Dia 07 - (BÔNUS) Estou vivo!

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17 de junho

Querido Diário,

Semanas que eu não te abro e nem sei por onde retornar agora...

Sei que tenho muito a escrever depois de semanas sem abri-lo, mas só de pensar nessa ideia... nas lembranças depois do acidente de carro... desculpa, mas esse não é o momento para escrever essas memórias. E nem sobre... ele.

Definitivamente ele não.

Então... escreverei sobre como decidi ir para Cancun depois que Kyle me contou como Peter e sua mãe se conheceram hoje, ou melhor, ontem ― só de lembrar dele narrando a vontade de rir já está subindo.

― É bom vê-lo fazer esse tipo de coisa. Mesmo que seja quase uma da manhã e você precise descansar.

Olho para a porta do meu quarto e vejo Lady Amelie mancar para dentro do meu quarto. Ela se recusa a usar a muleta que o médico lhe aconselhou, e por isso seus passos são mais lentos e ela constantemente vem se agarrando em algo pelos corredores.

Sorrio em sua direção.

― Descansarei no voo. E você também poderia fazer uma viagem para espairecer. Quem sabe até não me sentir para a América. ― respondo.

Ela sorri e revira os olhos.

― Não é o meu momento ainda para isso. Preciso estar em dia para dançar salsa ou só andar pelo pôr do sol em uma praia paradisíaca, Bran. Aproveite bastante.

― Vou aproveitar. ― respondo.

― Ótimo, porque se não fizesse... Delancy, Petra e eu trocamos números umas com as outras e eu as faria me contar.

― Eu sei. ― pego mais uma pilha de roupa em cima da mesa do meu quarto, Jeanine está me ajudando a tirar algumas roupas do closet, e nesse momento ela está enfiada no meio das minhas roupas.

Quando coloco a pilha ao lado da minha cama, as roupas caem para o lado no meu colchão. Poderia apenas pedir que fizessem a minha mala, mas ultimamente tenho feito tanta pouca coisa que... perder a chance de ocupar a minha mente... eu não poderia. Então, eu mesmo estou fazendo esse trabalho.

― Não se esqueça de usar bastante protetor solar. ― continua Amelie enquanto pego umas regatas que só uso por baixo da roupa e as dobro enrolo colocando dentro da mala. ― Isso é muito importante. Ok?

― Pode deixar. Protetor solar. ― repito e dou uma olhada de esguelha para ela que me observa ainda com um sorriso na fase. ― O que foi? ― pergunto.

― Nada.

― Pode falar... ― paro de dobrar a roupa e olho totalmente para ela.

Ela dá de ombros levemente e suspira.

― Isso me faz lembrar de quando fugi para o Marrocos quando tinha a sua idade.

― Espera... ― sorrio. ― Você já fugiu para o Marrocos?

― É uma longa história, Bran... talvez eu te conto um outro dia.

― Talvez?

― É... vou contar, mas depois que você aproveitar bastante Cancun e Fernando de Noronha.

― Tudo bem. ― suspiro. ― Fazer suspense para que eu esqueça.

― Não é a minha intenção... ― ela ri, confirmando para mim que é totalmente a intenção dela. ― Se eu não contar, sei que vai fazer o Harrison te falar alguma coisa.

Não era (realmente) a minha ideia, mas até que ela me deu um bom plano agora.

― Bem, vou ir me recolher... ou tentar. ― diz ela se aproximando mais ainda de mim. ― Sei que nos veremos ao amanhecer quando for para o aeroporto, mas... ― ela me dá um beijo na bochecha. ― Caso eu durma demais depois da minha maratona de filmes com a Reese Whiterspoon.

― Aproveita. ― digo.

E ela me dá boa noite e vai saindo do meu quarto no mesmo momento em que Jeanine sai do closet e deixa mais uma pilha de roupas na cama.

― Pode ir também, Jeanine, obrigado. ― respondo.

― Eu aguento mais um pouco, Sr. Brandon. ― ela boceja.

― Não precisa, obrigado por tudo.

Jeanine assente e me dá boa noite também antes de sair do quarto.

Vejo até agora que só encontrei calças e mais calças... preciso de umas bermudas e uns calções, se não as minhas pernas cozinharam no calor.

Caminho até o closet... ainda me surpreendo todas as vezes em que entro nesse lugar. O tanto de cabides pela parede, tênis nas gavetas abertas... o espelho que cobre todo o teto e a parede no fim dele. Uma poltrona no meio e ao lado dela, meu próprio manequim (do meu tamanho, aliás).

Olho pelos cabides e para as bancadas com algumas peças dobradas...

É quando passo a minha mão por um moletom...

E eu nem fazia ideia de que ainda o tinha.

É de um turquesa escuro, com o brasão da Academia no meio e “Lacrosse Team” bordado logo embaixo. O abro e vejo o tamanho... o cheiro do perfume dele ainda está no tecido... como se ele acabasse de ter usado e esquecido na minha cama naquele quarto da Academia que parece uma memória distante...

Fecho meus olhos e inspiro...

Os risos, os beijos, os abraços, as tardes jogando videogame... tudo quebrado em uma noite.

Abro meus olhos e dobro o moletom novamente...

Uma parte de mim grita para eu queimá-lo, rasga-lo, fazer alguma coisa que o destrua na minha frente... e outra diz simplesmente para eu guarda-lo e esquecer por um tempo...

E é essa segunda parte quem ganha. Enfio o moletom fundo entre as calças de smokings e ternos ― o mais fundo que eu consigo. E suspiro no fim disso.

Pego a pilha de bermudas e calções, raríssimos de serem usados, ao lado das calças e saio do closet o mais rápido possível.

Penso nos meus amigos que vou ver em algumas horas... e é o que me distraia por longos minutos adentro na madrugada, enquanto termino de fazer minha mala.

Escrito em preparação para pegar bronze por,
Brandon J. Williamson Harrington

P.S.: era só para lembrá-los que... yes, estou vivo!

Diário de Férias de Kyle Langford | EM PAUSAOnde histórias criam vida. Descubra agora