Capítulo 10

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Acordo e fico deitada na cama admirando o teto, um dia já tinha ido, agora só faltam quatro.

Levanto da cama, sigo para o banheiro para fazer minha rotina matinal e percebo que o dia está ensolarado, resolvo colocar um biquíni, faz tempo que não pego um sol, tinha combinado com a Amanda de ir no Jardim Botânico a tarde, é o único lugar que ela parece interessada em conhecer. Não sei se estou feliz por não ter que ficar bancando a guia turístico dela ou se estou irritada por não ter nenhuma desculpa para sair da casa.

Quanto mais tempo passo ali dentro, mais chances tenho de encontrar o Rafael.

Coloco um biquíni, volto para o quarto e abro as janelas. As cortinas da casa da piscina estão abertas revelando o interior da casa, parece igual, vi uma das faxineiras fazendo a limpeza, o que indica que ele já deve ter saído. Uma coisa boa pelo menos.

Assim que abro a porta do quarto, minha amiga aparece sorridente na porta do próprio quarto, para minha surpresa, ela também está de biquíni.

— Parece que você adivinhou minhas intenções — falo, conforme seguimos pelas escadas até a sala de refeições onde o café é servido.

Fico surpresa ao encontrar meu irmão sentado à mesa, lendo o jornal e bebendo uma xícara de café, olho o relógio do celular e vejo que já passa das nove horas, ele devia estar na empresa a um bom tempo.

— Bom dia meninas — ele fala deixando o jornal de lado quando entramos na sala.

— Bom dia, você não deveria estar na empresa? — Pergunto me aproximando dele e dando um beijo no seu rosto.

— Sim, mas como você se nega a me visitar mais vezes, resolvi me atrasar para poder desfrutar do café da manhã ao seu lado. — Ele responde com um sorriso no rosto, me fazendo cerrar os olhos para aquela declaração.

Me sento ao lado dele na mesa e minha amiga se senta ao meu lado, ela ignora completamente a presença do meu irmão e ele parece não notar que ela está ali, estranho.

— Quem vê pensa que você não vai para São Paulo, uma vez a cada dois meses, no mínimo. — Rebato me servindo de omelete e torradas.

Não posso reclamar dos dotes culinários da Maria, ela é uma cozinheira de mão cheia e tenho certeza que ficaria muito feliz em poder cozinhar mais vezes, entretanto, nada se compara as refeições na mansão. A cozinheira da casa trabalha para a minha família a muitos anos, antes mesmo do Vinícius nascer e pelo que eu soube, foi por insistência dela que meu avô e minha avó fizeram uma horta nos fundos da casa e começaram a criar galinhas, na verdade, tenho certeza que se dependesse dela hoje teríamos quase uma fazenda aqui. O ovo fresco é muito mais delicioso do que o comprado em supermercado, assim como as frutas e legumes.

— Pensei em dar um jantar aqui amanhã, você poderia chamar seus amigos. — Ele fala distraído enquanto se serve de um pouco de salada de frutas. Para o garfo com ovo que está a cominho da minha boca e olho na direção dele.

Ele só pode estar brincando comigo.

— Como? — Pergunto com os olhos grudados no rosto do meu irmão.

— Pensei que como você vai ficar mais tempo aqui do que o normal, gostaria de se encontrar com seus antigos amigos. — Ele mantém os olhos na comida enquanto fala.

Meu irmão sabe muito bem que eu não mantenho contato com nenhum dos meus amigos de escola, muito pelo contrário, nem considero que aquelas pessoas algum dia tenham sido meus amigos, eram colegas de escola, no máximo. Sempre fui a esquisita que ficava no canto da sala, a nerd que gostava de ler e não se preocupava com festas, maquiagem e garotos, o que fez com que a minha popularidade no colegial fosse inferior a zero. As garotas só se aproximavam de mim para chegarem ao meu irmão ou ao Rafael e servi de ponte para muitas delas aquecerem as camas deles, o que até hoje me irrita.

O PECADO VICTÓRIA - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora