I - Sexto ano: Inverno de 1996

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HOGWARTS, 1996.

─ Como é difícil ─ Draco sussurrou enquanto esfregava o polegar no rosto, sujando com um pouco de tinta fresca da pena que tinha em mãos.

Os NOMS seriam em alguns meses, havia tempo suficiente para estudar e revisar, mas ainda sim, o sonserino não conseguia se deixar em paz. Com o feriado de Natal cada vez mais próximo, pensou em como não gostaria de frequentar a própria casa este ano, então decidiu mandar uma carta aos pais exigindo que lhe permitissem permanecer em Hogwarts para "estudar". A grande verdade é que estava ficando farto de estar naquela casa, com salas geladas e cheias de janelas; contando também com a presença de comensais da morte, visitando-os frequentemente, Draco sabia que algo grande estava próximo, e agora já não havia mais como negar ou se esconder. Um belo dia ele foi pego por seu pai, sentado embaixo da grande escada negra, chorando e soluçando. Então ele recebeu uma grande e prateada cicatriz atrás da perna, para aprender a ser um Malfoy de verdade.

Afastou seus pensamentos, passando a mão pelos não tão longos fios platinados (o que não adiantara de nada, caíram em seu rosto no instante seguinte). Levantando o olhar e percebendo, pela primeira vez desde que acordou, que as folhas das árvores secas e em uma diversa paleta laranja haviam desaparecido e só o restou finos resquícios de que a neve cairia severamente em breve. Talvez naquela mesma noite ─ estendeu a mão em busca de sentir o ar gelado, mas a recolheu rapidamente quando ouviu um limpar de garganta vindo de trás ─ virou em alerta.

─ Oi ─ Harry se aproximava, recolhido por conta do gélido vento, havia saído do castelo apenas com um colete por cima do uniforme. "Bastardo" pensou Draco enquanto pressionava os olhos com desconfiança ao outro, que estranhamente não parecia perdido por ali ou coisa do tipo.

─ Me erra, Santo Potter.

─ Qual é o seu problema hoje? Não falou comigo, não tomou café da manhã, vem me ignorando há dias!

Draco congelou. Não era possível que Harry Potter o estivesse cobrando respostas, é óbvio que ele não falaria com ele, o que se passou por sua cabeça para achar isso? Como se fosse algo cotidiano que de repente não aconteceu. Café da manhã? E desde quando importa se havia tomado ou não? Ignorando? Como se Draco conversasse com ele! Ele explodiu, mas não ousou abrir a boca, ao invés disso o lançou um olhar severo e arqueou a sobrancelha.

Harry se contorceu, chutando uma pedra e se sentando bruscamente ao lado do outro, abriu a boca algumas vezes mas não disse nada. Draco estava completamente horrorizado e sem entender nada.

─ É que você está há dias sem me provocar, sem falar mal de mim, anda sumindo por aí, nem com seus amigos você fica mais! Eu achei que estivesse planejando alguma merda muito grande contra mim, ou, outra pessoa! ─ Se pronunciou depois de um tempo.

Uma risada maldosa escapou dos lábios do outro e uma resposta seca em seguida ─ e por que, em nome de Merlin, você acha que tudo vai sempre ser sobre você? Você é mesmo um esnobe.

Harry trincou os dentes e Malfoy sorriu, excitado. Tinha razão, fazia dias que Draco não perturbava outros alunos. Talvez estivesse ocupado de mais pensando no pior.

─ O que você anda aprontando, afinal? Quer saber, não importa, vou descobrir ─ Fez menção a levantar, mas se sentou novamente, puxando a manga da camisa de Malfoy ─ Ou melhor, tenho quase certeza de que sei o que é. Você, sendo filho de um comensal, é de se esperar.

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