Dia 11 - Tudo o que me pedir, Kyle

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25/06

Diário,

Os nossos dias em Cancun chegaram ao fim.

Isso me deixa em dois estados de emoções diferentes. Primeiro: triste por estar deixando para trás toda essa beleza com águas cristalinas, comidas quentes e praias encantadoras (além das rotas noturnas e dos passeios pelo Mar do Caribe). Segundo: feliz, pois agora desceremos a América mais um pouco para nosso segundo ponto nessa visita, Fernando de Noronha...

E hoje, já estamos pegando o avião para a ilha brasileira.

Quando estávamos dentro da van em direção ao aeroporto, Joe agradecia a minha mãe ― mais uma vez ― a confiança de ter dado em sua mão para ele ser o nosso guia durante a viagem de nossa família por Cancun e tudo mais.

E enquanto ele discursava, minha mente viajou para a noite anterior: quando resolvemos ir em uma balada (escondidos da minha mãe, claro e Gwen sendo a nossa cúmplice nessa história toda).

Não fomos muito longe, o prédio iluminado com inúmeras lâmpadas coloridas ficava a umas quatro, cinco quadras do La Paz. Lorien quem a encontrou ― e eu não me surpreendi com esse fato. Delancy e Petra resolveram se vestir “iguais”, vestidos até um pouco acima dos joelhos em uma estampa animal print que me lembrou leopardos, os cabelos escovados penteados para trás e muito close em algumas selfies logo na entrada da balada. Lorien, Peter, Bran e eu usávamos algo mais despojado do que o normal (que nesse caso se encaixa em mostrar as minhas panturrilhas).

Cada um com calção jeans e camisa estampada em cores fortes. Peter em um azul marinho, Lorien em um verde neon, Bran em turquesa e eu no meu velho e amado e sempre amigo, vermelho.

Minhas mãos suaram frias na entrada da boate, esperando que os seguranças pedissem o documento de identidade de todos nós..., mas eles não pediram, o que me deixou um pouco confuso ― mais tarde entendi que Lorien utilizou um pouco de sua futura herança molhando as mãos de alguns seguranças com gordas notas de euros.

Uma música da Rosalía tocava enquanto Bran, Delancy e Petra já me puxavam para dançar. Lorien e Peter foram cuidar das bebidas. A música agitada combinava com as luzes que piscavam. Havia uma quantidade razoável de pessoas no local, que não deixava muito lotado, felizmente. Tinha bolhas de sabão que iam e vinham por sobre as cabeças das pessoas.

Lorien e Peter voltaram com uma garrafa de tequila em mãos e mini-copos e os shotes rolaram. Não sou muito fã de bebida, mas bebi um ou dois copinhos antes de Bran pedir um copo de Coca bem gelada.

Talvez o ápice da noite nem tenha sido Lorien vomitar em uma lata de lixo perto do bar (definitivamente não foi isso), nem Petra fazer uma live bêbada em seu Instagram e sua prima, lá da África, ligar desesperada para saber como Petra estava... nem Bran que dançou agarradinho com alguns mexicanos e sim a paquera de Delancy.

O que falar desse lado de Delancy que eu não tinha visto até então...?

Ela disse que ele se chamava Raúl (nota: eu e o resto do pessoal vimos tudo de longe). Raúl pagou uma bebida para Delancy, mas eles não falavam a mesma língua. Foi a amiga de Raúl quem traduziu que ele tinha gostado de Delancy, e se minha amiga aceitasse, os dois poderiam dançar juntos. Então eles dançaram, e a única coisa que Raúl soube falar, uma pergunta ainda, para que Delancy entendesse: “Posso te beijar?”

E BUM!

Ali estava, Delancy Markovisk beijando um latino bonito pra caramba no meio da pista de dança.

“Kyle?”

Pisco e olho para Peter que sorri ao meu lado dentro da van.

“Você estava viajando” ele continua com o sorriso no rosto, e vejo que só sobrou nós dois dentro do veículo, “Tudo bem?”

Diário de Férias de Kyle Langford | EM PAUSAOnde histórias criam vida. Descubra agora