Capítulo 14

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MARIE ESTAVA PARADA ATRÁS DE mim, enrolando pequenas mechas do meucabelo. Alli estava com uma expressão concentrada no rosto enquanto colocavaum pouco de cor nas minhas bochechas.— Você está fazendo alarde demais, Alli. É uma festa de noivado, não ogrande dia. Estou bem.Ela se afastou, a cabeça inclinada para o lado.— Agora está. Você está perfeita. E também é bom você se acostumar.Casamento é tipo uma formatura mil vezes maior.Meus lábios se ergueram em um sorriso.— Era isso que eu temia. Se você continuar dizendo coisas assim, vou aceitara oferta de Blake de fugirmos.Fiona ergueu os olhos de onde estava sentada com mais uma revista denoivas no colo.— Você não faria isso!— Não — concordei. — Vocês são as únicas amigas que tenho, e se euprivasse vocês desse casamento, tenho certeza de que nenhuma de vocês jamaisfalaria comigo de novo.— Besteira. — Alli afofou um cacho que Marie tinha acabado de enrolar. —Mas é melhor irmos comprar vestidos logo. Acho que o segredo é fazer vocêentrar no clima do casamento.Suspirei.— Talvez você tenha razão. Talvez eu devesse dar uma olhada nas revistaspara ter ideias. Eu nem sei por onde começar.— Bom, não se esforce demais, porque Alli e eu já escolhemos praticamentetudo para você — intrometeu-se Fiona, seus olhos brilhando de alegria.Dei uma risada.— Está bem.— Cetim e tomara que caia.Fiona abriu a revista em uma página, me mostrando a foto de uma lindanoiva modelo.— Hmm, bonito. E que tal renda?Alli arregalou os olhos de leve.— É isso que você quer?— Não sei, talvez. Acho que Blake gosta de renda.— Deve ser de família — caçoou Alli, com os olhos brilhando.Dei uma risada, tentando me manter imóvel para que Marie não meacertasse sem querer com o ferro quente.Fiona não se esforçou em esconder o nojo.— Deus, esta conversa tem que terminar. Por favor. Vocês vão me fazer terpesadelos.Alli e eu rimos, dando uma olhada uma para a outra.A porta, então, se abriu, e Heath enfiou a cabeça para dentro.— Minha mãe queria que eu dissesse a vocês que as pessoas estãocomeçando a chegar, então venham assim que estiverem prontas. Não as façamesperar demais para conhecer nossa convidada de honra.Ele piscou.— Vá embora, Heath. Você vai deixá-la nervosa — disse Fiona.— Está tudo bem. Tenho carisma líquido bem aqui — falei, erguendo minhataça de champanhe.Marie soltou o último cacho.— Você não precisa de carisma líquido. Todo mundo vai amar você.Fiquei quente com as palavras dela. De todas as pessoas ali, Marie era minhaúnica família, embora quanto mais eu pensasse no assunto, mais a linha entre afamília de Blake e a minha começava a sumir. Alli vivia nos dois mundos, juntocomigo, e eu estava longe de ser uma estranha na vida dos Landon. Eles eramuma família calorosa e receptiva, à qual eu pertencia cada vez mais, a cada diaque passava. A ausência dos meus próprios parentes importava pouco, e as vezesque eu lamentava por não ter uma família mais normal eram cada vez maisraras.— Logo vamos. Assim que estivermos lindas.Alli passou os dedos pelos cabelos já perfeitamente lisos.— Você já é linda, gata.Heath deu um sorriso malicioso, com os olhos fixos em Alli.Ela ficou vermelha, fingindo ignorá-lo.— Que nojo, saia daqui.Fiona jogou uma almofada na direção da porta, errando o alvo, quando ele afechou, rindo alto do outro lado.Marie enrolou a última mecha do meu cabelo.— Você está pronta, minha menina.Levantei, assimilando minha aparência mais uma vez. Eu não estava tãopreocupada com minha aparência quanto estava com meu comportamento nafrente de todos os amigos e parentes dos Landon. Isso seria uma sobrecargafamiliar, mas eu estava mais pronta do que nunca.Alli enganchou o braço no meu e me deu um cutucão de leve.— Vamos lá embasbacar toda a árvore genealógica dos Landon.— Estou pronta. Vamos.Blake nos encontrou quando saímos do quarto extra onde eu e as meninastínhamos nos instalado para nos arrumarmos. Ele estava delicioso, de jeansescuro e uma camisa de listras finas com as mangas dobradas e solta na cintura.Ele ficaria lindo em um saco de aniagem, em uma toga, basicamente em qualquercoisa. Enquanto todo mundo seguiu casa adentro, eu fiquei para trás para curtirum momento com ele.— Você está estonteante. Mal posso esperar para exibi-la — disse ele, seusolhos escurecendo.— Gostou?Olhei para baixo, para o vestido tomara que caia creme que eu estavausando. A renda da parte de cima se encontrava com as camadas da saia, que iaaté pouco acima dos joelhos.— Amei, pareço até uma noiva. Mas, é claro, amo você mais.Ele me puxou para perto dele e se abaixou para um beijo carinhoso e cheiode devoção. Aquela sensibilização, o arco sempre presente de energia, crepitouentre nós. Fechei os olhos e me afundei naquele abraço. Ele contornou a junçãodos meus lábios com a língua. Suspirei e os abri para ele, acolhendo o gosto docedele.A língua dele mergulhou ainda mais fundo, explorando e mordiscando. Gemide leve, ficando nas pontas dos pés. Ele se afastou um pouquinho, sacudindo acabeça.— Vamos, antes que eu decida raptar você daqui para fazermos amor.Eu nem discutiria, se não soubesse que os pais dele estavam nos esperando ejá tinham dedicado muito tempo planejando a festa.— Alli passou os últimos vinte minutos fazendo minha maquiagem. Ela memataria. Sem contar os seus pais e todos os outros.Ele fez uma pausa.— Você está nervosa?Dei de ombros.— Um pouco, talvez. Não conheço a maioria das pessoas.— Vai conhecer logo. A maioria são amigos dos meus pais de quando eu erapequeno. Eles vão adorar você.Ele uniu nossas mãos, entrelaçando nossos dedos. Peito contra peito, nãofizemos menção alguma de nos mexer. Eu podia ficar assim, me escondendo nosbraços dele, o dia todo. Como se o resto do mundo não existisse.— Eu te amo, Blake. Dizemos isso o tempo todo, mas, às vezes, eu gostaria depoder demonstrar mais a você. Nada parece ser suficiente.Ele ergueu minha mão e pressionou os lábios na aliança que decorava meuanelar.— Você demonstra. Todos os dias, apenas por ficar comigo. E se isso não forsuficiente, você tem o resto das nossas vidas para provar.Sorri calorosamente.— Parece um bom plano.— Venha. Vamos lá.Blake me guiou até a área ao ar livre acoplada à cozinha gourmet e a umaárea de refeições impressionante na casa dos Landon. Todos os cômodoscombinados tinham vista para o oceano através de uma parede de janelas. Orecinto, que já era amplo, começou a se encher de convidados. Antes que eupudesse pensar em me apresentar, Catherine apareceu com o primeiro grupo deamigos. O reconhecimento acendeu o rosto de Blake, e eu me preparei para aprimeira das muitas apresentações da noite.Horas se passaram enquanto pulávamos de um grupo para outro. Osparentes de Blake eram tão gentis e amáveis quanto sua família de primeirograu. Para eles, Blake ainda era um homem jovem, um menino. Eu podia ver nosolhos deles e na maneira como eles interagiam com ele, muito informal. Nãomais o homem intimidador e dominador que lutava com unhas e dentes pelo quequeria, Blake brincou e até ficou corado algumas vezes quando as pessoascompartilhavam histórias de sua juventude.Repeti a história de como tínhamos nos conhecido na Angelcom, revivendoaqueles momentos. A atração que tinha provocado nosso interesse inicial umpelo outro só tinha crescido desde então.Por fora, Blake era perfeição. Lindo, extremamente bem-sucedido, mais ricodo que qualquer coisa que eu pudesse medir e charmoso até não poder mais.Pouquíssimas pessoas conheciam o coração dele, contudo. A escuridão quehabitava ali de vez em quando e a paixão que tinha fortalecido nosso laço. Naimagem que ele pintava de sua infância, eu via um homem extraordinariamenteinteligente buscando por respostas em nosso mundo complicado. E nessa busca,ele tinha perdido um amigo.Apesar de ele se recusar a conversar sobre isso mais profundamente, eusabia que ele carregava o peso do suicídio de Cooper consigo. Eu achava,também, que algo mudara nele quando isso aconteceu. Aquela necessidade decontrole tinha nascido ali. Uma determinação fervente de nunca mais passar poraquele tipo de experiência terrível combinada com a oportunidade que Pope, seumentor, lhe dera para que ele tivesse sucesso com seu software empreendedortinham tornado o controle possível para ele. Agora, ele tinha mais controle doque qualquer pessoa comum poderia querer ter.Eu estava perdida em meus próprios pensamentos quando a expressão deBlake ficou dura como pedra. Segui a direção de seu olhar e parei abruptamente.Max estava parado casualmente ao lado de um homem que eu reconhecia defotos on-line — Michael, seu pai. Vestindo calça cáqui e uma camiseta escura degola V, Max trazia seu sorriso charmoso ao recinto. Os dois homens tinham amesma altura e estrutura corporal, e Michael não era menos atraente que o filhopor ser mais velho. Sua pele era bronzeada, e seus cabelos brancos tinham umanuance do loiro que desbotara com a idade.Quando o olhar de Max nos encontrou, ele ficou imóvel por um momento.Michael seguiu na nossa direção. Sem dizer nenhuma palavra, ele puxou Blakeem um abraço casual. O pequeno gesto demonstrava como o relacionamentodeles ia além do mundo profissional. Max se virou e se misturou a outro grupo depessoas na festa.— Que ótimo vê-lo, Blake. E, é claro, meus parabéns.Quando Michael se afastou, seus olhos sorriam. Para um magnata, ele eramais caloroso do que eu teria esperado.— Eu não estava convencido de que você um dia chegaria lá, mas estou muitoagradavelmente surpreso.O olhar dele desviou para mim, com o mesmo calor e a mesma apreciação.— Você deve ser a adorável Erica de que tanto ouvi falar. Catherine ficoucomigo no telefone por quase uma hora na semana passada. Acho que ela queriagarantir que eu viria até aqui, mas é claro que eu teria vindo de qualquer forma.Sou o Michael, a propósito.Apertei a mão dele.— Fico muito feliz que você tenha vindo. É maravilhoso finalmente conhecê-lo.A postura de Blake relaxou apenas um pouco.— Você não disse que ia trazer Max junto.Michael deu uma olhada na direção da porta pela qual eles tinham entrado.— Para ser sincero, eu não sabia que ele viria. Eu disse a ele que estaria nacidade e ele já sabia da festa, então supus que o convite da sua mãe se estendessea ele.A expressão de Michael ficou um pouco mais severa, enquanto as narinas deBlake se inflaram.— Michael, Erica, me deem licença por um instante, já volto.O sorriso dele era contido, mas seu tom de voz deixava transparecer a raivaque agora fervilhava sob a superfície.Michael suspirou pesadamente.— Morreria feliz se essa rivalidade desaparecesse um dia. Até lá, eles estãodiminuindo meus anos de vida.— Tenho certeza de que você não é o único que gostaria que isso terminasse.— Sem dúvidas. É triste que duas pessoas tão inteligentes possam dedicartanto tempo competindo.Eu não podia discordar totalmente, mas mesmo assim eu sabia que, entreeles dois, Max era o agressor. Mordi a língua, contudo. Michael pareciamisericordiosamente no escuro quanto aos pormenores das táticas de Max, outalvez simplesmente as ignorasse. Um homem com a estatura profissional deletalvez não tivesse muita escolha. Ele tinha impérios para administrar, enquantoseu filho e protegido fazia o que bem entendia com questões que provavelmentenão valiam o tempo dele.Blake e Catherine sumiram de vista. Senti pena deles dois. Max não deveriater vindo, mas agora que ele estava lá, a preocupação formou um nó no meuestômago. Ele certamente não estava contente por Blake tê-lo removido dadiretoria, e eu só podia torcer para que uma discussão não brotasse e arruinassea noite.A expressão de Michael era pensativa.— Talvez você possa ser a pessoa que vai fazê-los enxergar o absurdo dissotudo, Erica. Eles conhecem você, respeitam você. Homens podem ter uma visãoterrivelmente curta, às vezes. Reacionária. Tenho certeza de que você sabe dissopor experiência própria. Talvez tudo de que eles precisam é um pouco deorientação de uma mulher inteligente e convincente para fazê-los ver que perdade tempo tudo isso é.Me senti corando. O homem mal me conhecia. Além disso, que poder eutinha sobre qualquer um deles? Max percorrera caminhos muito longos paraprejudicar o sucesso da minha empresa. Eu era a última pessoa que podia selar apaz entre eles. Eu tinha me tornado uma terceira, inextricavelmente envolvidanaquela bagunça terrível.— Aprecio o voto de confiança, mas acho que me meter entre eles seriaperigoso.Ele concordou com a cabeça.— Talvez. Max é meu filho e Blake é como se fosse um filho para mim.Nenhum deles ouve uma maldita palavra do que digo, infelizmente. Mas vocêcertamente capturou a atenção de Blake. Então, se o mesmo acontecesse comMax, talvez tivéssemos algum progresso. É difícil se preocupar com qualqueroutra coisa quando você tem uma mulher linda em seus braços.Ele sorriu, e eu fiquei quente mesmo sem querer. Eu queria dizer mais etentar esclarecer a verdade para esse homem idealista, embora doce. Mas issonão ajudaria em nada. Michael, Max e Blake eram como deuses em guerra umcom o outro, sem ter perspectiva sobre o potencial impacto de todos osenvolvidos. Só que Max sabia exatamente qual seu impacto seria sobre mim.Talvez o sucesso da minha empresa tivesse sido um interesse passageiro por umtempo, mas passou a ter uma importância consideravelmente maior assim queele percebeu que poderia machucar Blake através dela.Mesmo assim, eu não falei com Risa ou Max desde que o site deles tinha sidolançado. Por mais que eu quisesse lhes contar o que eu achava deles, eu escolhificar em silêncio.— Parece que você precisa de uma bebida.Me virei e dei de cara com Max entregando uma taça de champanhe paramim. Hesitei, mas sentindo os olhos de Michael em mim, peguei-a, mesmo que sópela paz de espírito momentânea. Mascarei o nojo por aquele jovem homem,pintando um sorriso contido.Max acenou com a cabeça para o pai.— Pai, Greg estava perguntando de você.— Estava? Vou procurá-lo, então. — Michael deu uma olhada pela sala e,então, se voltou novamente para mim. — Erica, foi um prazer finalmenteconhecê-la. Vamos conversar de novo antes de eu ir embora, mas se nãoconversarmos, talvez você consiga convencer Blake a ir a Dallas para uma visitadecente. Já faz tempo demais que isso não acontece.— É claro. Vou ver o que posso fazer.Ele me deu um beijo no rosto e piscou antes de me deixar com Max. Estarsozinha com ele me deixou instantaneamente desconfortável. Este deveria serum dia feliz, mas eu não tinha nada de bom para dizer a Max. Não importavamos pensamentos otimistas de Michael quanto a todo mundo se dar bem, Max meferiu e atacou minha empresa de um jeito que era imperdoável.— Por que você veio?Ele bufou, fingindo estar ofendido.— Era de se pensar que você estaria mais feliz em me ver. Estive a apenasalgumas assinaturas de dar a você dois milhões de dólares. Ou será que os quatromilhões de Blake se sobressaíram a tudo aquilo?— Não, mas a sua propensão a cagar em tudo que ele faz certamente teve umimpacto nessa escolha.— Foi uma escolha? Ou ele prensou você contra a parede? É assim que eletrabalha, você sabe. Ele manipula e se coloca em uma posição em que você nãopode tomar outra decisão a não ser aquela que ele quer. É com esse tipo dehomem que você quer se casar?— O que você quer, Max? Ou só veio aqui para irritar todo mundo?— Para falar a verdade, eu estava querendo falar com você.Dei de ombros, tomando um gole de champanhe.— Estou aqui.— Eu gostaria de conversar sobre negócios e prefiro não fazer isso na frentede pais e amigos de infância. Podemos conversar a sós?Ele ficou me olhando fixamente. Dando uma olhada em torno da sala, nãoconsegui encontrar Blake, mas a possibilidade de ele interferir se nos visseconversando parecia provável.— Blake não quer você aqui. É melhor você ir embora, sério. Os pais dele sededicaram muito a esta festa e eu prefiro não vê-la arruinada porque vocês doisnão conseguem se entender.— Concordo. Vou embora assim que conseguir um minuto do seu tempo.Suspirei, minha irritação crescia a cada minuto que eu passava mantendo acompostura com ele. Por mais que eu não estivesse no clima para qualquer tipode papo com Max, eu também não queria que Blake fizesse um barraco. Eudeixaria que Max dissesse o que precisava dizer e, com sorte, o faria ir emborapara que o resto da noite continuasse conforme o planejado.— Está bem. Cinco minutos. E depois você precisa ir embora.— É justo.Relutantemente, o levei dali, pelo corredor, até a sala privativa de Greg. Asala estava fria e silenciosa.Entrei e me virei na grande mesa de Greg, me apoiando nela.A porta se fechou atrás de Max com um clique.— Assim é melhor, não é?Ele se aproximou, algo escondido em sua expressão cautelosa.— Diga o que você tem a dizer.Ele parou a alguns passos de mim, uma distância que garanti a mim mesmaser segura. Meu estômago se contraiu. Uma sensação desconfortável formigousob minha pele.Erguendo a taça, ele deu um sorriso malicioso.— Que tal um brinde?Revirei os olhos.— A que é que nós poderíamos brindar, Max?— A Blake.Inclinei a cabeça, esperando que ele continuasse.— Por ter ganhado a garota, me tirado da Angelcom e conseguido fazer comque meu velho desviasse o olhar da própria família por boa parte dos últimos 15anos. Que tal esse brinde?O ressentimento permeava cada palavra de Max. Mas quando considerei oque ele fizera comigo e com Blake, eu não consegui juntar nem um grama deempatia por ele. Eu estava feliz por ele estar perdendo essa batalha para Blake epodia, definitivamente, brindar a isso.— Saúde.Ergui minha taça para ele e deixei o champanhe escorrer por minhagarganta, o líquido era bem-vindo em minha boca, já ressecada pelas horas deapresentações e conversas.Um sorriso ergueu os lábios dele.— Então, como vão os negócios?Dei uma risada.— Então você quer saber, é? Você perdeu seu canal lá dentro. Acho que vaiter que apenas dar palpites e torcer pelo melhor agora.— Você parece amargurada, Erica. Por quê? Eu disse a você que estavainteressado no conceito. Você optou por não me deixar investir. O fato de euestar disposto a fazer isso acontecer com ou sem você não deveria atestar meucomprometimento?— Isso indica que você está extremamente comprometido com correr atrásdos empreendimentos de Blake, tentando inventar algo que poderia rivalizarqualquer coisa que ele já criou. Você teve acesso a informações privilegiadas daminha empresa e as usou contra mim. Um golpe baixo, eu diria.Os olhos dele se estreitaram de leve. Eu não me importava. Queria que elesentisse todas as cutucadas que eu desse.— Não assinamos nenhum acordo de confidencialidade. Eu estava agindodentro dos meus direitos.— Você estava agindo dentro dos seus direitos de ser um babaca desonesto eantiético. Infelizmente, não existem leis contra isso.Ele riu baixo.— Ainda bem. Para sua sorte, também não existem leis contra chegar aotopo dando por aí.Fechei os olhos. Larguei a taça, repentinamente exausta demais para querero alívio da bebida.— Vá embora.A força que eu queria impor com minha exigência sumiu da minha voz.Quando abri os olhos, ele tinha se aproximado e estava me encarando.— Só estou dizendo que se você queria dar para alguém para conseguir oinvestimento, eu estava bem ali. Você sabe que é isso que todo mundo pensa, né?Você não precisa de mim para arruinar sua reputação. Você fez isso por contaprópria, docinho.Me encolhi.— Você está mentindo.— Estou? As pessoas adoram falar. Um pouquinho de fofoca pode se espalharrapidamente se iniciada nos círculos certos. Uma moça bonita como você,debaixo da asa de alguém como Landon. Ele tem sua própria reputação, vocêsabe. Você é a última de uma fila longa, então não fique se sentindo especial sóporque ele vai casar com você.— Você não sabe nada sobre quem ele realmente é. Ele me ama...Me interrompi, confusa pela maneira lenta como as palavras estavam saindode mim. Por quanto meu corpo de repente pareceu cansado. Sacudi a cabeça,mas o movimento só me deixou mais tonta. Eu estava bêbada, repentinamentemais bêbada do que me lembrava de ter estado em um bom tempo. Merda.Fiquei olhando para minha taça e, em meio às bolhas borbulhantes, grânulosquase invisíveis flutuavam perto da borda. Ergui os olhos, minha visão ficandoembaçada. Quando Max entrou em foco, seus dentes brancos perfeitos brilhavamem um sorriso perverso. Ele era um demônio disfarçado, se é que eu já tinhavisto um.— Vamos ver se ele ama você depois desta noite.Uma onda de pânico deu força às minhas pernas, que me levaram até aporta, mas ele bloqueou minha passagem, me segurando pelo braço.— Indo embora tão cedo? Fique mais um pouco.Ele me virou de costas e me jogou no sofá. Uma nova onda de fadiga meatingiu com o impacto. Me bati para conseguir me manter ereta. Todos osmúsculos perderam o vigor, pesados com essa nova e repentina fraqueza. Eu otinha subestimado uma vez, e agora o subestimei de novo. A confusãoredemoinhou dentro de mim, enquanto eu tentava encontrar uma saída para oque estava acontecendo. Minha mente estava se movendo devagar demais, eminha atenção se dispersou até que ele estava ao meu lado, segurando meumaxilar dolorosamente para que eu olhasse para ele.— Na melhor das hipóteses, pensei que você fosse parecer uma bêbada decair no chão na frente da família de Blake. Mas isto é muito melhor. Agora eu voudar uma provadinha, e talvez... Talvez a gente consiga arruinar o "felizes parasempre de Blake" depois que ele vir você desse jeito. Bêbada, recém-comida,como a vadia que você é.— Max, não.Minha cabeça parecia um tambor, zunindo com uma vibração silenciosa quenão parava. Eu disse para meus membros se moverem, mas quando eles semoveram, era Max me empurrando para baixo, até o sofá.Aí, a boca dele estava em mim, forçando a língua pelos meus lábios.Debilmente, eu o empurrei. Ele respondeu o esforço frágil com uma risadaabafada, sua respiração quente em meu rosto.— É isso mesmo, MacLeod disse que você era briguenta. Você é rodada, hein?Blake sabe que você é uma putinha?A menção do nome de Mark conjurou uma lembrança profunda e violenta.— Por favor, não — balbuciei.As palavras derreteram no espaço entre nós, juntamente com minhaconsciência, que se esvaía.Ele abafou meus gritos fracos.— Não se preocupe. Vou ser rápido. Estou com tesão por você há meses,Erica. Vou lhe mostrar como é ser comida por um homem de verdade, não umhacker de meia tigela que se aproveita do sucesso da minha família. Se tivermossorte, você vai se lembrar disso também.Tentei desesperadamente recuperar o controle, lutar contra a paralisia queescorria como melaço gelado pelas minhas veias, deixando tudo lento. Meuspulmões lutavam por ar, e o esforço para respirar aumentava em meio ao pânicocrescente e àquele inimigo invisível contra quem meu corpo estava lutando.— Boa menina.Perdendo o controle, eu estava vagamente ciente de que ele estava mepressionando com força sobre a calcinha.Não, não, não. Meu Deus, não.Ninguém me ouviria, mas minha mente gritou até que minha visão ficoupreta.

INTENSIDADE MÁXIMAOnde histórias criam vida. Descubra agora