Capítulo 19

49 6 0
                                    

ME APOIEI NA PORTA DO apartamento assim que ela se fechou, apenasparcialmente saciada. Minhas pernas ainda estavam moles como gelatina, mastodas as células do meu corpo estavam carregadas, prontas para ele.— Venha aqui.Blake se virou após alguns passos, o desejo e a hesitação estavam em guerraem seu lindo rosto. O desejo venceu quando ele voltou até mim, me prendendodelicadamente. Ele me beijou, levemente, como se os lábios dele fossem plumasnos meus. Tremi quando ele desceu a mão que estava em meu ombro pelo braço,entrelaçando nossos dedos. Ele se afastou uma fração.— Não precisamos fazer isso se você não estiver pronta.Meu coração doeu com a breve separação entre nós, com aquela pequenarecessão de onde ele tinha estado instantes atrás. Agarrei-o pelo quadril,querendo que ele voltasse para perto de mim, querendo que a distância fosse oúnico obstáculo entre nós.— Eu quero.— Posso esperar. Deus sabe, eu não quero, mas posso.A tensão permeava as palavras dele. Me curvei na direção do toque suavedele — sussurros de pele sobre pele, declarações silenciosas do amor entre nósque, muito recentemente, não tiveram escape. Blake era meu amante e nosamávamos com nossos corpos.— Estou pronta, Blake. Preciso disso, estar perto assim de você.Eu tinha que encontrar meu caminho e sair dessa, para que pudéssemos nosencontrar um no outro novamente.Ele segurou meu rosto, me encarando.— Eu vou esperar. Pelo tempo que você precisar.— Chega de esperar. Estou...Sacudi a cabeça, sem querer mostrar minhas dúvidas a ele, mas era tardedemais. Ele se afastou, e seus olhos verdes me questionavam.— Não posso mais suportar isso. Não sei se estou pronta ou se vou ter umtreco no meio do caminho, mas precisamos tentar porque eu não posso viverassim, sem você.— Estou bem aqui. Não vou a lugar algum.— Não, não é a mesma coisa. Você sabe que não é. É isso que nós somos,como nos amamos, e às vezes eu não consigo demonstrar a você de nenhumoutro jeito.— Você precisa de tempo para superar isso. Posso ver a hesitação em seusolhos. Posso sentir quando você se contém. Isso me destrói. Não consigo suportara ideia de ser a pessoa que a assusta e traz de volta aquelas memórias a você.— Eu sei... Céus, nunca vou conseguir pedir desculpas o suficiente por tudoisso.Larguei o peso do corpo na porta, derrotada pelo que Max causara entre nós.— Você não precisa pedir desculpas. Eu disse a você uma centena de vezes.Você precisa acreditar em mim quando digo isso. Nada disso é, nem nunca foiculpa sua.— Eu gostaria de fazer com que isso fosse embora. Você não faz ideia dequanto eu quero isso... que a lembrança de Mark fosse apagada para sempre, masnem mesmo a morte dele conseguiu isso. O medo de que ele pudesse memachucar de novo se foi, mas o que ele fez comigo por dentro... Não sei se um diaeu vou conseguir me livrar disso. Quero pensar que, um dia, isso vai parar de meassombrar, mas tudo isso... nos últimos tempos... tudo parece tão recente. Àsvezes, sinto como se eu estivesse vendo tudo de novo, mas com outros olhos.— Como assim?— Eu sei que parece loucura, mas antes, com Mark, logo depois de ele ter meatacado e nos anos seguintes ao ataque, eu nunca estive realmente melhor. Euera funcional e feliz o suficiente e segui em frente com minha vida, mas, paraisso, eu ignorei o que ele fez comigo. Tranquei-o numa caixa, joguei a chave forae me convenci de que eu estava bem. Mas eu não estava. Antes de você aparecerna minha vida, eu nunca tinha encarado de fato nada daquilo. Talvez porautopreservação na faculdade, porque eu não conseguia admitir que o estuprome arruinasse e destruísse tudo que eu tinha lutado tanto para conquistar. Masnão consigo mais bloquear isso. Você já viu e não me julga ou tem pena de mimpor causa disso. É parte de mim e, pela primeira vez em anos, estou percebendoque ainda não estou totalmente curada. E está tudo bem. Mas estou melhor porcausa de você, por causa de nós.Puxei-o contra meu peito novamente e dei um beijo suave nele. Eu o inspirei.Seu cheiro e sua proximidade me deixavam tonta.— Não vou mentir para você, Blake. Estou um pouco em choque. Odeio estarassim e odeio ter reagido do jeito que reagi antes. E não posso prometer que nãová acontecer de novo, em uma escala menor. Fisicamente, não há dúvidas comrelação ao que eu quero, mas eu nunca sei o que vai despertar a minha mente.Você tem razão quanto a eu precisar de tempo. Mas não posso passar esse tempolonge de você porque é você quem faz eu me sentir melhor. Você é a única pessoaque pode me fazer superar isso, porque eu nunca confiei em ninguém comoconfio em você. Eu te amo tanto que, às vezes, até dói. Você precisa acreditar emmim, que você é o único que pode me curar, Blake.Eu o abracei forte, deixando que uma lágrima escorresse pelo meu rosto. Asemoções correndo soltas dentro de mim estavam tomando conta, de um jeito oude outro.— Gata — sussurrou ele contra meus lábios, seus ombros relaxaram sobminhas mãos.— Por favor.Beijei-o novamente, com mais firmeza, mais demanda.Ele se afastou um pouquinho novamente, a preocupação estava impressa nasrugas em torno de seus olhos. Tentei tocá-lo, mas antes que eu pudesse selar asúplica com mais um beijo, ele me ergueu pela cintura. Enrolei as pernas emtorno dele e deixei que ele nos levasse à escuridão do quarto. Ele me soltou no péda cama, sem parar de me tocar.Passei a mão pelos cabelos dele, intensificando o beijo e fundindo nossoscorpos em um só. Minha língua encontrou a crista dos lábios dele, tocando deleve, buscando acesso. Ele suspirou contra mim, abrindo-se. Nossas mãosdeslizavam pelo corpo do outro. Mesmo com a tensão que nos envolvia, cadamovimento era calculado e sem pressa, como nunca havia sido antes. Eu nãoconseguia me lembrar de uma vez em que ele tivesse se demorado e sido tãocauteloso assim antes. E apesar de parte de mim estar berrando para que ele seapressasse, de alguma forma, isso era mais importante. A dança lenta de pedircom cada toque.Quando as roupas caíram no chão e nossas mãos encontraram o caminhopara nossos corpos de novo, eu interrompi o beijo e me sentei na beirada dacama. Fui um pouquinho para trás, sem saber ao certo como ele me queria ouquanto eu podia aguentar. Apenas a lua iluminava o quarto, lançando um brilhovioleta nos lençóis emaranhados sob mim. Ele ficou parado por um momento,com um amor dedicado estampando seus traços no escuro.Segurando meu pé, ele o ergueu até seus lábios e deu um beijo no meudedão. Me deitei, deixando que meu corpo relaxasse no edredom macio enquantoele subia pela minha panturrilha, traçando um caminho delicioso até meu joelhoe pela minha coxa. Parando um pouquinho antes do meu sexo, ele migrou para ooutro lado.A ânsia contra a qual eu estava lutando há dias agora era impossível deignorar, impossível de resistir. Meu orgasmo anterior tinha colaborado poucopara reprimi-la. Eu queria implorar, mas ele se demoraria agoraindependentemente do que eu dissesse. Nada o faria forçar os limites de seucontrole. Ele seguiu o mesmo caminho com a mão e meus olhos se abriram desupetão. Segurei a mão dele no meio da minha coxa, interrompendo seu trajeto.Respirando para acalmar as batidas frenéticas do meu coração, eu me debaticom um novo tipo de pressa que se espalhava por mim.Os olhos dele se arregalaram, todos os músculos congelados, imóveis.Busquei pelas palavras enquanto ele esperava que eu falasse.— Não use as mãos, está bem?Minha voz era pequenina. Eu odiava o que aquelas palavras implicavam, masnão podia não dizê-las a ele e arriscar aquele momento entre nós.A linha do maxilar dele se tensionou, o músculo se contraindo. Dei umaperto de garantia na mão dele.— Está tudo bem — falei, evitando as razões reais, as razões que eleprovavelmente já tinha deduzido.Uma das lembranças menos agradáveis que eu tinha ultimamente era dasmãos de Max em mim aquela noite. Eu queria apertar os olhos até que aquelaimagem sumisse, mas, ao invés disso, me foquei em Blake.Ele deixou meu pé cair novamente na cama. Ele se levantou, me penetrandocom seu olhar. Ele não perderia nenhum sinal esta noite. Na maioria dos dias, eleestava em mais sintonia com meu corpo do que eu. Sabendo contra o queestávamos lutando, nada passaria batido por ele.— Erica, eu já disse isso antes, mas precisamos de uma palavra desegurança. Se você não achava que precisávamos antes, eu preciso que vocêtenha uma agora.Revirei os olhos.— Pense nisso como algo para me dar tranquilidade também.— Vou dizer a você quando parar. Eu sempre digo — insisti.— Não. É mais difícil me pedir para parar e explicar por quê. Tudo de quevocê precisa é uma palavra e isso vai dizer tudo. Vai me dizer para parar. Vai medizer que estou forçando a barra, que sua cabeça está gritando de tal forma quevocê precisa me dizer "pare". Precisamos de uma agora ou é melhor nãocontinuarmos com isso esta noite, porque eu não vou arriscar forçar a barra comvocê. Não hoje.Suspirei, não convencida de que precisávamos de uma palavra de segurança,mas se isso significava tanto para Blake, eu cedia.— O que vai ser? Simplesmente escolha alguma coisa.— Você tem que escolher. É a sua palavra de segurança. Escolha uma palavraque você não vai hesitar em dizer se eu estiver forçando os seus limites. Nãopretendo, mas...— Limite.Ele ergueu as sobrancelhas.— É isso. Vou dizer limite se você estiver fazendo qualquer coisa que eu nãopossa aguentar.— OK, funciona.Ele pareceu convencido. Expirou e a preocupação em seus olhos amenizou-se. Eu não fazia ideia de que escolher a palavra daria tanta segurança a ele,porque eu sempre tinha pensado o contrário. Como se dizê-la significasse que eunão podia assimilar tudo que ele podia me dar ou que eu estava assumindoplenamente o papel de submissa no qual eu já estava mais atolada do que nunca.O silêncio se instaurou entre nós, um vazio que ameaçou arruinar nossomomento. Enganchei o calcanhar atrás da coxa dele e puxei a mão dele parapersuadi-lo a vir até mim. Ao invés de se acomodar entre minhas pernas, ele sedeitou ao meu lado. Me virei para ele, alinhando nossos corpos. Nossas cabeçasestavam repousadas sobre os travesseiros, ficamos nos encarando.— Eu quero isso — sussurrei. — Por favor, não deixe que eu arruíne isso ouassuste você.— Me diga exatamente o que você quer.— Quero que você faça amor comigo, Blake, e que nunca pare. Pelo resto dasnossas vidas, quero amor na nossa cama. Nada pode se intrometer entre nósdesse jeito de novo, não importam as circunstâncias.Antes que ele pudesse responder, eu o beijei. Era um beijo cheio defrustração e determinação e, acima de tudo, amor. Era o nosso amor que podianos fazer superar aquilo. Ele retribuiu minha paixão, me inclinando do jeito queele me queria. Respiramos o ar um do outro e nos embebedamos um do outro atéque os segundos se transformaram em minutos. Até que meus lábios estivessemsensíveis e inchados. Minhas hesitações não tinham sumido, mas estavam bem láno fundo. Circundei a grossura dura da ereção dele entre nós, deslizando a mãoaté a ponta.Ele rosnou, curvando os quadris para cima, na direção do meu toque.Escorreguei a mão até a base e subi novamente, masturbando-o delicadamente.— É isso que eu quero. Venha cá.Puxei o quadril dele na minha direção e me deitei de barriga para cima. Elese moveu com elegância, subindo em mim, mas mal me tocando. Com as mãos aolado da minha cabeça, ele se abaixou. O calor de nossos corpos se encontrou. Elebeijou meu ombro e se aninhou no meu pescoço.— Me coloque dentro de você.Tremendo de leve, encontrei a carne quente do pau dele novamente e o guieiaté mim até que a cabeça quase me penetrava. Puxei o quadril dele novamente eme curvei, sinalizando para que ele me penetrasse. Centímetro a centímetro, eledeslizou para dentro, sem nenhum sinal de resistência do meu corpo.— Ó, Deus.Meus olhos reviraram, uma onda de alívio e prazer me inundando. Cadacélula do meu corpo parecia suspirar, porque ele estava comigo de novo, ondedeveria ter estado esse tempo todo. Esse abismo insuportável entre nós tinhafinalmente se rompido e nada nunca foi tão perfeito.— Olhe para mim — sussurrou ele.Quando abri os olhos, os olhos de Blake estavam sombrios, encobertos pelotesão. Mas a intensidade de costume que mal podia ser contida tinha, de algumaforma, sido reprimida pela preocupação dele comigo. Ele se afundou em mim, seacomodando ali até eu falar.— Ter você dentro de mim é incrível, Blake. — Minha voz vacilou, densa deemoção. — Me sinto como se já pudesse gozar, mas quero que isso dure mais.Ele soltou a respiração, movendo-se com cuidado, mas sem penetrar comtudo.— Você sabe que não me oponho a você gozar quantas vezes quiser. Nãoprecisa se conter.Sorri e enrolei as pernas em torno da cintura dele. Prendendo os quadrisdele entre minhas coxas, eu o estimulei a me penetrar de novo. Ele o fez, de novoe de novo, cada movimento um pouco mais seguro, cada pressão de nossoscorpos me relaxando e levando para longe todos os pensamentos que poderiamme assombrar nesse momento perfeito.Nós amávamos desse jeito, sem palavras, os movimentos dele eram guiadosapenas pelos meus. Estávamos em sintonia, como se o corpo dele me ouvisse.Com cada explosão do encontro de nossos corpos, o fogo dentro de mim crescia.Passei as mãos na pele dele, querendo poder acelerar os movimentos dele parasaciar essa fome sugadora, mas adorando a escalada lenta. A chama não eramenos intensa e a necessidade de gozar não era menos potente.— Me avise quando você for gozar. Me diga do que você precisa.O desespero na voz dele e sua respiração em meu pescoço me levaram alémdo limite.— Ó céus. Agora... Estou gozando.O lampejo de calor se espalhou por mim à medida que o orgasmo tomava ocontrole. Marquei ele com as unhas quando eu precisava de mais. Desandei emtorno dele, criando uma fricção aguda entre nós. Ele penetrou mais fundo, melevando àquele êxtase que ninguém nunca conseguira causar.— Erica...Sobre as batidas do meu coração, eu ouvi a dúvida na voz dele. Ele queriasaber que eu estava com ele, que estávamos bem para continuar. Ele nãoprecisava ser tão cauteloso. Eu estava fora de mim agora, imune aos horroresquando estávamos tão perto assim do arrebatamento.— Eu te amo. Eu te amo tanto — choraminguei, lágrimas se formando noscantos dos meus olhos.Tudo estava incrível agora, finalmente. As palavras saíam dos meus lábiossem parar.Ele pegou minha mão na dele, pressionando-a na cama, acima da minhacabeça. Com a outra, ele agarrou meu quadril e me ergueu da cama. Ele investiuforte e eu gritei. O prazer vibrou pelo meu corpo, se sobrepondo ao clímax que játinha me deixado sem fôlego e enfraquecida.— Ninguém pode tirar isso de nós — disse ele, roucamente, crescendo dentrode mim.Ele roubou minha próxima respiração com um beijo devorador. Meapertando com mais força onde me segurava, ele gozou.

INTENSIDADE MÁXIMAOnde histórias criam vida. Descubra agora