Fundo da caverna

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Já faz um século que eu não vejo o mundo
São duas décadas sem sair de casa
E nesse clima assim tão obscuro
A minha pele já virou foi casca

É tudo sombra
Pensamento nulo
São tons de medo
Dentro dessa jaula

Lá fora o sol
Vem e esquenta tudo
E eu em formol
Mascarado e duro
Mantenho a fé que isso um dia passa

Vem mais um mês
Apagamos as velas
As rugas novas
Vêm e se sobressaltam

Até que um dia
Vê que absurdo
Abriu uma fenda
Onde tudo passa

E dessa fenda
Eu vi o novo mundo
Aves cantando
E muita mata alva

Eu vi o amor no cinema mudo
E decidi
Vou abrir minhas asas
Alçar meus vôos
Tirar a couraça
Esquecer de vez dos seus absurdos
Recomeçar
Revirar minha alma

E ao sair pichei em seu muro
Eu nunca mais caio nessa farsa!

Ged/20

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