Capítulo 1

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É assim que tudo começa.

Você já deve ter ouvido falar sobre uma dessas histórias: o garoto da casa ao lado(nesse caso, o da rua ao lado). Você não pode se lembrar do exato momento em que se encontraram pela primeira vez na infância, mas consegue se lembrar de absolutamente tudo que vem depois disso. Como andar de bicicleta todos os dias até entardecer, e então os passeios de bicicleta viram idas ao cinema, e sem ao menos perceber vocês estão passando juntos por todos os momentos de uma adolescência. 

Há algo na tranquilidade de ser a melhor amiga de JJ Maybank: o entendimento de que não importa o acontecesse, nós sempre teríamos um ao outro. 

O fato engraçado sobre crescer com um melhor amigo homem, é que enquanto garotas da minha idade criavam laços ou o que quer que seja, JJ citava referências de todas as séries teens que ele era obrigado a assistir(quase como uma cláusula em nosso contrato de amizade).

Ele também me conhece nos meus piores momentos e inseguranças, assim como eu também sei como ele tem medo de se tornar algum dos seus pais quando crescer. Há algo sobre os traumas causados a adolescentes ricos em sua criação que, apesar de ver de perto, eu nunca consegui compreender. 

Contudo, apesar de crescermos juntos, nós não éramos iguais. Não havia uma razão real ou característica em algum de nós que nos tornaria meramente conhecidos se nós não nos conhecêssemos desde sempre. Como água e óleo ou uvas passas no meio de um arroz. Não faz sentido, ou não se conecta por mais que você coloque os dois juntos no mesmo recipiente.

Bocejo enquanto mexo um pouco em minha salada. Eu estava sentada na minha mesa de sempre, cercada por meus amigos. Sarah ri de algo que Jean diz ao seu lado e eu me pergunto como alguém poderia ser feliz tão cedo. Então eu o vejo, com seu típico sorriso de canto, e seu ridículo andar. JJ me encontra com o olhar e anda em direção a minha mesa. Ele se senta ao meu lado e eu posso ouvir Sarah e Jean suspirarem como duas adolescentes que se impressionam com qualquer coisa.

─ Você não penteia esse cabelo nunca? ─ ele diz brincando e eu reviro os olhos.

Essa é a nossa brincadeira interna. Ele faz piadas sobre meu cabelo, e eu sobre o fato de ele ser um filhinho da mamãe.

Eu dou um tapa em sua mão que enrola um dos fios do meu cabelo e ele ri, antes de virar e finalmente perceber que haviam outras pessoas naquela mesa. Ele sussurra um "oi" antes de roubar um pouco da minha salada, e Sarah e Jean suspiram novamente(previsível).

─ Idiota. ─ resmungo e ele revira os olhos de forma teatral.

─ Boca suja. ─ JJ diz sorrindo ─ Te vejo mais tarde.

─ Deus, você não pode arranjar outros amigos? ─ digo cansada e ele da de ombros enquanto anda em direção a sua mesa usual(o de pessoas tão ricas quanto ele). ─ Perdedor.

Ele gargalha alto e eu o encaro divertida. Encaro minha salada novamente e quando levanto os olhos encontro Sarah me encarando com um pequeno sorriso.

─ O que? ─ pergunto de boca cheia e ela da de ombros.

─ Eu não disse nada.

**********

─ Então... O que você acha? ─ Sarah diz e eu retorno instantaneamente para nossa conversa.

Ela aponta novamente pra tela do celular, me mostrando alguma roupa que parece idêntica a que ela está usando agora e eu franzo o cenho.

─ Esse vestido não é idêntico ao que você ta usando agora? ─ pergunto confusa e ela arregala os olhos como se a maior barbaridade de todos os tempos estivesse acabado de sair da minha boca.

august (kiaraxjj)Onde histórias criam vida. Descubra agora