1 "Que merda você foi se meter, Alice"

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QUATRO DIAS ATRÁS

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QUATRO DIAS ATRÁS

Corro desesperadamente para casa com todas as forças que me restam, nunca tinha corrido tão rápido em toda a minha vida e mal sei como minha asma ainda não me impediu de chegar até aqui. Mal sei como uma bala ainda não me impediu de chegar aqui. O barulho da porta batendo com força fica para trás, enquanto subo rapidamente as escadas e finalmente, finalmente, chego no meu quarto, instantaneamente sinto alívio para depois sentir a pressão que faz com que meu coração continue acelerado, mas que pelo menos me faz respirar fundo. Eu ainda estou viva e isso...isso é um milagre, que talvez não dure muito, mas que continua sendo algo importante, importante por me dar tempo para me agarrar a minha única chance, minha única esperança. Corto meu dedo ao rapidamente folhear o último livro que faltava na caixa, mas isso não faz com que eu pare o que estou prestes a fazer.

- Onde está essa merda de pendrive? - frustrada pergunto a mim mesma ao revirar praticamente todos os cantos do meu quarto, mas parece que o desespero sempre deixa as pessoas cegas.

Depois de perder o tempo que nem sabia que tinha, corro, já quase não aguentando mais até meu closet e pego tudo o que havia escondido nos últimos meses, os piores meses da minha vida, achei que filmes de terror eram assustadores, mas o que presenciei, o que vi, vai muito mais além e se os planos seguirem como planejamos, aquilo tudo irá acabar e finalmente voltarei a ter boas noites de sono.

A esse ponto estou quase desmaiando pela falta de ar, meus pulmões doem cada vez que tento os manter funcionando, mas não é como se eu fosse desistir agora, porque querendo ou não, minha vida e de todos os envolvidos agora está nas mãos deles e não consigo pensar o suficiente pra saber se isso é algo bom ou ruim. Realmente você está desesperada para ter que recorrer a isso. Respiro fundo tentando controlar minhas mãos que tremem, enquanto escrevo mais um bilhete, o último, agora para meus pais, que vão me matar se eu sair viva disso. Um medo repentino me arrepia por completo ao pensar que eles podem ser usados para me manipular, então adicionei mais algumas instruções escondidas na carta por preocupação, acho que meu pai irá entender. É claro que ele entenderia, herdei o humor quebrado dele.

- Esses eu tenho que enviar agora - digo pegando dois pacotes dentro da caixa.

Saio de casa olhando para todos os lados, meu desespero é nítido, minhas mãos não pararam de tremer e estou suando frio. Assim que coloco os pacotes na caixa de correio dou um longo suspiro ao mesmo tempo que apoio minhas mãos nos meus joelhos, mas isso não dura muito, não pode durar.

Volto correndo para casa, só que desta vez não faço questão de trancar a porta....sei que vai ser inútil tentar trancar-lá agora, acho que nada seria útil nesse momento. Talvez uma arma. Não tenho uma arma. Me encolho em um canto da parede ao lado da porta esperando o inevitável, pois é apenas questão de tempo até um deles chegar.

Sempre estamos sozinhos em momentos que deveríamos estar cercados por pessoas e esse...esse é o pior momento para se estar sozinha.

Olho para minha blusa e só agora percebo a enorme mancha de sangue bem no centro, me desespero ainda mais sentindo as lágrimas escorrendo por minhas bochechas, não sou capaz de contê-las, não agora, mas impeço os soluços por estar chupando o sangue do meu dedo cortado.

The Past Never Says Goodbye (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora