"As pessoas não são quem elas aparentam ser", talvez você já tenha lido ou escutado isso em algum lugar, assim como "segredos unem pessoas" ou até mesmo "situações extremas, requerem medidas extremas". O engraçado dessas frases é que elas se aplicam...
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Hugo senta em uma das duas cadeiras colocadas uma de frente para outra com uma mesa as separando, o detetive faz o mesmo, só que aparentemente está bem mais a vontade do que o rapaz, isso é uma coisa óbvia, porque qualquer um iria querer sair correndo em uma situação como essa e pensar nisso foi o que fez com que Hugo pelo menos fingisse estar à vontade, mas ele realmente estava fingindo?
Hugo, o mais velho, sabia como se portar em uma situação como essa, na verdade, ele sabia se portar em qualquer situação, menos quando ele e Camilly estavam brigados, dai sim, ele perdia a cabeça e agia como um obcecado de merda, porém, isso não vem ao caso agora. Hugo, além de ser o mais velho, também era o mais difícil de ler ou lidar, Alice costumava falar que ele era o ser humano mais confuso que já conheceu ou até mesmo um sociopata calculista. Pensando agora, sociopata calculista se encaixa mais, só que você nem vai perceber muito esse lado dele, como eu ressaltei, ele é bom no que faz: fingir e manipular, então tome cuidado, porque a cara de santo engana qualquer um. Alice sempre soube, acho que foi por isso que o envolveu no que quer que seja o que está por vir, essas características consideradas ruins com certeza irão servir para algo, ela nunca desperdiçaria isso.
- Podemos começar? - Brendan pergunta tirando os olhos da ficha em suas mãos. Uma ficha completa de toda informação possível do rapaz a sua frente, ele também é bom no que faz.
- Claro - Hugo fala com naturalidade e se aconchega na cadeira.
- Você sabe porque está aqui? - o detetive pergunta.
- Não - responde simples - Mas depois do que eu vi, tenho alguma ideia.
- Sua amiga Alice desapareceu - O detetive fala o encarando, tentando o ler, uma tentativa falha - Ela não é vista a mais de três dias, você e seus amigos estão aqui, porque eram amigos dela e desconfio que saibam de alguma coisa.
- Nós não somos mais amigos - Hugo responde sem muito ânimo.
De fato era verdade, nesse momento a palavra "amigos" estava bem longe de defini-los e dá vontade de rir só de pensar que antigamente eles usavam o termo " melhores amigos" ou até "família". O rapaz de cabelos castanhos, sempre alegou que foi melhor assim, mas no fundo sabe que não foi. Não era seu plano se distanciar dela e esse fato o deixava sem dormir às vezes. Esse fato o atormentava toda vez que a via distante, passando na rua ou no supermercado, vantagens ou desvantagens de todos ali morarem na mesma rua.
- Okay - Brendan fala anotando esse ponto em seu caderno. Com toda certeza viraria noites para descobrir o paradeiro da garota, sua principal suspeita... - Poderia me contar porque não são mais amigos?
- Eu até poderia, mas acredite é uma longa história.
- Sou todo ouvidos, senhor Brown, esse é meu trabalho - Hugo suspirou e começou a contar o que eu gosto de chamar : A história que tinha de tudo pra ser feliz, mas que acabou sendo a mais trágica possível".
