Bom, ainda não — eu batia meus dedos contra a louça de porcelana para diminuir minha ansiedade. — Era para termos nos conhecido melhor no bar, ontem à noite. Mas então essa bomba caiu sobre mim e a minha única reação foi fugir.

Eu não conseguia olhar para ela, Grace é como uma irmã mais velha para mim e assim como todas ou quase todas as outras, ela iria me dar um sermão.

— Margot, querida — senti sua aproximação e então ela tomou minhas mãos com as dela. —, eu sei que é difícil pra você... Mas já pensou que ele pode ser a pessoa por quem você tanto anseia conhecer?

Levantei meu olhar e parei com ele sobre o rosto sereno dela.

— Como soube que o Alex era a pessoa certa pra você? — perguntei, meio constrangida.

— Bom — ela começou, com um sorriso de ponta a ponta no rosto. —, não precisei de muito esforço. Quando ele me olhou algo em mim se acendeu e mesmo negando, eu sabia que era ele. Sabia que ele tinha ganhado o meu coração desde o primeiro oi e depois do primeiro beijo eu já estava apaixonada. Eu já o amava demais para ser orgulhosa e não dar o braço a torcer.

Concordei com a cabeça.

— Entendi.

— E então? Vai ligar pra ele?

Sorri entre um suspiro profundo.

— Quem sabe...

Mas eu já sabia.

(...)

— Ai, Alex, para de me encher o saco! — gritei com o meu irmão que acabara de jogar sua toalha molhada em mim.

Eu estava deitada no sofá da sala mexendo no celular. Grace insistiu para que eu ficasse até sair a primeira formada, pelo menos. Eu não ia ceder, mas os biscoitos dela são de outro mundo e eu realmente estava precisando deles agora.

— Mas se eu parar, quem eu vou perturbar? — provocou, se jogando no sofá.

— Se você não sair de cima dos meus pés em cinco segundos, eu vou chutar o seu rim! — ameacei com um quê de agressividade.

Ele fingiu sentir medo e com uma cara de cachorro sem dono, levou a mão ao peito e depois se levantou. Andou até a cozinha, onde Grace estava passando as bolinhas da massa para a fôrma e deixou um beijo no topo da cabeça dela.

Notei ela sussurrar algo no ouvido dele e depois disso sua feição mudou. Ele hesitou antes de olhar para mim com a cara preocupada e rapidamente se virou para ela novamente. Fiquei sem saber por que aquilo havia acontecido e então me ocorreu que ela poderia ter contado a ele sobre o Harry. Mas ela não faria isso, ao menos não até onde eu sei.

— Quem está com fome? — em questões de segundos ela se afastou dele e tirou os biscoitos do forno, os colocando em cima da mesa logo em seguida.

— Aposto que a Margot está! — Alex apontou para mim depois de enfiar um biscoito inteiro na boca.

Sorri fraco e me levantei. Na tela do meu celular uma foto do Harry com um de seus amigos de banda entregou o que eu estava fazendo quando Grace passou atrás de mim.

Mas aquilo era o de menos agora.

Sweet Creature | H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora