Capítulo 23

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— Não, você não pode estar vivo — Falei olhando para meu pai como se estivesse vendo um fantasma.

— É bom te ver novamente, minha filha — ele falou se aproximando de mim.

Conforme ele avançava eu ia para trás, acabei batendo minhas costas na parede e vi que não tinha mais como fugir.

— Filha, eu posso te explicar tudo, mas você precisa estar disposta a me ouvir.

— Não quero ouvir nada do que você tem a me dizer, você não sabe como foi difícil para mim todos esses anos com você longe, eu sonhava com o dia em que recebi a notícia de que você morreu, sonhava com seus carinhos, as músicas que você cantava para eu dormir. E a Charlotte me fez de escrava, eu trabalhava para ela sem receber nada em troca. Fui humilhada, desprezada e mais um monte de coisas.

— Sinto muito, muito mesmo, mas entenda que tive que fazer isso, sua mãe estava doente e sua irmã não podia ficar sozinha.

— Espera, está querendo me dizer que minha mãe está viva? — Falei com espanto não é possível que minha mãe estava viva.

— Sim, está e chega daqui a pouco para te ver.

— E essa garota aí é minha irmã?

— Sim, na verdade, sua irmã gêmea.

— Mas isso não é possível, você nunca falou dela, nem da minha mãe.

— Porque seu avô, meu pai, não quis, ele preferiu que seria melhor separar vocês duas e uma de vocês não ter a mãe por perto, decidimos que seria você, e não a Alana.

Olhei atônito para ele, quer dizer então que minha mãe e meu pai estão vivos e eu ainda por cima tenho uma irmã gêmea, e pior meu pai é o líder dos rebeldes sulistas.

— Meu avô era o líder sulista antes de você?

— Sim, eu tive que fingir minha morte quando você tinha dez anos porque seu avô morreu naquela mesma semana, como eu tinha que assumir o controle não podia ficar com você.

— Porque você se casou com Charlotte quando eu tinha cinco anos?

— Por que você precisava de uma figura materna, eu não tinha outra escolha a não ser escolher outra esposa.

— Minha mãe concordou com isso?

— No início não, assim como ela não queria se separar de você e seus irmãos. Mas meu pai não deu outra escolha.

— E meus irmãos? Eles sabem disso?

— Não é não podem saber de jeito algum.

— Porque você me sequestrou?

— Não tive outra escolha, sua mãe queria te ver e se eu não fizesse isso ela iria me entregar para o rei.

— Porque você quer derrubar a monarquia?

— Porque o que eles fazem não é justo, eu cresci no Sul e lá passamos muitas dificuldades.

— Mas isso não importa. O que custa querer conversar com eles ao invés de querer matá-los, não faz sentido algum matar eles.

— Entenda minha filha, nós precisamos fazer isso, eles nunca quiseram nos escutar.

— Você já tentou?

— Ele nunca conversou com a família real, nem seu avô.

Me virei na mesma hora em que ouvi sua voz que é idêntica à minha, vê lá na minha frente e não em fotos foi como num sonho. Corri até ela a abracei, por mim nunca mais a soltaria.

— Mamãe! — Falei com a voz embargada de choro.

— Minha filha, você não sabe como senti sua falta.

Me afastei dela para poder olhá-la melhor. Vi seus olhos idênticos aos meus brilhando por conta das lágrimas, seu sorriso enorme por me ver, eu não estava acreditando no que estava vendo.

— Sempre sonhei com você mamãe, querendo ter você comigo, ao meu lado, poder te dizer te amo.

— Eu também meu amor, mas agora estou aqui com você, e nunca mais vamos nos separar.

Abracei ela novamente, sentindo o cheiro de seu perfume, sentindo seus batimentos, percebi que realmente não era um sonho, que eu tinha minha mãe comigo.

— Tá já chega, preciso conversar com ela, Diana. — Meu pai falou.

— Conversar o que Henrique, você e seu pai me separaram dela por dezessete anos, e agora você quer que eu saia desta sala.

— Quero falar somente com ela saia, você e a Alana.

Minha mãe olhou com raiva para o marido, me deu um beijo na testa e saiu pisando duro, minha irmã nem sequer olhou na minha cara.

— Pode falar, estou ouvindo — falei.

— Sério mesmo, sem reclamações nem nada do tipo?

— Sim, pai fala logo antes que eu perca a paciência.

— Está bem, tem a ver com a seleção. — Fiquei alerta, como assim com a seleção? O que ele pretende fazer? — Você forçará o príncipe a se casar com você, mas após o casamento quem irá mandar no país serei eu.

— Você tá maluco não é, eu nunca faria nada assim, eu gosto do Maxon de verdade, não sou um monstro como você e a Charlotte.

— Como assim Charlotte?

— Ela está tentando me obrigar a me casar com Maxon apenas pelo dinheiro.

— Ela sempre jogou sujo mesmo. Mas isso não importa, ou você faz o mandei, ou acabo com a família real, você que escolhe.

Eu não tinha opção, ou magoou Maxon, ou mato ele, mas posso também contar-lhe o que está acontecendo, assim como aos meus irmãos.

— Está bem, eu faço — respondi.

— Ótimo, mandarei alguém deixar você e a outra garota na floresta perto do palácio e tem mais tenho espiões no palácio, por tanto — ele se aproximou de mim e agarrou minha garganta — se você contar para alguém precisarei matar seu namoradinho, entendeu? — Apenas balancei a cabeça, pois não estava conseguindo respirar direito.

Assim que ele me soltou e saiu da sala e desabei no chão, não estava conseguindo acreditar no que estava acontecendo, meu pai virou um monstro, minha mãe não pode falar comigo e minha irmã nem sequer olhou em minha cara, mas eu também não sinto nada por ela, se tivéssemos vivido o tempo todo juntas estaríamos como melhores amigas, mas isso não é possível, pelo menos eu acredito que não.

E o Maxon será que conto para ele ou não? Meus irmãos vão ficar loucos quando souberem que nossos pais estão vivos e que tenho uma irmã gêmea, com certeza vão querer sair atrás deles quando souberem de tudo.

— Vamos garota, eu não tenho muito tempo — um rebelde diferente dos outros que vi até agora, falou.

Levantei-me devagar, o que fez ele se irritar e me puxar pelo braço machucado, após me retirar da sala e me levar até onde América está ele colocou um pano em meu nariz com alguma substância que me fez apagar na hora.

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