Capítulo 7

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Meu nervosismo era nítido. Quem passasse por mim veria o suor pendendo da minha testa e o vermelhidão no meu rosto. A luz extremamente forte da entrada do bar também não me ajudou. Talvez no escuro eu conseguisse relaxar, mas a cada vez que alguém se aproximava - fazendo contraste com a claridade -, meu coração acelerava e eu já supunha ser Harry. Mas a cada vez que eu erguia a cabeça e não era ele, sentia uma pontada no peito. Parte de mim queria acabar logo com aquilo.

Um pensamento irritante percorria na minha cabeça: por que você aceitou ir com ele àquela loja e por que o convidou para vir a este bar com você e seus amigos sendo que mal se conhecem? E, de fato, esse pensamento tinha razão em seus questionamentos. Eu estava tão fora de mim por ter feito algo que possivelmente irei me arrepender quando der errado e só me sobrar um coração partido e uma garrafa de vinho.

— Margot? — uma voz rouca e baixa chamou pelo meu nome à direita.

Engoli em seco e ainda com os olhos parados na vista à minha frente, cerrei o punho. Eu estava tão nervosa quanto antes. Achei que quando ele chegasse isso iria passar, mas me enganei. Não passou; pelo contrário: só piorou ainda mais. Parte disso tudo é porque ainda somos apenas conhecidos que não têm intimidade um com o outro. E a outra parte é porque esse homem simplesmente mexeu comigo desde o dia em que nos conhecemos, vulgo ontem.

— Oi, Harry — cumprimentei, me virando em sua direção.

Ele sorriu fraco e, meio tímido, se aproximou para um abraço. Incrível como nos encaixamos tão bem; parecemos feitos sob medida. Mas, claro, é só uma mera coincidência. Nada demais, nada com que eu tenha que me preocupar.

— Como você está? — perguntou quando nos separamos.

— Eu estou bem... E você? — joguei meu rabo de cavalo para trás com a cabeça e descansei minhas mãos no bolso da jaqueta.

— Estou bem também... — O ar que pairou sobre nós nos segundos seguintes foi de constrangimento. Acho que ambos sabíamos que isso significava alguma coisa e, por causa disso, ficava mais difícil de agir. — Quer entrar? — perguntou, me deixando imensamente grata por isso.

Fiz que sim com a cabeça e indiquei para que ele fosse na frente, mas o mesmo parou na porta ao se aproximar da mesma e a segurou para que eu entrasse primeiro.

— Se eu soltar uma frase brega do tipo: "o cavalheirismo ainda existe", deixaria o clima estranho? — brinquei, passando por ele.

— Acho que o clima ficou estranho não momento em que eu cheguei — disse, dando de ombros. — Então isso apenas quebraria o gelo.

— Certo! — sorri.

O segurança que fica do lado de dentro do bar pareceu surpreso ao nos ver e eu me perguntei o porquê. Lancei um olhar confuso para Harry, que simplesmente me ignorou e voltou a andar. As outras pessoas presentes no lugar também desviaram suas atenções para nós e os funcionários por quais meus olhos passavam cochichavam entre si. Aquilo me deixou enjoada. Se tem uma coisa que eu odeio, essa coisa é ser o centro das atenções. E era exatamente o que eu estava sendo agora, juntamente dele: o cara maluco que eu não sabia praticamente nada sobre.

— Aqui — falei, indicando a mesa em que Sophie, Tommy e Rachel estavam. Arthur estava presente também e relutei contra a vontade de revirar os meus olhos quando o notei sentado ao lado de Sophie.

À medida em que fui passando meu olhar por cada um, percebi bocas abertas, troca de olhares e até mesmo levadas de mãos à boca. Era nítido que eles estavam surpresos. Mas com o quê?

— Tudo bem com vocês? — perguntei, hesitando um pouco devido ao clima tenso que predominou quando nos aproximamos.

Olhei para Harry. Ele sorria fraco, sua testa estava franzida e suas mãos abaixadas ao lado das coxas. Algo estava errado e eu sabia disso porque quando olhei para Sophie ela me lançou aquele olhar inconfundível; o olhar de: "Eu preciso falar com você, AGORA!".

— O que está acontecendo? — perguntei quando nos afastamos da mesa.

Ela me tomou pelo braço e me arrastou até o balcão, onde nos sentamos nos bancos de madeira e ficamos cara a cara uma com a outra.

— Você tem noção de quem é ele? — ela apontou com o dedo na direção do Harry. Sua feição era séria e chocada.

— Bom...

— Não, Margot, não tem nada de bom nisso. — Suas mãos balançaram pelo ar até pousarem no balcão outra vez. — Porra! Aquele é o Harry fucking Styles!

Inclinei a cabeça, confusa. Eu tentava enteder aonde ela queria chegar. Eu já sabia que o nome dele era Harry Styles. Não compreendi o porquê de ela estar me dizendo isso agora.

— É o Harry da one direction, Margot! — disparou depois de notar a confusão no meu rosto.

Levei as mãos à boca, surpresa. Eu queria ter uma reação, mas então me ocorreu uma dúvida:

— Quem é a one direction mesmo?

Ela revirou os olhos e, entediada, falou:

— Simplesmente a maior banda do mundo.

Sabe aquela sensação de ter borboletas voando no seu estômago? Bom, eu sentia agora como se alguém tivesse as matado. E da forma mais dolorosa possível.

— Então imagino que ele seja extremamente famoso e rico, né?! — minha voz vacilou. As palavras saíram sem vontade. Eu estava de fato magoada.

Evitei olhar para ele e quando virei minha cabeça para ver se Sophie ainda estava ali, ela me olhava triste, parecia estar com dó.

— Acho melhor vocês conversarem. — Antes que eu podesse dizer alguma coisa, ela se levantou, deu um tapinha no meu ombro e saiu.

Dois minutos depois notei pelo canto do olho alguém se sentar no banco ao meu lado. De princípio eu não quis olhar, até porque eu já sabia quem era. Mas isso tudo estava martelando na minha cabeça sem parar.

— Por que não me contou? Por que todo mundo tem que mentir para mim? — meus olhos estavam marejados e por conta disso minha visão embaçou. Eu só sabia que era uma garrafa de cerveja na minha frente porque a toquei e senti o choque gélido contra os meus dedos juntamente do suor que escorria dela.

Acho que o barman a deixou ali para mim depois de ver meu estado caótico.

— Eu não sabia como contar... — Ele começou. — Pela primeira vez em tempos eu conheci alguém que não me reconheceu por ser Harry Styles, um dos integrantes da one direction.

Engoli em seco enquanto ele falava, depois dei um gole na cerveja.

— Eu não entendo o seu ponto, confesso. Nunca fui famosa e muito menos imagino como é ser. Mas, se eu fosse, jamais brincaria com os sentimentos de alguém apenas para me vangloriar em cima disso.

— Eu não me vangloriei em cima de você...

Virei minha cabeça bruscamente para o lado dele.

— Que bom — soltei, antes de afastar a cerveja e deixar uma nota de dez dólares ao lado dela. — Assim ninguém sai ferido.

Me levantei do banco e, depois de procurar Sophie com os olhos e acenar para ela, apertei a jaqueta contra o corpo e saí de bar a passos rápidos.

Quando empurrei a porta e pisei o pé na calçada, senti o impacto do ar frio contra mim. Antes de correr para o ponto de táxi eu deixei que uma lágrima escapasse. E em seguida outra escapou, depois outra. O vento no meu rosto me secava o choro envergonhado. Eu me sentia usada, apesar de não ter sido, não ainda. Mas se eu não tivesse descoberto, talvez teria sido. Talvez viraria motivo de piada na internet. Talvez eu já tenha virado e ainda não saiba.

Bom, mas a idiota foi eu de acreditar que, desta vez, finalmente eu saberia o que é ter um relacionamento de verdade.

Sweet Creature | H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora