Capítulo 15

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MEUS OLHOS SE ABRIRAM SUBITAMENTE, e então se fecharam. Toda vez que eubuscava a consciência, algo me nocauteava de novo. Eu nunca estive tão cansadaem toda minha vida. Mesmo quando minha consciência começou a capturar osdetalhes do que aconteceu, meu corpo exigia sono. Eu cedi, mas, mesmo assim,lutei contra a vontade desconcertante. Algo não estava certo com relação àquilo.O cansaço enfraqueceu meus músculos, penetrou em meus ossos fatigados.Enquanto eu oscilava entre dormir e despertar, meu estômago revirava, oenjoo fervendo dentro dele. A náusea potente e a ameaça real de que eu poderiavomitar bem ali onde estava deitava foi o que finalmente me tirou da cama. Depé, empurrei a porta do banheiro e mal consegui chegar à privada.Alguns exaustivos minutos depois, fiquei sentada sem me mexer no chão.Repousei a cabeça no braço enquanto recuperava o fôlego.— Gata.A voz dolorida de Blake veio de trás de mim. Então, os braços dele estavamme envolvendo. Ele passou a mão pelas minhas costas, o calor de seu toquepenetrava a camisola fina que eu estava usando. A fadiga se instalou novamente,me enfraquecendo na segurança dos braços dele. Me recostei nele e limpei aboca, determinada a não transformar o piso do banheiro em uma cama.Ele deu um beijo no meu ombro.— Você está bem?Confirmei com a cabeça.— Melhor, agora.Ainda bem que estar mal reprimiu a náusea por hora. Eu queria me mexer,afastar o peso que tinha se instaurado em mim.— Me ajuda a levantar? Me sinto tão fraca.— Claro. Só vá devagar.Concordei novamente com a cabeça, e a tarefa de me erguer sobre meus pésera impossível no momento. Ele circundou meus ombros e, depois, minhacintura, até que eu estava em pé. Ele enfiou uma mecha solta de cabelo atrás daminha orelha, e eu vi o reflexo dele no espelho. Seus olhos normalmenteexpressivos se escondiam por trás dos óculos de aro escuro que ele raramenteusava.Deixei de lado a segurança do corpo sólido dele e me apoiei na pia, juntandoforça suficiente para lavar o rosto e escovar os dentes. Ele escovou meu cabelopara trás, para longe do meu rosto e do meu pescoço, permitindo que o suor frioevaporasse da minha pele.— Quer um pouco de chá? Posso pegar alguma coisa para você?— Chá seria bom, eu acho.Minha voz era muito baixa. Eu não conseguia ter certeza de que ele tinha meouvido até que ele se afastou, me dando um beijo carinhoso na bochecha antes deir.Eu podia estar dormindo em pé, mas consegui voltar para a nossa cama. Noturbilhão do massacre físico, minha mente ficava perguntado o que tinhaacontecido. O que causou isso? Isso não era uma ressaca. Eu nunca tinha ficadoenjoada desse jeito, e meu cérebro estava turvo demais para compreender. Meafundei na cama, e o segundo em que o cobertor me cobriu, o calor bem-vindo foio que bastava para me arrastar novamente para o mesmo sono profundo.


A noite era escura, mas, lentamente, os detalhes dos meus arredorescomeçaram a aparecer. A grama estava molhada nos meus pés. Fria, emcontrapartida ao ar quente. Então, ele me puxou para frente. Por mais ignoranteque eu fosse, eu sabia aonde estávamos indo. O mesmo lugar para onde elesempre me levava. Umas centenas de vezes, talvez, e eu o acompanhava em todaselas. Como a menina burra e bêbada que eu era, eu o seguia.Risos. Todos estavam rindo, celebrando. Pessoas que eu conhecia. Franzi ocenho, me perguntando por que todos eles estavam ali.A pressão do toque dele no meu braço aumentou o suficiente para se tornardolorosa, e o medo familiar espiralou em meu estômago. Estava chegando.A careta cruel, uma expressão criada por sua satisfação presunçosa, seuódio. Ele me odiava. A mesma irritação estava em sua voz enquanto eleesclarecia, rangendo os dentes, seu plano para mim.Só que quando eu olhei nos olhos dele, eles estavam diferentes. Não erammais as íris redondas escuras que me assombravam. Confusa, analisei ascaracterísticas dele até que elas se solidificaram e o reconhecimento ficou claro.Max. O rosto, aquele corpo pressionando o meu pertenciam a Max.Meu coração se contraiu de repente antes da dor familiar. Não importavaquanto eu lutasse, ele sempre encontraria seu caminho na escuridão, pegando oque queria.Impotente, eu não conseguia me mexer. Não conseguia correr. Ofegando porar, tentando me agarrar à realidade, eu disse o nome dele. Uma súplicaquestionadora. Então, percebendo que eu tinha uma voz, mesmo com o barulho eo borrão de risadas à nossa volta, eu gritei. Gritei por ajuda.

INTENSIDADE MÁXIMAOnde histórias criam vida. Descubra agora