Capítulo 2

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Chego no local do curso dez minutos antes do início da aula, estaciono o carro no estacionando ao lado da casa de dois andares que abriga a escola, pego minhas coisas e saio do veículo. Assim que entro a recepcionista abre um sorriso enorme e pergunta o meu nome, dou uma olhava em volta e percebo que tudo dentro da casa é decorado e remota a Alemanha. Ela me entrega uma pasta com alguns materiais que seriam usados na aula e me indica onde é a sala.

Sigo pelo corredor até os fundos da casa onde encontro a porta da sala aberta, o local é muito menor do que eu esperava para uma sala de aula, só tem quinze cadeiras organizadas em três fileiras. Dessas quinze, só cinco estavam ocupadas, o professor, objetivo principal para a minha presença não havia chego ainda, então sigo para a cadeira da frente na fileira do meio, exatamente na frente da mesa do professor.

Observo por cima do ombro as pessoas presentes. Dois homens e três mulheres, todos de idades variadas, os dois homens pareciam um pouco mais velhos do que eu, uma das mulheres devia ter a minha idade, outra era uma adolescente que dificilmente chegava aos dezessete anos e a terceira era uma senhora. Bem eclético os alunos e nenhum parecia representar um grande problema para mim.

Tiro meu caderno, a caneta e o celular de dentro da bolsa. Algumas mensagens, nada interessante. Amanda ainda não tinha me mandando nenhuma mensagem contando como tinha sido o fim de semana, o que era muito estranho. Assim que o relógio do celular marca oito horas da noite, ele entra.

Bem que as pessoas falam que a televisão não faz jus. O homem é muito melhor pessoalmente, ele usa uma calça social preta e uma blusa azul com as mangas dobradas até o cotovelo, parece bem mais alto do que eu tinha suposto e mesmo bem vestido era possível ver o desenho dos músculos dele por baixo da roupa. Minha boca encheu de água na expectativa de vê-lo sem as roupas.

Ele entra na sala e cumprimenta os alunos, quando para na mesa e olha para a frente, seus olhos encontram os meus e posso ver a análise sendo feita de forma descarada, quando percebe que eu estou olhando ele disfarça e fica corado. Abro meu melhor sorriso inocente, mas por dentro meu corpo está agitado.

A aula é basicamente, o básico, passamos a maior parte do tempo escrevendo e repetindo o alfabeto, ele explica sobre as pronúncias, os sons diferentes que fazem em determinadas junções.

Cada palavra, cada gesto dele é analisado minuciosamente. A primeira coisa que percebo quando ele começa a dar a aula é que antes mesmo de pegar o giz ele tira o relógio e a aliança e deixa em cima da mesa. O relógio é de uma marca cara demais para um simples professor, o que me deixa intrigada.

Respondo todas as perguntas que ele faz e tento ao máximo errar as pronúncias das letras e palavras sem parecer que sou burra ou tenho algum problema de aprendizagem, ele se esforça para não manter os olhos em mim, o que me deixa mais animada, na metade da aula os outros alunos já tinham desistido de tentar.

Ao fim da aula ele indica que além de lermos o material, pegássemos um livro chamado: O Sapo Frosh; era um livro infantil que eu sabia de cor, ele pede que tentássemos ler o livro, não com a intenção de entendermos, mas para aprendermos o som das palavras. Por sorte eu tinha um exemplar em casa.

Assim que ele dispensa a turma, todos se levantam com rapidez, enquanto eu demoro o dobro do tempo para guardar as coisas dentro da bolsa de forma proposital, esperando que todos saiam para ficarmos sozinhos.

— Professor. — Chamo ele me levantando da cadeira e me aproximando da mesa. Ele está sentado olhando alguns papéis. Todos em alemão.

— Victória, certo? — Ele levanta a cabeça em minha direção. Eu tinha certeza que ele não precisava perguntar o meu nome para confirmar quem eu era, já que tinha repetido diversas vezes durante a aula.

O PECADO VICTÓRIA - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora