Capítulo 1

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Atualmente.

Não é que eu seja uma pessoa ruim, eu não sou, juro! A culpa não é minha se todos os homens caem na minha lábia e também não é minha que eles não se importam de ter mulher e filhos esperando em casa enquanto estão fodendo comigo em algum quarto de hotel, ou carro, ou nos próprios escritórios.

Talvez fosse minha culpa escolhê-los, por que é isso que eu faço, simplesmente olhava para um homem que chamava minha atenção e decidia que ele seria meu, até hoje tinha recebido poucas negativas, esses sim eram homens de respeito, aqueles que eram compromissados e me rejeitavam, eles tinham minha consideração e mesmo que eu fosse uma mulher determinada, nunca insistia com eles.

Então não é minha culpa que a Andressa, mulher do Lucas, tenha pego o celular dele recheado de mensagens picantes, fotos minhas e declarações de amor sem fim dele, ele devia ter tomado mais cuidado se sabia que ela mexia no aparelho, ou melhor ele não devia nem ter entrado em um aplicativo de paquera atrás de uma mulher.

Ela me ligou mais cedo gritando histericamente, fui pega de surpresa, pois não reconhecia o numero e até que ela conseguisse parar de gritar e me explicar exatamente quem era, eu já estava com dor de cabeça, depois, confesso que senti uma pontada de alívio, não aguentava mais ele me enchendo o saco com juras de amor eterno, eu mal aguentava ficar na presença dele por duas horas completas quanto mais para o resto da vida. Eu só pedi desculpas para ela, falei que da minha parte ela poderia ficar sossegada que eu nunca mais procuraria o marido dela, o que era verdade, mas também falei que ele não prestava e que se eu fosse ela, largava daquele idiota, eu já tinha visto a mulher algumas vezes, ela era linda. O Lucas que era um babaca de fazer isso com ela, ele que estava perdendo.

Agora me encontro jogada no sofá da sala da minha cobertura em São Paulo encarando as paredes. Sem o Lucas para me distrair, eu não tinha muito o que fazer, por mais que eu sempre saísse com outros caras, Lucas tinha sido a distração dos últimos meses, era para ele que eu ligava sempre que me sentia entediada. Então agora, sem ele, sem empregos e só com a Amanda de amiga, eu não tinha muito o que fazer em uma quinta a tarde.

Não é que minha vida fosse chata ou tediosa, ela era bem agitada, mas em dias como esse, eu sentia vontade de voltar para Curitiba, de passar mais tempo com o meu irmão, da nossa casa. Então eu lembrava por que não deveria voltar para lá e o momento passava.

A televisão está passando algum evento da cultura alemã que iria ter naquele fim de semana em São Paulo, mas o que chama minha atenção é o homem que está sendo entrevistado, professor Heitor Martins, o nome dele não é alemão, só que ele estava explicando sobre o curso que iria começar na próxima semana, curso básico de alemão, duraria dois meses, três vezes por semana.

Um sorriso surgiu nos meus lábios, tinha encontrado meu próximo alvo. Peguei o celular, entrei no site indicado na reportagem e fiz a matrícula.

Não vamos levar em consideração que eu sou fluente em alemão, meu avô veio da Alemanha aos 18 anos, mesmo nunca mais tendo voltado para o seu país de origem, ele ensinou meu pai a falar e escrever em alemão e assim que o Vinícius e eu nascemos, ele passou a nos ensinar, dentro de casa só se falava alemão.

Bom, a partir da próxima segunda eu me tornaria uma analfabeta alemã por uma boa causa. Uma causa que parecia ter uns 1,80 de altura, cabelos loiros quase brancos, olhos escuros, pele clara e a aparência de um deus, o único problema é que ele tinha uma grossa aliança na mão direita, eu esperava muito que ele não fosse fiel, estava com saudades de flertar e seduzir um homem mais velho. E também esperava que aquele sorriso fácil que não saiu dos seus lábios enquanto fazia a reportagem não fosse uma fachada.

O PECADO VICTÓRIA - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora