Ato IV : Um Fim Em 3 Partes

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24 de julho 1914

Tarde da noite, um grupo de homens abatidos estão sentados em uma sala escura do ministério de defesa de Belgrado, sem perspectiva de nada mais se veem entre a cruz e a espada, ceder a soberania para aqueles contra os quais seu povo lutou por séculos ou serem dominados, um deles segura o ultimato austríaco, por 2 dias debateram sobre o que fazer buscando alternativas a uma rendição, derrotados eles se preparam para aceitar todas aquelas demandas absurdas quando uma carta passa pela porta, nela está escrito que os russos começaram a se mobilizar e prometem suporte total, isso muda tudo um novo ar de coragem preenche aqueles estatistas, eles mudam a resposta e enfim começa o ato final.
Em sua resposta os sérvios aceitaram 9 de 10 das demandas austríaca recusando apenas dar poder legal a oficiais austríacos em território sérvio, algo que a comunidade internacional compreenderia, mas essa resposta é uma sacada de mestre, uma formulação genial no jeito em que é concluída pois no fim ela diz que caso os austríacos não achem os termos justos eles estão dispostos a fazer uma conferência, mas se vocês se lembram os austríacos odeiam conferências, eles sempre terminam com menos votos nelas.
-"não mais, pensou Berthold, não dessa vez agora e a nossa vez de nos vingarmos"
Todos no parlamento estão lividos da resposta Sérvia.
Mas como sempre eles se viram para seus aliados alemães por conselhos, o kaiser ainda está no mar nesse ponto, então o primeiro ministro austríaco vai a uma consulta com bethman hollweg e o general moltke, chefes do exército alemão.
Mais uma vez ele sua frio e teme por trás de uma aparente confiança, em quase 3 anos de cargo nunca teve tanto trabalho e peso em suas costas, desde o assassinato de franz ele não teve uma única noite boa de sono, atormentado por escolhas e trabalhos, quando sabem do que aconteceu os dois alemães estão ultrajados gritando :
-"o que, você ainda não declarou guerra?!! Um maldito mês já passou e vocês não fizeram nada???? Não concordamos com isso, nos estamos perdendo a simpatia européia a cada dia"
Ele só é capaz de olhar e pensar nos erros que cometera até esse ponto de como a resposta Sérvia que já deveria estar sendo publicada nos jornais de toda a Europa e talvez até mesmo nas américas, mudava totalmente a situação.

Pois para os europeus o que mais a Áustria poderia querer?
Guerra...
Apressado pelos alemães e temendo perder o apoio deles o jovem primeiro ministro completamente ingênuo nas matérias de guerra vai falar pela primeira vez com o chefe do exército imperial.
E para o terror de Berthold que já estava em um dos piores dias da sua vida também está ultrajado, mais uma vez o ministro ouve gritos irritados:
-" Declarar guerra, você só pode estar brincando!! Eu precisava ter sido avisado semanas atrás se esse fosse o caso, o exército não estará pronto para marcha até pelo menos 14 de agosto, semanas a partir de hoje!
Além do mais contra quem estamos nos mobilizando? Sérvia? Com tropas russas em nossa porta? E suicídio! Se você conseguir uma garantia de neutralidade russa então TALVEZ (enfatizando cuidadosamente a última palavra) possamos falar de mobilização contra os sérvios"

Desesperado, pressionado a guerra a Sérvia pelo parlamento e a Alemanha, enquanto o próprio chefe do exército diz que eles não estam prontos, sobrecarregado por levar uma nação inteira nas costas ele volta pra Casa e começa a pensar que talvez tenha uma saída dessa situação. Ele se convence de que declarar guerra não é o mesmo que estar em guerra, então talvez (se lembrando da ênfase que o general deu nessa palavra) ele possa aplacar os alemães e usar a ameaça para fazer os sérvios se renderem sequer atirando uma bala.
Vendo isso de nossa perspectiva vemos claramente o quão irreal essa ideia é, mas todos nós já estivemos sobrecarregados presos num beco sem saída e fazemos escolhas irracionais em decorrência disso, mas no nosso caso o destino do mundo não está em nossas mãos...

28 de julho 1914

A primeira declaração de guerra é feita, Áustria está oficialmente em guerra.
Mas aquela manhã, aquela manhã do dia 28, o kaiser wilhem II retorna a Potsdam e pela primeira vez lê a resposta Sérvia.
E logo após pensa consigo mesmo :-"com isso todas as razões para guerra vão embora"

E aqui começa uma das grandes tragédias desse julho shakeaspereano, pois este homem, mesmo com toda sua incompetência, todas suas inadequacoes, todas as suas falhas, pela primeira vez da um passo a frente e age como deveria agir, o homem que merece liderar a nação mais forte do mundo, e ele chega tão perto...
Ainda assim apesar de todo o esforço, e tarde demais, ele chegou atrasado, o mundo não se lembra dos seus esforços...tudo começa a descer no caos... Começa a guerra...e seu império, tão jovem se vai...

H. M

 A tragédia secular : Prelúdios da grande guerraOnde histórias criam vida. Descubra agora