8. detecting

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– Namorado? – pergunto e Carolina sorri pra mim. Consigo perceber que ela não está 100% confortável nessa situação.

Também não sei se isso é culpa minha. Tecnicamente, eu dei em cima dela e é óbvio meu interesse. O fato de a gente ter amizade.. isso atrapalharia algo? Ela está comprometida.

– Isso. – ele responde mostrando a mão dela. Percebo que em seu dedo anelar há uma aliança. Esse cara é rico, fato. – E vocês.. se conhecem há muito tempo?

– Ele e eu já conversamos algumas vezes. – ela responde baixo. Ouço e tento não me sentir mal por isso. Não somos melhores amigos, claro, mas também não acho que as palavras dela conseguiram descrever corretamente o que somos.

– Eu vou.. – digo tentando achar uma linha de raciocínio – Organizar algumas coisas.

Sorrio. A vontade que tenho é de me enfiar em um buraco e não sair. Essa resposta não teve o mínimo sentido, e percebo que Arthur parece confuso.

Saio dali rapidamente caminhando sem direção. Para qualquer lugar que me pareça certo.

– O que você tá fazendo? – Gilson. Ouço sua voz e me viro pra ele.

– Eu acabei de encontrar o namorado da Carolina e sinceramente? – começo a falar indignado enquanto ele me ouve atentamente – Não tô a fim de ficar aqui o resto da noite avistando os pombinhos. Vocês trouxeram bebidas?

– Não. – ele responde seco. Não reconheço esse tom do Gilson.

– Tá, já volto. – respondo ignorando a situação. Gilson segura meu punho antes que eu pudesse sair dali, novamente, estranho demais.

– Onde você vai? – ele me pergunta.

– No banheiro.. – respondo receoso.

– Acho que um menino do segundo ano.. – ele faz uma pausa – deixou o vaso sem condições de usar, se é que você me entende..

– Ah, tudo bem então.. – respondo rindo. Sinto alguém me cutucar e sinto o cheiro do perfume doce dela.

– Podemos conversar? – Carol me pergunta e eu solto uma risada irônica.

– E essa seria.. nossa quinta conversa? – brinco com a situação constrangedora e ela revira os olhos – Ou você disse para seu namorado que só tivemos duas?

– Para de ser idiota, Bak. – ela me puxa dali.

– Eu quem está sendo idiota? Sério? – pergunto parando. Estamos em um local fora do salão. A noite já chegou e o frio está quase congelando meus únicos neurônios. Carol parece firme, mas sei que ela também está sentindo a temperatura baixa.

– Eu não quero brigar com você. – ela declara e eu fico sério. – Não sei porque tá agindo assim.

– Eu achei que pelo menos fôssemos amigos, e você nem se quer foi conversar comigo, me apresentou como "o cara que teve algumas conversas com você" – faço aspas e ela desvia seu olhar. – Certeza que não sabe o porquê de eu estar assim?

– Você não conhece o Arthur. – Carol diz. O silêncio se torna nosso principal abrigo nesse momento.

– E o que eu deveria esperar dele? – pergunto.

– Eu só.. – ela diz tentando se explicar – Não quero que você se surpreenda com qualquer atitude ridícula que ele tenha.

– Sério isso? Certo... Você namora um cara com atitudes ridículas.. e não acha isso, ironicamente, ridículo? – deixo essa questão no ar.

– Ele é uma pessoa boa, mas quem tá de fora não consegue identificar muito isso.. entende? – ela pergunta. Sei que ela só está tentando ser agradável com ele.

– Pra ser sincero, não. – sorrio forçadamente – Boa noite, Carolina, espero que tenha gostado da nossa noite do cachorro quente e que você volte na próxima.

Eu, Victor, Babi e Gs combinamos essa frase. O certo seria dizer isso a todos os alunos na hora de embora, e talvez fosse a frase robótica perfeita para esse momento. Saio dali e volto para a festa tentando aproveitar o resto dela.

Meu olhar, espontaneamente, se direciona para a porta do banheiro masculino. Vejo Babi deixando o pequeno local naturalmente. Por um instante de segundo, é uma cena totalmente normal.

Meu cérebro raciocina um pouco e temos uma incógnita aqui. Vou até ela e seguro seu braço. Bárbara se assusta e me olha esperando por uma explicação.

– O que você estava fazendo?

Six Months | BaktanOnde histórias criam vida. Descubra agora