5 de julho 1914
O Arqueduque e a princesa Sophie estão mortos, gavrilo príncip está preso, mas a tensão nos Balcãs não para de aumentar, catástrofe ainda não é irremediável e todos os olhos da Europa estão fixados na Sérvia.
Dificilmente se veria tão claramente essas tensões cristalizadas quanto em um homem, um homem que nesse momento está descendo de seu carro oficial acompanhado por toda uma equipe de diplomatas em Potsdam para discutir com um homem que para quase todos que acompanhavam todo o conflito não teria lugar ou voz, o próprio kaiser alemão diretamente.
Esse homem é Berthold o primeiro ministro austríaco, por trás de seu andar determinado e alguns diriam irado, tudo que ele sentia era pressão e tensão, por uma semana o parlamento austríaco estava em caos, as ruas de Vienna destilavam ira e vingança, por todo o território uma palavra dominava : guerra.
E era disso que ele estava ali para falar, e ele sabia mais que ninguém que se ele falhasse naquela missão o resultado seria catastrófico para o império, talvez até mesmo guerra civil.
Quanto mais a ordem for adiada, pior será para a Áustria, porém antes de qualquer ação ser tomada eles precisavam de uma confirmação, de preferência uma carta branca, pois ele sabe que para qualquer investida bem sucedida na Sérvia eles precisam da Alemanha protegendo sua retaguarda em especial dos franceses e russos, além disso ele se lembrava claramente de como em conflitos anteriores eles foram restringidos pelo kaiserreich, e com o formidável exército alemão atrás deles ele duvidava outra nação europeia se opor.Quando começa a reunião mal há tempo para cortesias como conversa fiada ou um café, Berthold deixando seus nervos falarem mais alto começa :
- " O que aconteceu foi completamente intolerável, um ato terrorista e desumano dos mais perversos, não somente para nós austríacos quanto para todos os germânicos, e aos próprios valores europeus, não podemos de forma alguma deixar tamanha infâmia de alguns bárbaros eslavos e otomanos passar impune! "
Exasperado ele continua falando sobre a crueldade do ato e de como era inadmissível. Mesmo demonstrando tanta confiança e emoção ele teme a cada segundo e a cada palavra a resposta do kaiser.
E então simples direto e sem pensar muito wilhen responde :
- " Nós lhe apoiaremos, em qualquer decisão vocês tem total apoio alemão, apenas aja e aja rapidamente, a nação alemã estará com vocês sem reservas"
Por mais improvável que pareça dado os eventos seguintes o kaiser não queria uma guerra geral mas pelo contrário, impedir isso, ele pensou que caso a Áustria atacasse enquanto a Europa estava ultrajada e de luto, enquanto o assassinato estive fresco no imaginário europeu ninguém ousaria levantar um dedo pela Sérvia, e ainda que numa possibilidade ínfima os russos resolvessem defender seus aliados sérvios, um ataque rápido e decisivo seria uma fait accompli antes mesmo de uma mobilização russa a guerra estaria acabada, era isso que passava pela sua mente quando deu aos austríacos um cheque em branco.
E certamente ele estava certo, porém como vocês já devem ter percebido nada nessa história e simples, rápido ou direto.
Os problemas começaram quase que imediatamente ao fim da reunião, pois apenas um dia após a reunião wilhen viaja de férias onde ele não pôde ser alcançado pelas 3 semanas seguintes.
E para o jovem primeiro ministro voltando triunfante com a garantia de um poderoso aliado às coisas também começavam a desandar.
Pois ainda que ultrajados e irados ainda há discordância se deve ou não haver guerra, a parte húngara do império especialmente no parlamento rejeita a ideia de um conflito armado e eles representam uma parcela significativa demais tanto dos assentos parlamentares quanto da população para serem ignorados.
Ainda assim o revanchismo predomina nas ruas das cidades e nos salões parlamentares. Fazendo a voz húngara de diplomacia e paz, ficar sozinha, onde estavam as outras vozes da razão você pode pensar, mortas nas ruas de saraievo.
Infelizmente para os sérvios o Arquiduque era talvez o maior apoiador daquela nação dentro do império, então quando moderação foi sugerida nas sessões acaloradas de plenário que estavam acontecendo, os partidários da guerra apenas tinham que apontar para a morte dele e dizer "ele era o maior amigo deles e olhe o que fizeram com ele, o que farão após isso conosco?!!!".
Por fim numa última tentativa os húngaros concordaram, com uma condição, uma condição que se mostraria decisiva no futuro, que o império Austro-Hungaro não iria anexar nenhum território sérvio.
E com isso começam a escrever um ultimato para o país balcanico, um ultimato não para resolver a questão pacificamente, mas meramente para isenta-Los ainda mais de Culpa dizendo que ofereceram um diálogo, e esse ultimato que marcaria as gerações seguintes foi atrasado, por uma chance de paz, arquitetada somente por dois homens que para todos os efeitos deveriam se odiar, dois rivais no coração da Sérvia eram o único obstáculo para a guerra, em Belgrado o coração de toda essa crise estão dois dos únicos homens com a visão clara o suficiente para ver as nuvens se reunindo no continente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A tragédia secular : Prelúdios da grande guerra
Ficción históricaJunho de 1914, menos de 3 meses antes de um dos conflitos mais destrutivos da história humana, por toda a Europa tensões aumentam sem parar e diplomatas e políticos de todos cantos estam imersos no caos numa tentativa desesperada de impedir a tempes...