Capítulo 14

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Eu sabia que não tinha sido uma boa ideia dormir na casa do Gustavo, na verdade foi uma ideia bem, bem ruim.

O celular dele tocou por volta das seis e meia me acordando de um sono sem sonhos, por ter dormido tão pouco e tensa, meu corpo acorda travado. Sinto o corpo dele se afastar para desligar o despertador e quando ele se aproxima, está pronto para repetir a dose da noite anterior, tento reprimir a expressão de desconforto que sinto, não é que eu não goste de sexo matinal, na verdade nem tenho uma opinião sobre isso, pois não faço sexo matinal, só acordei ao lado de um homem, uma vez na vida e afasto a lembrança assim que ela surge na minha mente.

Assim que ele começa a me tocar, meu corpo desperta e bom, sexo é sexo, independente da hora que aconteça, então não afasto ele, só me entrego e deixo que ele estabeleça o ritmo. Como é de se imaginar, as coisas acontecem de forma diferente, não é que o sexo não seja bom, mas não é a pegada que eu gosto, é como se fossemos um casal e isso me assusta um pouco.

Quando terminamos na cama, acho que vou ter um pouco de privacidade para tomar um banho e finalmente ir embora, não é o que acontece, muito pelo contrário, ele me segue até o banheiro e temos mais uma rodada de sexo e um banho muito mais demorado. Ele tem sorte que de qualquer forma o sexo é fenomenal, senão eu já tinha saído correndo do apartamento.

— Você não parece confortável — ele comenta enquanto estamos no quarto recolhendo as roupas depois do banho.

— Não estou acostumada a dormir com os homens com quem eu saio — respondo sincera.

— Nunca? — Ele pergunta em tom de surpresa.

— Só dormi uma vez com um homem.

Viro o rosto para não deixar transparecer as emoções que eu sei que estampam o meu rosto só de tocar nesse assunto.

— Um ex-namorado difícil? — Ele se aproxima me abraçando por trás, fecho os olhos e respiro fundo antes de me afastar delicadamente.

— Não. — Volto a atenção para a minha calça, ele fica parado no meio do quarto me encarando, finjo que não estou vendo para não alimentar mais as perguntas estampadas no rosto dele.

— Alguém com quem eu deva me preocupar? — Ele pergunta ainda parado me olhando.

Bom, não existe uma resposta certa para isso e a realidade dessa afirmação me desnorteia por um segundo. Ele deve se preocupar com o Rafael? Obviamente ele não é um empecilho para minhas atividades sexuais, mas para outras partes do meu corpo, dificilmente o Gustavo terá acesso.

— Não. — Respondo e a mentira parece errada na minha boca.

Termino de me trocar com as peças que acho no chão do quarto e sigo para a sala para buscar minha blusa. Ontem não tinha reparado no apartamento, não é pequeno, mas também não é muito grande e como o quarto, não tem nenhuma decoração ou qualquer coisa que represente o morador.

— Por que não tem nada nesse apartamento? — Pergunto quando escuto os passos dele vindo do corredor.

— Não tive tempo de decorar ainda.

— Onde você vai? — Fico surpresa quando ele surge vestido de terno e gravata. Pelo que eu sei, o que infelizmente é bem pouco, a empresa não está funcionando ainda.

— Para o escritório, vamos iniciar os treinamentos dos novos funcionários essa semana.

Concordo com a cabeça sem respostas. Me sinto uma idiota por não saber coisas tão banais como essa e percebo que no fundo, ninguém espera que eu saiba ou me importe com essas coisas. Foi uma escolha minha me afastar, não posso culpar os outros por isso.

O PECADO VICTÓRIA - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora