Capítulo 5

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O RESTANTE DO FIM DE semana voou. Blake nos levou para passear na água,indo de jet ski até ilhas afastadas, onde tomamos sol e ouvimos o barulhocontínuo da água do mar até que estivéssemos cansados demais ou com fomedemais para ficar mais tempo. Exploramos cada canto da ilha. Comemos, ebebemos, e fizemos amor. Conversamos e fizemos promessas. Cada minuto eracomo seu próprio pequeno paraíso.Aquele comprometimento entre nós ainda tinha uma sensação de novo,como um sonho. Cada vez que meus olhos se acendiam com o brilho da aliançaem meu dedo, meu coração dava um pulo. Era um lembrete brilhante eimpressionante do amor de Blake. Tanto entusiasmada quanto apreensiva comrelação ao que isso significava para o nosso futuro, eu não conseguia nãofantasiar sobre o nosso "felizes para sempre".— Você gostou do anel?Olhei para Blake, que me pegou admirando-o, enquanto nosso voo seaproximava do céu escuro de Boston.— Adorei. É simples.— Podemos escolher algo maior, se você quiser. Arrisquei com esse aí. Eunão tinha certeza do que você iria querer.— Não, quero este. É perfeito.— Ótimo. — Ele sorriu e apertou minha mão delicadamente. — Vamoscolocar outro junto desse, e aí eu vou saber que você é minha de vez.Imaginei o companheiro daquele anel, e o significado disso me atingiu.— Como os braceletes.Ele assentiu com a cabeça.— Você vai me ter algemada e presa a você para sempre, Blake. Tem certezade que é isso que você quer?Ele se aproximou, tomando meus lábios em um beijo carinhoso.— É essa a ideia.Meu coração se contorceu. Uma pequena agitação atingiu minha barriga como pensamento de ser de Blake para sempre. Sua esposa.Enquanto nosso avião aterrissava no aeroporto Logan, lamentei estarmosvoltando tão cedo. A folga tinha sido incrível, mas curta. Eu ainda estavaanimada por conta dela, mas realidades menos agradáveis esperavam por nósdois. Qualquer que fosse o problema em nosso caminho, iríamos encará-lo juntos.Eu tinha prometido a Blake que sempre faríamos isso. Chega de fugir e chega detentar ser forte sozinha. Lutar contra minha própria natureza independente nãoera fácil, mas compartilhar minha vida, a parte boa e a parte ruim, era maisimportante agora do que nunca.Quando entramos no apartamento, Alli me encontrou com um gritinho e umabraço apertado. Ri e a abracei de volta. A felicidade de ter minha melhor amigatão perto, acompanhada das novidades, me aqueceu.A mão de Heath bateu na de Blake quando eles as apertaram.— Parabéns, cara!Um sorriso pequeno se abriu no rosto de Blake.— Obrigado.O foco de Heath se voltou para mim, e ele me puxou em um abraço apertado.— Erica, futura cunhada. Você não faz ideia de onde está se metendo comesse aí, mas boa sorte para você.Dei uma risada e o empurrei para trás, brincando. Os dois foram até a salade estar e continuaram conversando enquanto Alli me arrastou até a cozinhapara poder inspecionar o anel. Ela o estudou por alguns segundos enquanto a luzdançava sobre os diamantes. Sorri, entusiasmada de novo por ele ter pedido, poreu ter aceitado. Sem sequer ter tido a chance de fantasiar sobre como aquelemomento entre nós poderia ser, eu soube imediatamente que era isso que euqueria.Alli passou o polegar pela aliança, com uma sobrancelha erguida.— Que diferente.Dei de ombros, sem saber ao certo o que dizer. Eu não ia contar a ela que osbraceletes que ele tinha me dado meses atrás se uniam como algemas e que esteanel tinha um simbolismo parecido.— Diferente, mas é a nossa cara. Eu adorei. Além disso, como é que eu iriatrabalhar no computador o dia todo com uma pedra gigante no dedo?Ela se apoiou no balcão atrás dela, os olhos subindo do anel para os meuspela primeira vez em muitos minutos. Então, ela me estudou, quase tão intrigadaquanto quando analisou meus diamantes.— Então, se eu conheço você, sua mente deve estar a mil por hora com tudoisso.Eu ri.— Um pouquinho. Estou só...— O quê?Suspirei.— Não sei. Acho que ainda estou em choque por ele querer isso, você sabe,querer tornar as coisas permanentes.— Blake é louco por você. Você sabe disso.— Foi uma decisão fácil de tomar. Obviamente, sou louca por ele também. Enão é como se ele fosse aceitar um "não" como resposta de qualquer forma.Ri para mim mesma, tentando imaginar até onde ele iria para conseguir aresposta que queria.Enquanto meus pensamentos fugiam para longe de mim, Alli deu um sorrisolargo e uns pulinhos.— Estou tão feliz por você, Erica! Fiquei pirando o fim de semana todo! Heathme contou depois que vocês saíram, e eu estava morrendo de vontade de ver vocêde novo.— Eu não fazia ideia — falei, admirando o presente de Blake, sua promessa.— Essa não pode ter sido a primeira vez que vocês conversaram sobrecasamento.Minhas sobrancelhas se ergueram de imediato.— Por quê? Vocês já conversaram?As bochechas dela ficaram vermelhas.— Não estou falando de mim. Estou falando de você. As pessoas geralmenteconversam sobre casamento antes de fazerem um pedido. Sondam o terreno etudo mais.— Ele tocou no assunto uma vez, meio que de brincadeira, eu acho, mas eu ochamei de louco. E eu estava falando sério. Ainda acho que isso tudo é meiolouco. Estou morrendo de medo, mas quero ficar com ele. Se isso é o que ele quere precisa ser agora, então que seja.Toda aquela perspectiva era esmagadora e inesperada. Eu amava Blakeincondicionalmente, mas solidificar nosso relacionamento com um casamentoera algo que eu não estava considerando no espaço de alguns anos.Casamento, para mim, implicava estabilidade, algo certo e confiável."Felizes para sempre" e só coisas boas. Por outro lado, pouquíssimas coisas naminha vida eram estáveis agora, com exceção do meu amor por Blake. Apesardas garantias dele, o futuro dos negócios me preocuparia muito até que eusoubesse que minha empresa, juntamente com os empregos de todo mundo,estavam a salvo.O Clozpin era muito mais que um trabalho, e vê-lo atingir o sucesso era maisque um objetivo de curto prazo. Eu precisava que ele desse certo por muitosmotivos. Se não desse, eu ficaria ainda mais dependente da riqueza e dasegurança de Blake. Apesar de eu apreciar o fato de que ele poderia fazer issopor mim e nunca faria eu me sentir inferior por conta disso, a ideia de ficarcompletamente dependente de outra pessoa era desconcertante.— E aí, já pensou em uma data? Um local?Dei uma risada com o entusiasmo de Alli, mas também lutei contra umaonda de ansiedade por definir todos aqueles detalhes. Quando é que eu teriatempo para aquilo? Será que a família dele esperava algo grandioso? Eu tinhaficado tão perplexa com o pedido que não tinha sequer pensado em perguntar aBlake o que ele tinha em mente com relação a isso. Eu ainda estava tentando meacostumar com todo o conceito básico de um casamento.— Eu não faço a menor ideia de quando ou onde vai ser.Os grandes olhos castanhos de Alli estavam arregalados e na expectativa.— Mas é claro que eu gostaria que você ajudasse — acrescentei rapidamente.Ela sorriu e saltitou de novo. Dei outra risada com seu entusiasmo ilimitado.Ela seria uma fonte inestimável sobre todas essas coisas de casamento. Se haviaalguém que tiraria isso de letra, seria Alli.— É você quem deveria estar se casando. Provavelmente já tem tudoplanejado.Falei baixinho e olhei rapidamente para trás para ter certeza de que Heathnão tinha me ouvido.— Talvez eu tenha, mas vou me contentar em planejar o seu, por ora. Vaisaber quando ou se um dia chegaremos nesse estágio.— Mas parece que vocês dois já conversaram sobre o assunto, não?Ela deu de ombros e apoiou o quadril no balcão.— Um pouco, mas esse é um passo gigantesco. Sabemos que não estamosrealmente preparados para isso. Mas eu tenho mais boas notícias para você.— Ah, é?Minhas sobrancelhas se ergueram de curiosidade.— Heath e eu encontramos um lugar para morar. É bem perto daqui, mastenho certeza de que Blake vai ficar animadíssimo em ter o apartamento dele devolta. Vamos começar a levar as coisas pra lá esta semana, então o sr. Possessivonão vai mais precisar dividir você comigo.Ela sorriu e cutucou meu ombro.Sorri, feliz por ela e por nós.— Você deve estar animada.— Estou. É a primeira vez que vamos morar juntos em um lugar que é nosso.Já está vago, então devemos terminar toda a mudança em alguns dias.— Isso é maravilhoso. Me avise se eu puder ajudar.— Não se preocupe com isso. Foque no trabalho. Sei que você tem muitascoisas para pôr em dia no escritório, mas marque na agenda um jantar com agente na semana que vem. Heath quer convidar a família para conhecer a casanova. Além do mais, todo mundo vai querer conversar sobre o casamento, entãovai ser divertido.— Está bem — concordei fracamente.O nó no meu estômago cresceu com a menção da família de Blake. Euadorava todos, mas eles eram meio efusivos demais, às vezes. Será que existiaalgo como "ser legal demais", "se preocupar demais"? Se os comparasse com aminha família, talvez. Pensar em convidar os Hathaway para fazer parte daminha vida, para celebrar essa ocasião era, no mínimo, desconcertante. Elesbasicamente rejeitaram minha mãe desde o dia em que ela contou que estavagrávida de mim. Será que eles iriam me rejeitar também ou fingiriam interesse eapareceriam como se tivessem se importado durante toda a minha vida?Qualquer um dos cenários parecia estressante, mas eu não queria privar afamília de Blake de uma ocasião que talvez significasse tudo para eles. MeuDeus, nossas famílias não podiam ser mais diferentes.Para evitar mais perguntas, arrastei Alli de volta para a sala de estar epassamos o resto da noite conversando com nossos meninos. Relaxei ao lado deBlake, grata, apaixonada e determinada a aproveitar ao máximo as últimaspoucas horas de nossa fuga do mundo.

INTENSIDADE MÁXIMAOnde histórias criam vida. Descubra agora