"As pessoas não são quem elas aparentam ser", talvez você já tenha lido ou escutado isso em algum lugar, assim como "segredos unem pessoas" ou até mesmo "situações extremas, requerem medidas extremas". O engraçado dessas frases é que elas se aplicam...
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Isaac, assim que se apresentou a recepcionista, foi levado a uma sala de interrogatório, claro que o fato da mensagem exigir sigilo sobre sua presença ser requisitada ali fazia com que o garoto quisesse sair correndo, mas sabia que tinha que ter pensado nisso antes de entrar ali, antes de escolher não contar aos outros. Suas mãos suavam e o tempo de espera, que já passava dos sete minutos, simplesmente estava o enlouquecendo. Um segundo antes de tomar coragem de pedir uma água ou apenas perguntar se poderia tomar ar fresco, a porta se abriu e o homem bem vestido e com um distintivo que adentrou a sala, não era alguém que ele conhecia. Isaac fitou aquele agente enquanto ele se sentava na cadeira vaga.
— Isaac certo? ‐ O homem perguntou e o menino confuso apenas confirmou com a cabeça - Ótimo, preciso que me conte tudo que sabe sobre o que Alice Martin deixou antes do seu desaparecimento - O agente não tinha tempo a perder, não era igual ao detetive Bennett, não estava tentando montar um quadro de suspeitos e possíveis causas. Esse agente já tinha tudo em mãos, sabia de toda a verdade ou meia verdade ou o que quer que ele considerasse como verdade e Isaac apenas o levaria até onde precisava chegar, onde não só ele precisava chegar.
— E..eu não sei de nada - O garoto tenta fingir confusão, mas ele não era nem de longe Hugo ou Mikael, ele não era nem de longe como Alice - Creio que não estou aqui para isso, onde está o detetive Brendan? - O homem sorri, um sorriso frio e mórbido, como se ele pudesse ler o que se passava na cabeça do moreno a sua frente. E talvez ele realmente soubesse.
— Isaac, Isaac... - Fala de forma pensativa ao mesmo tempo que se ajeita na cadeira - ...você acha que me engana? Não dou a mínima para esse detetive - Encara o garoto - Eu só quero saber o que é que você, juntamente com seus amiguinhos estão aprontando, na realidade eu já sei, apenas quero que me conte com detalhes - Força um sorriso amigável - É só me dizer e te deixo ir, simples.
Simples? A pergunta rodopiou pela mente de Isaac, era simples igual não falar com seus amigos por muito tempo? Simples como agir como se Alice não existisse às vezes? Simples como ganhar os jogos onlines em que tanto é viciado? Era só contar, certo? Mas se descobrissem nunca mais falariam com ele e talvez nunca mais visse a sua amiga... definitivamente não era simples. Olhou o homem à sua frente nos olhos, um olhar vazio refletia de seus olhar.
— Eu já disse que não sei de nada - Em quase um rosnado ele insistiu na mentira, mas ele continuava sendo péssimo mentiroso, todos sabiam disso, Alice sabia disso e graças a Deus ela sabia disso.
O agente, depois de alguns segundos o encarando, se levantou e saiu sem paciência, Isaac permaneceu ali, não ousou se mexer sem que alguém aparecesse e o mandasse embora e ele estava tão esperançoso de que isso realmente aconteceria, mas ao invés disso, um segundo homem apareceu, sua postura era impecável e sua feição era daquelas que poderia deixar alguém com medo ou cheio de admiração. Para a surpresa de Isaac era um rosto conhecido e para a infelicidade do mesmo, o homem apenas se sentou e o encarou por longos segundos.
