January 2, São Paulo.
Eu tinha quase certeza de que estara sonhando naquele instante. Para minha certeza era que, primeiramente, eu não estava no local que meus sonhos sempre estivera a me iludir, a chuva e o tempo frio de matar ou as placas de conveniências indecifráveis não me parecia familiar.
Não era nada comparado a cidade grande da qual eu vivia durante meus vinte anos, as placas escritas detalhadamente não pareciam de minha língua nativa. E o tempo, contrário do lugar caloroso de fritar qualquer um.
Segundo, eu encontrava alguém que eu poderia me iludir em qualquer circunstância, Kim Jennie. Ok, vamos concordar que aquilo era patético, um sonho patético. Então era uma prova concreta da teoria de um sonho.
Olivia?
Não, não era a figura falsa sorridente a minha frente e da qual sumia aos poucos que me chamava, era alguém distante de nós e claro que reconheci a voz sem precisar virar ou ouvir detalhadamente para ter que avistar a pessoa que estara atrapalhando meu sonho quase perfeito.
Prova também de que, eu estava consciente que a qualquer momento acordaria.
Victoria.
Lembrei-me de que ela vinha todas as manhãs me acordar para que eu checasse o correio, era conometrado. Se eu não estivesse de pé as nove, nove e um ela estaria que nem mostro em meu cômodo, repulsivo.
Senti meu corpo balançar levemente e em um resmungo lhe encaminhei meu dedo do meio pedindo por mais cinco minutos. Pareceu funcionar já que tudo voltara ao seus conformes, o silêncio.
Ou era apenas o que pensei.
— ACORDA! — um arder veio à tona quando a mão marcante de Vic, entrou em contato com meu bumbum. Um formigamento ardente se presenciou e eu pulei da cama completamente assustada, minhas pálpebras se arregalaram mesmo que eu estivesse cheia de sono, acabei arfando quando tombei diretamente com o chão.
O CD player que ainda tocava a música do meu maior crush Conan Gray, havia despencado do criado-mudo pequenino exposto ao lado de minha cabeceira, agora se encontrava no chão e eu gritei internamente para que não houvesse espatifado ali, eu com certeza mataria Victoria sem hesitar.
A luz clara vinda da janela radiou em meus olhos, tomando um lugar de um dia chuvoso como em meu sonho com a deusa Jennie Kim. Precisei cerrar os olhos para me acostumar com a maldita luz.
Foi em questão de segundos que reparei a presença de minha melhor amiga, suas mãos apoiavam a cintura e um sorriso ladino sanaca que eu bem conhecia, feliz por finalmente ter conseguido me levantar da cama.
Eu estava ofegante e mal sabia o porquê, minha pulsação se acelerava fazendo-me apressar em suspirar pelo sofrêgo susto.
— Bom dia Liv! tudo bem com você?, lindo dia, não é?— caminhou entre o cômodo, estendendo ainda mais as cortinas. Victoria tinha essa maldita mania de ser exagerada em tudo.
— Você estragou meu sonho, vadia desalmada.— me apoiei nos lençóis, a preguiça me invadiu por inteiro e eu exigi me jogar no chão para uma nova sonequinha deliciosa, mas, vi que com ela aqui não funcionaria.
— Impossível quando se trata de uma Olívia dormindo feito pedra, se estivesse morta o que queria que eu fizesse? te atirasse de um penhasco?!— franziu as sobrancelhas, incrédula. Suspirei para não rir. Eu devia me manter se não quisesse cometer um homicídio.
— Se me dá licença, eu preciso de um momento humano.— Citei, deixando um pequenino riso escapar. Ainda imóvel, pude ver o cenho de Victoria franzir.
— Espera aí! você me chamou de animal?— berrou quando fechei a porta do banheiro ouvindo sua risada de motor quebrado espalhar sobre o cômodo, exagerada.— Grande amiga, você!
Levei as mãos até os fios, prendendo-os em um coque bagunçado, eu tinha uma enorme preguiça para deixar um coque bagunçado perfeito como eu via na maioria das fotos do Pinterest.
Uma verdadeira stalker da vida de famosos.
Victoria e Jess, minhas melhores amigas. Conhecemos-nos no ginásio, em um drástico momento não tão dramático da qual éramos loucas por grupos de pop coreano no auge de nossas vidas, é impossível esquecer a dramatização das duas cantando descontroladamente no meio da escola, esse do qual eu tentava desviar e fingir que não nos conhecíamos.
Até então nos anos seguintes, nos juntavamos no lugar favorito de minha casa, meu quarto. Meus pais não nos incomodava, então gritávamos até não ter mais voz em "nosso karaokê" em músicas de K-pop.
Sentíamos-nos as K-idols. Mil vezes mais desafinadas e não sincronizadas.
Eu ria baixo, me sentindo uma verdadeira idiota por estar no meu banho rindo sozinha de coisas totalmente diferentes enquanto a água entrava em contato com meus cabelos fazendo-me relaxar. Infelizmente meu banho não durou muito, já que a água parou bem quando eu estava coberta de sabonete.
— Ah, não!— girei o registro pela terceira vez, mas apenas pingos de água entrara em contato com meu rosto.— Eu ainda não terminei, seu desgraçado! — esbravegei para o chuveiro.
Jess.
— Você é uma péssima influência, Jess!— apoiou as mãos sob a barriga rindo ainda mais. — ela vai nos matar!
— Já deu de gastar água, ela praticamente está a meia hora dentro daquele banheiro. E olha meu cabelo? tem chiclete nele!— cruzei os braços mostrando os fios grudados dos quais eu havia deixado todo o chiclete de morango grudar nos mesmos.
— Jess..
— O que? — encarei-a.
— Só tem três minutos que ela entrou no banheiro..
— Se multiplicarmos é meia hora!— lancei-lhe um olhar mortal. Quem ela pensa que é?eu sei que era três... três horas dentro daquela droga!— É só a gente dizer que a água acabou e tudo vai se resolver.
— Ou talvez..— sem esperar terminar, vi a silhueta de Victoria sumir entre as poucas plantas complexas por rosas deixando-me com um ponto de interrogação ao meio da testa.
— JESSICA!— pulei em abrupto, com a voz brava de Olívia me xingando mentalmente por não ter corrido junto a Victoria.
— Olívia! Err..b-bom dia melhor amiga de todo o mundinho! uau, como você está...repleta de..— arregalei os olhos querendo não rir por a ver com diversos pedaços de sabonete pelo rosto, maldita Victoria que me ferrou.
— Não vem com gracinhas não, ok? EU QUERO SABER POR QUE DIABOS A ÁGUA PAROU JUSTO QUANDO EU ESTAVA BANHANDO!— fingi admirar as rosas ouvindo-a berrar, se bem que ela não conseguia ser má, apenas adorável.— Jessica, estou falando com você.
— Hã?— encarei-a.— d-desculpa sabe, eu não sei.— ri de nervoso.
— Gaguejou perdeu todo o argumento.— Liv, sempre ousava me lembrar dessa frase maldita. Que tipo de melhor amiga eu tinha?
— É, assim..— juntei as mãos, em rendição.— Tô dando o fora.— Peguei o único impulso que tinha correndo de volta a área da cozinha, percebendo o lindo banheiro vazio, minha única chance. Impulsei delicadamente como se estivesse em câmera lenta quando pus os pés na entrada do corredor entrando em seguida, no cômodo.
— Filha de uma...— girei a chave com chaveirinhos fofos não me importando tanto para o furacão que estava acontecendo fora entre minhas melhores amigas rebeldes e ainda ousei fazer pose para a porta apontando uma arminha.
O dia hoje será longo.

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Lost 'n Itaewon | Bangtan Boys.
Teen FictionE se por um acaso lhe dessem uma garrafa de soju? você beberia e usufruiria dos lábios adocicados dele? ⸝⸝ [♡̸] @darlingtaez 18+. 07.08.20