Mesmo sem te conhecer

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CAPÍTULO IX

Narrador Onisciente.

Mesmo sem te conhecer

O loiro sentiu seu coração disparar e a esperança tocar sua alma. Em um ato desesperador Yamada se levantou de seu lugar, pegou a mochila que levava o violão e colocou em suas costas e saiu em disparada deixando até mesmo a pobre garçonete que estava quase dormindo em pé assustada.

Quando Hizashi saiu do lugar, avistou o moreno que estava sentado em um banco logo na esquina da outra calçada, possivelmente era o banco que ele havia pedido no bilhete para os dois se encontrarem.

O cantor estava tão nervoso, porém, ao ver uma das cenas mais encantadoras de sua vida sentiu seu coração acalmar e a adrenalina do medo sumir. Era a paisagem mais gostosa de se admirar, o moreno brincava com o bichano que antes estava segurando em seu colo com tanta doçura e delicadeza que fez Yamada ficar total hipnotizado observando aquela imagem, até o momento em que foi retirado de sua distração pelo barulho de buzina do carro que estava vindo bem em sua direção e quando percebeu, estava bem no meio da rua prestes a ser atropelado por um carro em alta velocidade. O loiro tentou se mover, mas não conseguiu, estava totalmente paralisado, suas pernas não estavam colaborando.

Aizawa se deparou com o loiro parado feito idiota ao centro da rua e repentinamente se levantou de seu lugar e correu em direção a Hizashi, o floricultor puxou-o fazendo o cantor quase cair em cima de si próprio. Yamada ficou surpreso, ainda não estava crendo no que havia ocorrido vendo aquele moreno tão perto de si.

— O-obrigado — falou o loiro aos gaguejos e totalmente vermelho.

Os dois homens se sentaram no banco, Hizashi totalmente perplexo, retirou o violão de suas costas e colocou encostado ao lado do banco.

O loiro estava ainda pasmo com o que acabara de acontecer, tinha como acreditar que havia sido quase atropelado por um carro? Já Aizawa, totalmente ao contrário, nem deu muita importância com o ocorrido, como o de se esperado, sendo que dificilmente se impressionava com algo, ou seja, apenas chamou o pequenino animalzinho para deitar em seu colo e começou a acaricia-lo observando as estrelas.

— A noite está tão linda, não acha? — argumentou o moreno.

— Am, sim, acho que sim — respondeu Hizashi acordando aos poucos para a realidade.

— Sabe, fiquei pensando no que você me disse está manhã e mesmo sabendo que é algo muito pessoal queria saber quem é a pessoa que você está tentando provar algo — perguntou o floricultor ainda com o olhar admirado com o céu da noite.

— Meu pai — argumentou o loiro sem nem uma emoção, algo incomum saindo da parte de si.

— Você também me disse que ele te menospreza. Porque ele faz isso? — questionou Aizawa franzindo as sobrancelhas e olhando para Hizashi.

— Sinceramente, eu não faço a mínima ideia — o homem que sempre foi tão sorridente fechou totalmente o sorriso que antes estava estampado em seu rosto e deixou que a tristeza o consumisse totalmente.

Shota vendo o que acabara de fazer se culpou totalmente.

O floricultor suspirou, tinha que desfazer aquilo que causou no loiro se não iria carregar aquela culpa o resto de sua vida.

— Mesmo não sabendo absolutamente nada sobre quem é você, tão pouco por onde anda, mesmo assim, dez da primeira vez que te vi percebi que há algo dentro de você que o força a abaixar sua voz, como se você pudesse sentir que tem menos importância que os outros, que não merece ser ouvido. Isso envolve uma dúvida de anos atrás, não validando seus sentimentos e pensamentos como eles merecem e isto está o prejudicando agora, no seu presente. Então eu quero te dizer algo. Não deixe que qualquer obstáculo cruze seu caminho e o impeça de realizar seus sonhos. Siga em frente, vá além — esta era mais uma das maiores qualidades que Hizashi encontrou em Aizawa, sua grande habilidade de falar palavras medidas de ponta a ponta e certificadas que serão inevitáveis a solução.

O floricultor quase nunca abria a boca para falar algo, mas estava apenas guardando as palavras certas para os momentos certos.

Logo o ônibus que o moreno estava a espera chegou e Shota suspirou um pouco triste por ter que partir, mas sem dúvida alguma, aquele dia tinha ganhado de todos os outros. Shota segurou firme o filhote que agora era considerado como seu e se levantou, porém antes de entrar no automóvel se virou para o loiro e olhou fixamente para o cantor.

— A Deus. A qualquer momento da vida — falou aquele que por um momento sorriu e após isto entrou no veículo que rapidamente partiu deixando Yamada sozinho.

O loiro ficou chocado com as palavras do floricultor e até mesmo incentivado a seguir com sua meta. 

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