QUATRO

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Capítulo sem revisão, ainda.

Abril

-André? - Alessandra disse, notavelmente surpresa ao ver o loiro na frente da empresa, com aquela jaqueta jeans que já deveria ter mais anos que o quase relacionamento deles, e com dois capacetes nos braços, e a moto encostada no meio fio.

-Alexia disse que teve um problema para resolver de última hora, então me dispus a vir te buscar. - Ele respondeu, com um sorriso enigmático no rosto.

A caçula tinha pedido o carro emprestado naquele dia para resolver algumas coisas fora de seu local de trabalho, e havia prometido busca-la no fim do expediente, mas obviamente ela não abriria mão de ser cúpido em todas as ocasiões possíveis. Sabia que o interesse de André não era nada disfarçado, e mesmo que as irmãs desconfiassem de seu sentimento, elas pensavam que precisavam ajuda-lo.

-Tudo bem, então. - Ela disse, passando por ele e pegando um dos capacetes, sem conseguir encara-lo. Era difícil esconder seus sentimentos, e desconfiava que André já sabia que estava apaixonada, e só fazia sua vida mais difícil para que ela o aceitasse de uma vez.

Assim que ele saiu do local, ela se aferrou a ele, e sentiu aquele perfume levemente amadeirado que tanto gostava. Era loucura, sabia disso, apegar-se tanto a alguém visivelmente tão livre. Mas já não conseguia se desenredar daquelas cordas invisíveis que a prendiam a André. Exausta, encostou sua cabeça nas costas dele, inspirando profundamente. Se ele fizesse mais um movimento, não conseguiria resistir. Já era a segunda vez que se sentia assim, e naqueles últimos meses, conhecendo o homem que ele havia se tornado, atencioso, responsável, um pouco marcado pelo que havia visto, não conseguia se imaginar com outra pessoa.

Quando sentiu que Alessandra estava agarrada em si, que parecia quere-lo, soube que precisaria jogar as cartas na mesa mais uma vez. Fora chamado outra vez para fotografar no exterior, seria alguns meses, iria para a fronteira da Itália com a África, expor as condições que os refugiados viviam naquele lugar, trabalhar com repórteres e jornais. Alessandra precisava saber, e se ela pedisse para ele ficar, ele ficaria. Temia sua reação, sabia de seu medo de sonhadores, queria que ela o deixasse ir com a promessa de que no seu retorno, ficariam juntos finalmente, mas sabia que ela tinha medo de sonhadores, então não iria, se ela pedisse. Ela só precisava pedir.

-André, para onde você está me levando? - Ela percebeu que não estavam indo para a sua casa, ele tomava a pista em direção à estrada, que levava ao penhasco.

-Ao penhasco, precisamos conversar, San. - Ele respondeu, sentindo seu coração bater descontrolado em antecipação. Não queria estar errado outra vez. Precisava estar certo, era desgastante demais gostar tanto dela, e ter que viver decifrando suas reações. Naquele último mês, ele não perdera nenhum programa "em família", e algumas vezes trocava mensagens aparentemente despretensiosas com Alessandra. Ela não fugia mais, mas também não tocava em nenhum assunto comprometedor. Eram cautelosos, ele contava vez ou outra o que havia visto em suas viagens, e ela parecia feliz com o que ele havia conquistado. Apenas parecia não ter nenhuma pretensão em sair daquela zona de conforto que havia criado.

-O céu está muito lindo. - Ela disse, apreciando as cores que se mesclavam no céu do fim de tarde.

-Eu sei que ama o pôr-do-sol. E não é pelo sol, é pelas cores do céu, você já me disse. - Ele disse ficando ao lado dela.

-Você se lembra. - Alessandra sussurrou, encarando-o. - Por que me trouxe aqui André?

Os olhares se encontraram, eles sabiam, ambos tinham consciência do que sentiam, um de frente para o outro, turbilhões de emoções e sentimentos que entravam em ebulição. André não conseguia pensar claramente, apenas a encarava na mesma intensidade, baixando seus olhos para a boca perfeitamente pintada de vinho, e como um imã sentiu-se atraído a ela.

Homens que Sonham (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora