VII- Sexto ano: David Bowie & Natal.

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HOGWARTS, 1996. Happy Christmas!
PS: Referência ao Natal de 86 em All The young dudes.

Há exatos 10 anos atrás, no Natal de 86 dois jovens bruxos estavam dançando pelo salão da grifinoria. Sirius Black havia ganhado seu mais novo álbum do David Bowie e o colocou para tocar na vitrola. Se remexendo pela comunal na companhia de Remus Lupin, jovens e selvagens; na época Sirius já tinha toda confiança do mundo, não importava mais nada. Ele rodou na comunal, vendo o outro sorrir enquanto o disco rodava e espalhava uma felicidade mútua pelos corpos. Então Sirius pensou.

Não nada para ganhar. Nada para perder. Nada que ele desejasse mais. Exceto levar aquele garoto meio loiro para conhecer estrada 'afora'.

Sirius acreditava mais do que nunca na pessoa que queria se tornar.

E essa foi a trágica, mas linda história de jovens que se juntaram para salvar tudo o que amavam em uma guerra. Viveram rápido, morreram jovens. Mas foram selvagens e se divertiram.

Foi tudo o que Draco pensou enquanto se vestia aquela manhã. Imaginando qual seria o sentimento de desafiar as pessoas que te prendem, e ainda mais desafiar a si mesmo, dando lugar às próprias vontades e agindo em nome do amor. Naquele momento Draco teve inveja de Sirius Black, porque ele morreu aquele ano, mas morreu sendo quem sempre sonhou em ser.

Dumbledore fez um feliz anúncio aquele dia. Os alunos do 5° ano em diante poderiam passar o Natal em Hogsmead, até o anoitecer, mas deveriam estar de volta ao castelo antes das 21:00 em ponto. Vendo que não havia um "por quê" de não ir, Malfoy calçou os pretos e pesados coturnos, colocando uma jaqueta de couro por cima do sweater verde musgo e se dirigiu até a saída.

─ Se divirta, Sr. Malfoy. Feliz Natal ─ ouviu a doce e velha voz de Minerva ao passar dos grandes portões, virando momentaneamente e concordando com a cabeça. As vezes você tem uma impressão momentânea de que aquelas pessoas não tem nada contra você, e realmente talvez não tenham, mas uma mente perturbada jamais descansaria. Nem para o mais doce sorriso ou as mais belas palavras.

Então Draco marchou, seguindo as pegadas de alguns alunos a minutos na frente dele, ouvindo também alguns que viam a meio minuto atrás. O vento gelado batia nas bochechas pálidas e dava uma pequena impressão de movimento. Movimento da terra, da vida. Talvez Malfoy estivesse em movimento, ainda que se sentisse parado.

[...]

Após uma tarde inteira vagando pela cidade, eram agora 19:23 quando Malfoy bebeu seu último gole de cerveja amanteigada, do 5° copo. Levantou, seguindo para a saída com passos pesados, pequenas risadas de garotas surgiram quando ele passou em frente a uma mesa, cheia de moças. Que desperdício, pensou.

Assim que abriu a porta Malfoy suspirou ─ ah, não brinca! ─ para a surpresa de todos, estava caindo um temporal de granizo, ainda que fossem pedrinhas, queimavam como fogo ao bater violentamente em alguém.

Porém, Draco pulou para trás quando um grande guarda-chuva foi lançado em si, segurando depois do reflexo e virando com os olhos nublados bem abertos.

─ Você bebeu bastante, né? ─ a voz familiar de Harry surgiu, junto ao seu corpo encolhido nas vestes, as mãos enfiadas no bolso do casaco.

Draco sentiu uma leve onda de raiva o absorver. Harry parecia muito perto, muito interessado na verdade, nos últimos dias. E aquilo feria amargamente o ego do loiro, que sabia que para alguém que o rejeitou durante 6 anos inteiros, aquilo estava muito estranho - mas Malfoy estava fadado de mais para abrir qualquer discussão, piscando lentamente os olhos em direção ao outro.

THE DIARY, drarry | ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora