Capítulo 13

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A noite foi horrível, pior que isso, não consegui fechar os olhos por mais de uma hora, por algum motivo desconhecido, não consegui fechar as cortinas do quarto, passei a noite em claro observando a casa na piscina, foi uma tortura, talvez eu aprenda uma lição depois da noite anterior.

Não houve movimentação nenhuma na casa, as cortinas se mantiveram fechadas e as luzes apagadas, mas eu sabia que ele estava lá dentro, sabia que estava acompanhado e o que eles deveriam estar fazendo.

Meus olhos estão ardendo e inchados devido ao choro e a única coisa que me faz levantar da cama e seguir para o banheiro é a alegria de saber que em poucas horas estarei em São Paulo novamente, o mais longe possível daquela casa, dele.

Ligo o chuveiro gelado e deixo a água limpar os resquícios de sujeira do meu corpo, acalmar o tremor que me percorre com as imagens que aparecem na minha mente sem parar. Ele conversando com aquela mulher na festa, ela passando a mão dele, depois o vulto dos dois na porta da casa, ele me olhando a distância.

Ao mesmo tempo que uma dor profunda parece me destruir de dentro para fora, o meu corpo está anestesiado, não sinto nada e ao mesmo tempo sinto tudo. Sei que minha cara está lamentável, por isso nem me dou ao trabalho de passar maquiagem, visto uma calça jeans, um casaco de moletom, um tênis e um óculos de sol para esconder os olhos vermelhos e inchados.

Coloco as roupas na mala e deixo o vestido da festa no armário, não preciso dele em São Paulo me assombrando com as lembranças da festa, as joias, por outro lado, coloco na mala, mas sei que não vou usa-las tão cedo, são lembranças permanentes.

Não me dou ao trabalho de analisar o porquê delas, eu entenderia se o Rafael tivesse aceito dirigir a filial de São Paulo, mas não foi o que aconteceu e o meu irmão não sabia do meu envolvimento com o Gustavo para estar se desculpando, lá no fundo sei que tem mais coisa para acontecer, porém, por mais que eu queria me importar, não consigo.

Arrumo minhas coisas e desço as escadas encontrando a mala da minha amiga ao lado da porta. Eu tinha sido uma péssima anfitriã para ela, não ficaria surpresa se ela nunca mais quisesse vir para Curitiba comigo, nem conversei com o meu irmão sobre arrumar uma vaga para ela na nova filial e nem sobre a ideia de quem sabe, trazer ela para Curitiba para ficar no lugar da senhora Sanchez, seria bom para a Amanda ficar longe dos pais e do André por um tempo, mas passei muito tempo nessa viagem preocupada com o meu sofrimento para pensar nisso, sou uma péssima amiga.

Entro na sala de jantar onde eles estão tomando o café da manhã, os três juntos novamente, parecia um complô contra mim, ninguém fala nada, mas sinto os pares de olhos me acompanhando até me sentar.

— Vou levar vocês até o hangar. — Meu irmão fala enquanto sirvo comida no prato. Concordo com a cabeça sem força e disposição para responder.

Como o pouco de comida que coloquei sem falar com ninguém.

Eu sabia que ele tinha outras mulheres, eu tive outros homens, não consigo arrumar explicação plausível para aquele sofrimento, não consigo entender por que aquilo parecia tanto como da primeira vez, a sete anos, ele não fez nada de errado, sei disso, mas doeu, doeu muito mais do que eu imaginava vê-lo com outra pessoa.

Por sorte eles respeitam o meu silêncio e mantêm a conversa em um tom mais baixo, como se não quisessem me perturbar, ótimo.

Assim que terminamos de comer, o Rafael some se despedindo rapidamente sem olhar na minha direção, só o som da voz dele já faz o meu corpo estremecer, saber que ele está tão próximo com o cheiro de outra mulher me deixa enjoada e agradeço por não ter sido obrigada a passar mais do que poucos minutos na presença dele e por ele não ter levado a amiga para o café da manhã.

O PECADO VICTÓRIA - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora